Antes de conhecer meu personal trainer achava que conhecia a dor. Quando treino três exercícios sem parar em três aparelhos diferentes, a dor é tal que fico envergonhada de não conseguir dar dois passos seguintes até chegar ao próximo exercício e bebo uns quarto goles de água pra disfarçar. Aí, olho pra minhas pernas, entre um palavrão e outro (não gosto de falar palavrão, mas depois de um treino de quadríceps pode), as coitadas das pernocas tremem tanto que parece está apaixonada, mas percebo que estão cada dia mais enormes. Posso ver o músculo definido, tudo bem está ficando bonito de se ver. São os resultados aparecendo.
E quando você acha que a dor vai passar, nas próximas 24 horas a dor aumenta, e já nas 48 horas quase não consigo andar. Não é chato, não é monótono. Todos os dias faço novos exercícios, mas a dor continua grudada no tecido muscular. Meu treino é tão intenso que me rasga o músculo, tão grande que me faz crescer, tão forte que deixa as minhas pernas trêmulas – o estranho é que quando termina, sinto falta da dor. A preguiça perdeu a graça. Descanso só se for para o músculo se regenerar. Quando a semana de treino termina, já penso na segunda que reinicia tudo outra vez.
Diante de tanto sofrimento, há quem desista e quem continue firme. Quem coma hamburguer com batata frita e quem coma frango com batata doce. As pessoas que criticam as outras, não dão um passo sem dizer algo que na realidade gostaria de ser. Mas talvez não entendam que o mundo fitness não é somente “ a busca por um corpo perfeito”, isso é consequência. Só quem pratica irá provar o gosto de vencer.
A verdadeira dor é não alcançar seus objetivos. Isso dói muito mais. Treinar é tornar seus sonhos realidade. É ter força, foco, fé, determinação. É muitas vezes ultrapassar seus limites e perceber que ainda não ultrapassou. É desafiar a si próprio. Conhecer mais o seu corpo, a sua anatomia e a sua força interior.
Mesmo com muito suor e fadigação, confesso que depois que você começar a treinar com um personal trainer você não quer mais malhar sozinha. Estou treinando há dias, ao lado de uma pessoa que, além de guerreiro e vencedor, não me deixa desistir. Hoje, eu adoro musculação, apesar da dor, meu descanso de quarenta segundos entre um exercício e outro é de muitas risadas e o resultado é recompensador.
O dia fica sem graça quando, por algum motivo, meu personal trainer Felipe Pinto não vem.
(continua)
Texto: Lai Guedes
Fotografia: Felipe Pinto
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