sexta-feira, 28 de junho de 2013

ATRAÇÃO INCONTROLÁVEL

Fazer o que se eu não resisto, 
meu corpo já não consegue controlar esse ritmo,
nessa noite quero bailar contigo.
Essa vida que me busca, 
e de repente me pego novamente aqui entregue a você.

Desta vez não estou ensaiando,
estou apenas sentindo teu corpo suado,
transpirando esse desejo ardente que vai me levando,
e caio em tentação outra vez.
Se isso não é paixão, é uma música caliente,
e eu me entrego toda ao ritmo de nós dois.

Me envolve no teu corpo,
me apertada como uma dança a dois,
a sois, num só corpo.
Eu não sei, mas creio que vai começar a tocar,
meu corpo te chama como um ímã,
e eu não posso controlar.
E essa noite vai ser mais um castigo,
meu corpo te busca através de uma atração incontrolável.

Texto: Laila Guedes

quarta-feira, 26 de junho de 2013

É SÓ CHEGAR JUNTO


Acordei agora bem disposto
Com vontade de gritar
Ei, acorda você também
Levanta, e vem pra rua se juntar 

Chega de contar centavos 
E acreditar em papo furado
Quero um digno salário
Quero saúde, educação, transporte público
Quero um país justo, mais humano
E muito mais, quero o que é meu de direito

Se eu sair e gritar por aí
Nas ruas, esquinas
E se todos juntos chegarem
Para ver o nosso país mudar

E se me virem reclamando
Até de baixo de porrada
Sem desistir, acreditando sempre
A nossa força pode ser ainda maior
É só chegar junto e se juntar

Vou tirar a minha blusa
E por na minha face sofrida
Vou derramar lágrimas
Em Verde e Amarelo
Só pra ver o Brasil mudar

Não adianta abafar
Nem fingir que nada está acontecendo
Nosso caso é passado
E vai muito mais além do que os vinte centavos

Se você tem algo à declarar
Vem pra rua, vamos lá
Assim bem unidos
Quem sabe o mundo inteiro
Resolva nos acompanhar
Nós todos juntos podemos mudar
É só chegar junto e se juntar


Texto: Laila Guedes
Fotografia: André Fernandes

O QUE FOI MATA, MAS O QUE FICOU MATA MAIS AINDA

Eu gosto de deitar no peito do meu pai quando ninguém percebia o que eu mais precisava naquele momento. E pouco me importa, já que sei de tantas coisas dele.

Eu sei que ele acorda mais cedo e escova os dentes e, retorna a cama para acordar novamente com um hálito bom. Eu sei que prefere o lado esquerdo da cama, e que seu travesseiro tem que ser o de pena de ganso.

Eu sei que ele se faz de durão, mas o seu coração é o melhor do mundo e sei quantas pessoas ele ajuda sem ninguém saber disso. Eu sei que ele transpira muito, e por isso toma mais de dois banhos por dia.

Eu sei o que o olhar dele diz quando foca no preto dos meus olhos, sem dizer uma única palavra. E assim eu sei tudo que pensa de mim, e porque sempre deu mais presentes aos meus irmãos do que pra mim e, disso, só eu sei.

Eu sei que ele chorou muito quando sua mãe morreu e aquela dor foi tão forte que fez ele desabar. Eu sei que ele sentiu medo de morrer a primeira vez que seu coração parou de bater, que ele tem muito cabelo dentro do ouvido e corta sempre que cresce demais. Eu sei que depois do primeiro infarto ele começou a andar na orla, emagreceu, que parar de fumar é difícil, e que sua saúde tornou-se impecável depois disso. Ainda assim, sei o que foi mata, mas o que ficou mata mais ainda.

Eu sei que ele só senta à cabeceira da mesa, que comi tudo misturado, macarrão, arroz, farinha, frango, e o cozinho de domingo ele come na própria travessa. Eu sei que ele gosta de ir ao Pit Stop comer pastel de camarão e que, para ele, tudo fica melhor com pimenta.

Eu sei que ele tem a unha do pé tão dura que dá trabalho de cortar, e que não consegue cortar as unhas da mão direita, e por isso pedi ajuda. Que prefere mulher morena, mas casou com uma loira.

Eu sei que ele trabalha muitas madrugadas quando precisa, e detesta chegar atrasado nos compromissos. Que, se é de grau, ele prefere Ray Ban e, se é escuro, Vuarnet.

Eu sei que ele tem uma caixinha transparente com divisórias dos dias da semana para organizar todos os seus remédios, que aumentaram mais ainda depois que sua doença chegou.

Eu sei que ele dirige colado no carro da frente e que gosta de reclamar, implicar, xingar e seu temperamento forte e explosivo faz ele brigar por tudo, e na mesma hora se arrepende, e arruma uma maneira de se desculpar.

Eu sei que quando ele me dar carona, vai falando daqui até o destino, de como conduzir tudo de uma forma mais sábia. Também sei que toda vez que eu sair tenho que passar antes no quarto dele para fiscalizar a minha roupa, porque filha sua não sai de casa com roupa indecente. Que ele tem ciúme quando minha mãe vai trabalhar toda arrumada e perfumada.

Eu sei que o maior sonho dele é ter um filho homem. E ele torceu para que eu nascesse um menino, para ele poder chamá-lo do mesmo nome. Mas eu sei que, quando eu nasci, ele sorriu mesmo assim.

Eu sei que ele gosta de whisky com água de coco, ou só com gelo, tanto faz, ele gosta mesmo é de whisky. Que bebe cerveja também, quando está fazendo muito calor. Gosta da sua casa, de estar entre amigos, na gaiatice, paquerando até minhas amigas.

Sei que ele não se importa com roupas de marca cara, mas o perfume tem que ser o que ele gosta, independente de quanto custar. Eu sei que ele é apaixonado por carro, mas não hesitou em vender e ficar sem carro por um tempo, para poder comprar a nossa casa. Sei que ele trabalha numa empresa de engenharia, que nunca se formou, mas entende muito mais do que qualquer engenheiro formado.

Eu sei que ele já bateu o carro porque se distraiu olhando uma mulher gostosa desfilando na orla. Eu sei que é torcedor do Bahia doente, e eu torcedora do Vitória só pra contrariar, mas nunca deixou de me amar por conta disso. Eu sei que ele escuta música enquanto molha as plantas no jardim. E escova o pêlo dos cachorros com o maior cuidado.

Eu sei que ele gosta de deitar sem camisa, só de samba-canção e, que, dobra o braço direito e coloca atrás da nuca enquanto o esquerdo repousa sobre a barriga. Eu sei que ele, assim como eu, tem dificuldade em demonstrar o que senti. E só dizia eu te amo quando eu insistia muito. Mas eu sei que, mesmo em silêncio ele me ama muito mais. E eu ainda sei muito mais coisas dele, que se continuar escrevendo daria um livro, então irei dizer uma última coisa.

Sei que ele já faleceu, mas falo no presente porque ele é mais que presente, dentro de mim ele é vivo. Deve ser por isso que eu retorno sempre para o lado esquerdo da cama dele, deito e sinto a alma dando sinais explícito de amor verdadeiro. Retorno para a minha cama onde deito sempre do lado direito e deixo o esquerdo vazio.


Texto: Laila Guedes

VOLTA, VEM PRA CÁ

Hoje eu lembrei de você
Das vezes em que riamos juntos
Comendo um sanduíche
Ou qualquer coisa assim

Esse sentido que ainda está em mim
Cresce tanto e eu queria poder te dar
Todo esse sentimento que guardo aqui

Vem, fica só um pouquinho
Deixa eu descansar minha cabeça no teu peito
Podemos voltar ao início
Ou recomeçar tudo outra vez

Vem, chega, faz um carinho
Pouco importa aonde a gente parou
Aonde a gente errou, se é que errou
Vamos voltar a nos juntar

Vem, chega, faz um chamego
Quero apenas, continuar
Mas nem sei onde paramos, se é que paramos
Do início pro meio, do meio pro final
Se é que existe meio, início ou final

Então, volta
Vem ficar comigo
Deixa eu me encaixar em você
Do jeito que só a gente entende

Todos os sinais parecem dizer que você voltou
Então chega junto, vem pra cá
Vamos voltar a ser apenas um
Huuummm... Volta, Vem pra cá



Texto: Laila Guedes

sábado, 8 de junho de 2013

EU GOSTO DE RAY CHARLES, ROBERTO CARLOS E ABARÁ

Ontem choveu muito numa noite mal dormida. E hoje acordei escutando Ray Charles. O sol raiou num céu azul sobre a capela F. Voltei a ser menino de pés descalços. Voltei a ser bebê frágil, precisando do seu colo para eu deitar. E agora, quem vai reclamar comigo toda vez que eu errar? E quando não restar mais ninguém, quem irá cuidar de mim? Já sinto saudade. Antes eu apenas sentia falta do costume, e chamava isso de saudade. Mas hoje sei o que é a saudade eterna, o que sinto agora que chega apertar no meu peito e me falta o ar. Essa falta eu não vou me acostumar, sei que não vou. Levantei por um instante os meus olhos para o céu que rapidamente se encheu de nuvens, e choveu lágrimas em tantos olhos. São momentos assim que a gente percebe tantas coisas. Por que ninguém é tão forte quanto parece ser.  E o meu olhar que era forte, hoje é um olhar que chora. Por que será que a gente tem o péssimo hábito de deixar pra fazer depois o que podemos fazer sempre. Queria mais tempo, queria te ter entre nós por mais tempo, só mais um pouquinho de tempo, nem que fosse um segundo a mais. Eu quero o meu abará que só você sabe fazer. Quero te ver xingando todo mundo por aí. Quero tudo, o bom e o ruim, as qualidades e os defeitos. Quero o amor mais sincero, o meu herói, o meu ídolo, o meu exemplo, o meu orgulho. Aquele que sempre conduziu tudo tão bem, de um jeito tão especial. Quero tudo de volta pra mim, quero você de volta, então volta. 

Só agora entendo todas às vezes que Roberto Carlos cantou  "Eu sei que vou chorar... A cada ausência tua eu vou chorar... Eu sei que vou sofrer... A eterna desventura de viver... À espera de viver ao lado teu... Que eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida". Eu sei, eu sei... Não consigo controlar os olhos que se enchem d’água neste momento,  o caixão se fecha, é aí que a gente pensa que nunca mais irá ver aquele sorriso no olhar novamente. Mas ainda tenho a esperança que me conforta agora de que a alma não morre jamais. E aqui dentro chove muito mais forte, tantas lembranças, tantos momentos bons e bem vividos, tantas emoções, por que sempre existiu algo mágico entre nós. Eu gosto de Ray Charles, Roberto Carlos e Abará.



Texto: Laila Guedes

quinta-feira, 6 de junho de 2013

É QUE MEU VIOLÃO TEM UM GOSTO BOM


Eu queria que você conhecesse o meu violão
inclusive a capa preta que o protege, e por dentro é toda forrada de veludo vermelho
lá eu guardo a palheta e algumas cordas extras.

Eu quero sentir você tocar o meu violão

escutar a nossa música e depois dançar juntinho
e aí aumenta o som, faz de mim a sua melodia.

Eu queria que você afinasse o meu violão

trocasse as cordas quando alguma por ventura se quebrar
eu queria que você passasse a mãono meu violão
e na minha pele molhada.

E queria que você sentisse o gosto do meu violão

passasse a língua em toda a minha alma
pra nunca mais esquecer essa canção
e o gosto do meu violão.

Eu queria mesmo que você tocasse qualquer tipo de ritmo

que fosse o meu solista exclusivo
mesmo que desafinasse e eu já estaria embriagada.
É que meu violão tem um gosto
E eu queria que você provasse.

Eu queria mesmo é que você fosse o meu maestro

que você me levasse,me conduzisse, me regesse
daqui até o fim da apresentação.
Eu queria a orquestra inteira, eu queria o coro,
mas a gente só tem acordes.

Não sei se o nome é  concerto,show, ensaio,

se é isso o que chamam de musicalidade.
Se é ritmo,
barulho, somou só silêncio.
Mas que eu queria,
eu queria.

Texto: Laila Guedes

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Sem Chão 19

Todos querem tocar os céus
Chegar ao topo, ao ápice, apogeu
Mas, na grande maioria, o medo vem a calhar
E acabamos no conforto da ilusão de um lugar temporariamente bom

A dúvida, a incerteza, a inconstância
O vai e vem da vida
A roda que gira e joga toda água pra cima
No cume que há limo, quem caminha, escorrega e cai

Os medrosos correm tão rápido que tropeçam em si mesmo
Ou se arrastam tão devagar que o coração pára de tocar
Pessoas assim, quase sempre, trocam a liberdade por prisões
Viver em gaiolas nós traz uma falsa segurança
Certeza essa que se iludi no berço da imaginação

Segurança de que? Certeza pra que?
Somos regras de uma lei que nem existi
Me poupe desta perda de tempo
Vamos nos permitir Viver
Apostar na vida sem medo de ser feliz
Vamos nos envolver
Eu quero o amor de verdade
Os sorrisos sinceros
As palavras honestas
Momentos simples e puro

Cansei de gente hipócrita pregando moral e julgando o que desconhece
Chega de discurso tolo cheio de melosas mentiras
De gente se fazendo de santa, decente, pura e casta
Eu não quero saber desse povo desleal, desonesto, infiel, mentiroso e infame

Eu quero gente da gente
Eu quero escutar as duras palavras francas
Quero deitar num colo tranquilo
Na espontaneidade de cada um de nós
Eu quero me lambuzar de amor
Sem medo de cair
Sem medo de se machucar
Sem medo de errar
Cair, se machucar e errar são inevitáveis
Por mais que se tente, a perfeição não são vestes de nenhum de nós

Vamos ser diferentes do que se tem visto e ouvido por ai
Não sinta-se acanhado ao ser visto como louco, doido, ou um completo idiota
E, então porque não deixar a sua loucura sã perambular por ai de vez enquanto
Já que a lucidez se fez insana tantas vezes
Será que ainda não percebeu que esta briga você irá perder sempre
Cai na real, a vida foi feita para ser vivida
Na intensidade das suas maiores e melhores emoções
Seja elas tristes ou alegres
Não se culpe, nem se exija tanto assim de si
Troque tudo por umas boas risadas
Aquelas do tipo que você rir sozinho de si mesmo
E por que não sorrir para os teus próprios fracassos?
Se Caiu, levanta e faz melhor, bem melhor
Esquece o que o outro diz e faz do seu jeito agora
Pois, o sucesso só virá no dia em que souber derramar as lágrimas da tua alma
Assuma para ti a sua fraqueza, aquela que pertence apenas a você
Tem coisas que ninguém precisa saber, somente você
Seja o seu melhor amigo
Abra o jogo pra si mesmo
Confesse, assuma, fique despido cheio de lágrimas
Não alimente os arrependimentos
Deixe eles passarem fome
Com o tempo eles irão morrer, um a um
No vazio há lugar pra tantas coisas

Somente na ausência da certeza é onde realmente nos tornamos livres
No reencontro com você mesmo, no seu íntimo
Aonde somente você sabe de certas coisas
Aonde tua alma grita e releva o teu eu mais corajoso

Pois bem, se somente é o que se senti
Somente os loucos se jogam num abismo sem nem olhar pra baixo
Somente os corajosos encaram um vôo sem nem verificar se tem asas

Pois bem, se somente é o que se senti
Vai acabar descobrindo que você é bem maior do que tem sido
E quando a tua alma não couber mais dentro de ti
Se tornará tão leve ao ponto de voar

Pois bem, se somente é o que se senti
Vai perceber que não precisa mais de segurança, certezas
Agora que aprendeu a dar as mãos à Deus
Comece a voar sem chão



Texto: Laila Guedes

domingo, 2 de junho de 2013

ELA VAI DE SAIA


Não há nada de sexo frágil
Há um mistério surpreendente que vem de dentro pra fora
Muito mais complicado, porém bem mais divertido
E nesse universo vou me perdendo e me encontrando
Enxergando muito de poucos e poucos de muitos
É como caminhar na sombra e na luz
É o necessitar de alguém com a certeza de que precisamos apenas de nós mesmas
É um querer mais na certeza de que temos tudo
É uma simplicidade complexa que não se explica, não se entende, mas é quase sempre apaixonante!
É um ser, um ser Mulher...
Amar e Desejar
É preciso ir e vim
E muito mais, bem mais
Entender pouco do muito que há em nós
Pois, pouco importa se esqueceram de nos dá amor
Lágrimas de cristais
Mulher Guerreira, de lutas e batalhas
É um vem e vai
Ela vai, ela vai de um canto a outro encanto
Eu sou, sou filha dela
E eu vou... vou seguindo de braços abertos
Abençoa, Santa Bárbara. Abençoa!
**Foto feita por André Fernandes Imagem(http://andrefernandesimagem.com.br/) na festa de Santa Bárbara 2013 - Salvador/BA.

* Poema: Laila Guedes