quinta-feira, 30 de julho de 2009

O bolo, que delicioso

O bolo, que delicioso.
Tem bolo de vários sabores, cores, formas e tamanhos.
Bolo de coco, de chocolate, de leite, de milho, de cenoura, de abacaxi, de limão, de fubá, de carimã, de tapioca... é bolo que não acaba mais.
Bolo de casamento, de aniversário, de batizado, de noivado, decorado, artístico, infantil, adolescente ou adulto.
Bolo solado, torto, quebrado, queimado...
Seja pequeno, grande, extra grande, ou mini bolo.
Existe até bolo de bolo.
E nem venha me dizer que você nunca ganhou ou provou um bolo.
Huuummm... mas que delicioso é o bolo.

O bolo mais famoso,
é bolo de aniversário.
Todos olham para o bolo.
As velas acesas sob o bolo.
Todos ao redor, aplaudindo o bolo.
Ao final, todos querem, pelo menos, um pedaço do bolo.

Lá está o bolo, que delicioso!
Tem gente que não aguenta ver um bolo.
Sempre que vê, quer um pedaço, uma fatia que seja.
E logo corre para enfiar os dedos no bolo,
fazendo a boca salivar de desejo.

Do forno ao banquete.
Com recheio ou sem recheio.
Seja doce ou salgado.
Sem cobertura ou disfarçado.
O bolo que é bolo,
tem que ser bolo.

Seja qual for o bolo,
há sempre alguém de olho no bolo.
E pouco importa se irá sumir.
Depois do último pedaço,
ainda resta farelos.
E, não é que tem gente que gosta de farelos.
Se lambuzam todo, enchem a barriga,
até os dedos lambem.
E depois, ainda reclamam que estão fofinhos.
Pois é, encontra-se cada bolo por ai,
que eu nem te conto o bolo que é.

O bolo é o bolo,
que delicioso!

São só dizeres e mais nada

Do que adiantas eu dizer,
pura e simplesmente o que sei,
o que sinto e o que vejo.
E de que adiantaria,
se você não compreende!

O que parece estranho pra você,
é tão corriqueiro pra mim.
Minhas explicações,
insinuações e aparições,
podem te causar espanto.
Não queira saber,
de nada irá entender.
E podes até proliferar.
Vejas bem, antes de dizer o que não entende.
Pois, já ouvir deturpações voarem.
Cuidado, não vais dizer por ai,
o que eu nem quis dizer.

Sou eu o mágico de minha vida,
assim como você é da sua.
Eu faço aparecer e desaparecer.
No truque que aprendi.
Eu posso até está aqui,
e num passe de mágica,
estarei invisível aos seus olhos.

Não que eu deseje que tu não me vejas.
Esse feitiço foi bem você quem criou.
Eu apenas aprendi a usá-lo.
Algumas vezes,
até mesmo sem perceber,
você vai e volta.
Isso é mágica?
Isso é truque?
Ou isso é vertigem?

Recordo-me da vez em que esteve ao meu lado.
Tão distante que quase não conseguia vê-lo.
Tocá-lo?
Jamais.
Isso é para poucos.
E eu sou um nada refletido em seu olhar.
Se pequena me vê,
pequena serei pra você.

Mesmo ao meu lado.
Você estava sem estar.
Olhava sem enxergar.
Gritava sem abrir a boca.
E o que farei, se assim desejar?

Podes ir.
Tu és tão livre.
E continua no mesmo lugar.
Roda, roda, sem parar.
E volta para o mesmo lugar.

Não percebes que já deixei você ir,
mas continua aqui.
É bem por fim,
que irei por um fim,
dizer que nada aqui tem fim.

Que tudo o que vale,
não é o que se tem.
É o que acreditamos ter.
Dentro de cada ser,
há o nosso entender.

Então, por favor, não me pergunte mais nada.
Você nada entende.
E não entende nada.
Pra fazer você compreender.
Não direi mais só por dizer.

Falamos línguas diferentes.
Apesar da mesma nacionalidade.
Será que não entende?
É, não deves está entendendo nada mesmo.
Sei que nem adianta traduzir.
Pois nem eu sei dizer,
o que quero dizer,
de uma forma que te faça entender.

Pois bem, dê as minhas palavras o significado que quiser.
Porque, isso pouco importa,
quando não se tem mais nada a dizer.
De um fim que nunca tem fim.
Por fim, enfim, só direis quando chegar ao fim.
Que tudo que quis dizer aqui,
são só dizeres e mais nada.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Só ela, somente ela!

Ela fingi não querer,
mesmo querendo morrer.
Ela fala que não quer,
mas na verdade é o que mais quer.
Morrer, morrer... e morrer!

Nada contra o nada,
mesmo desejando mergulhar.
Esse mar que é seu,
sempre será seu mar.
Mergulhar, megulhar... e mergulhar!

Estranha até suas próprias estranhezas,
mesmo negando-as tantas vezes.
O simples pode ser, pra você, o mais difícil de compreender.
Mas ela não quer que você entenda,
o que ela quer mesmo é complicar mais.
Complicar, complicar... e complicar!

Ela reclama sem parar,
mesmo sem motivo para reclamar.
Nem eu que sou dela,
não sei te dizer quem é ela.
Somente sei dessa loucura que é ela.
E o que gosta mesmo é complicar, reclamar e negar.

Sei também o que não se pode contra ela.
Portanto, não desejem que ela pare.
Muito menos, peça que essa sua loucura se acabe.
Acreditem.
Se isso tudo deixar de existir,
é problema na certa.

Não vá cutar,
deixe assim como está.
Muito mais que tantos,
vivem eternamente com ela.
E são tão felizes.
Mesmo sem saber quem é mesmo ela.
Mesmo sem entender essa sua loucura de viver.

Às vezes ela nem quer ser ela,
sem saber que ela é mesmo ela.
Mas, acreditem.
Ela só quer amar.
E se possível,
ainda ser amada.
Ela quer mais que tudo.

E nem venha me perguntar quem é ela.
Ela é ela, e pronto!
O essencial basta.
Só ela, somente ela!

Sorrisos talvez!

Aqueles que me olhavam ontem.
Já não me enxergam mais.
E será que me viu passar?
Talvez, acredite que estou no mesmo lugar.
Talvez, me vejam sem me sentir.
Talvez, talvez... talvez!

São tantos risos.
Se não entendem, sorrisos.
Se não me vêem, sorrisos.
Se finguem não me querer, sorrisos.
Somos dois palhaços sorrindo.
Sorrisos, sorrisos... sorrisos!

A gente não se entende.
Mas eu o sinto.
E ele me sente.
Sentimos, sem nos entender.
Sentimos algo que talvez nem tenha nome.
Talvez, eu vá pra longe.
Talvez não.
Talvez, talvez... talvez!

E o que importa hoje?
O que me importa?
O que me suporta?

Dobre ao meio.
E verás do que falo aqui.
Talvez veja sorrisos.
Divididos nunca.
Juntos em tempos separados.
Dobre e verás.
Talvez sorrisos.
Sorrisos talvez!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Só o coração pode escutar

De olhos fechados,
loucos de paixão,
muita irreverência,
e nada de solidão,
as almas só brilham cada vez mais.
Os corações sorriram,
choraram de pura emoção,
sentiram o mais puro de cada ser.

No afã do entusiasmo,
por algumas vezes o amor é erroneamente cantado,
meio de maneira contraditória,
ilusória e tão sofredora.
Fiquei contemplando todo aquele silêncio,
que poucos sentem,
para escrever que emoções tão ruins,
não podem e não devem ser provindas do mais puro amor.

É bem por isso que...
Poucas pessoas sabem amar.
Outras têm medo de amar.
Algumas amam sem saber.
Muitas não querem amar.
E raras são as que realmente querem só amar.
Sem saber que o melhor da vida é deixar o coração tocar.

Os amantes desse ritmo.
Os amantes dessa melodia.
Os amantes dessa música.
Os amantes dessa vibração.
São os amantes de coração.

O coração é puro amor.
Em música.
Em canção.
Num só refrão.
Desta vez,
não é ilusão,
o ritmo é o amor.

Quem ama, chora.
Quem ama, sente.
Quem ama, se emociona.
Quem ama, se permite.
Quem ama, canta com o coração.

E quem nunca sofreu por amor?
Nunca escutou o seu coração chorar.
Pois o amor cantado,
só o coração pode escutar.

... escute o som que vem do coração ...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Procura-se um olhar (quase um espelho)

Procura-se um olhar tatuado.
Um olhar de alma tatuado num braço.
Um olhar de gente grande, porém infantil.
Um olhar que só consegue enxergar com carinho,
com dedicação, com encanto e admiração.

Procura-se um olhar errante.
Um olhar que não cansa de errar
e nem sente vergonha por isso.
Apenas erra e aprende a enxergar.
Porém todas às vezes que errou foi com sentimento.
Um olhar que não senti culpa em não ter visto,
em não ter percebido,
em não ter enxergado algo que estava bem na sua frente.
um olhar que erra,
um olhar que peca,
mas erra com sentimento.

Procura-se um olhar raro.
Um olhar que jura já ter visto amor sincero.
Um olhar que registra almas num instante.
Um olhar que congela a gente,
e ao mesmo tempo nos aquece de afeição.
Um olhar que sabe dançar,
entre o cotidiano e o sublime de cada ser.

Procura-se um olhar penetrante.
Um olhar que não embaça.
Um olhar que não passa despercebido,
há sempre algo que emociona esse olhar.
Um olhar carente,
Que carece de ver muito mais além.
Um olhar que penetra e chega fundo.
Um olhar que eterniza emoções, sensações e situações.

Procura-se um olhar envolvente.
Que por algumas vezes já fez alguém perder o juízo.
Um pouco violento eu diria.
Aquele olhar de testa franzida,
meio nervoso,
que acaba com tudo em instantes.
Mas que logo olha com aflição e arrependimento.

Procura-se um olhar decidido.
Que não desiste,
e mantém o olhar sempre fito para o futuro,
sendo ao mesmo tempo tão recente e presente,
cheios de emoção e satisfação.
Um simples olhar.

Procura-se um olhar
Um olhar de fotógrafo sempre é um verdadeiro olhar.
Um olhar que refletem um pouco de tudo,
um pouco de todos,
e um tanto de si mesmo.
Um olhar que só quer olhar e olhares.
Um olhar cúmplice da arte que o torna vivo.
Um verdadeiro olhar é o olhar entre as lentes e as almas!

P.S.: Este texto eu dedico ao meu grande amigo e fotógrafo de minha alma: André Fernandes. Te Amo meu Dé!!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

EUFORIA SUFOCADA

Antes de contar a todos o que aconteceu num quarto escuro, onde a luz éramos somente nós dois, tenho que confessar que meus pés agora só caminham ao encontro dele. Ontem até me desentendi com ele, sem ao menos ele saber. Meio estranho de entender, mas dei uma daquelas crises de não querer o que se quer. De evitar o inevitável. De tentar fugir do que mais te prende. De querer perder algo, pelo simples fato de não ter mais o que fazer. Pois é, ontem eu dei uma dessas crises, tão comum como a gripe depois de um banho de chuva gelado. Apaguei toda e qualquer palavra, joguei ao vento como se joga fora uma oportunidade de ser feliz. E passei o dia inteiro chuvoso. Eu bem que tentei me distanciar do prévio problema, mas eu pareço ser motivada por problemas a serem solucionados. Sempre vejo esses problemas como meus desafios. E eu particularmente, adoro ser desafiada. Ah! Como eu gosto... então vamos a solução, ao desafio, ou como queria chamar essa sensação. E meio soluçando de tanta energia boa e felicidade que transbordarei aqui esse caso, ou teria sido um acaso?

Não sei onde começou. Se é que isso teve um começo aqui. De fato nos conhecemos, só não me recordo de onde nem de quando. Existe muito carinho para tão pouco tempo. É vontade de cuidar. É vontade de ver ele crescer. É um querer bem maior do que imagino sentir. É algo que não dá para explicar. Fico feliz com sua felicidade. Dono dos meus melhores risos. Proprietário de todos os meus beijos. Responsável pelo bem que cresce em mim. É o zóim pequeno. Esse olho que não quer abrir. Ele me olha e fala ao mesmo tempo. Ele não imagina o que significa. Não sabe quem eu sou. Posso parecer séria, misteriosa e metida. Mas eu sinto. Sinto que já estivemos juntos. Eu conheço seu abraço. Esse calor é seguro. Essa proteção é de outro mundo. Quando me distraio. Ele olha. O telefone toca e ele fala. Eu sou toda sorriso. Ao meu lado hoje ele está. O zóim pequeno, a me olhar. Um olhar que analisa, brilha intensamente e agoniza. Um grande homem, ainda de olhar pequeno. Pequeno e grande ao mesmo tempo. Tem tudo pra ser quem desejar ser. Os olhos pequenos são puro disfarce. Ele enxerga além do que imagina. O telefone toca. Ele fala. Ah! Como o telefone toca. E eu só observo. Esse seu jeito surpreende, encanta e fascina. Mas ele não deve saber o que mais me encanta são seus olhos. Zóim pequeno. Um brilho. Um domínio. Um pecado de mim. Esse olhar me faz sorrir. Me faz bem. Me faz seguir feliz. Como brilha e irradia por todo o meu ser. Esse ar de bom moço desmancha meu penteado. Deixa a vida louca em curto espaço. Quando bebe os olhos ficam ainda mais pequeninos. Ele me olha como se já me conhecesse há anos. Ele parece querer ler minha alma. Eu sinto. Ele ver. Estou nua sem perceber. A gente se abraça e tudo se encaixa. Aquele sonho não foi somente um sonho. Foi um encontro. Foi um desejo. Foi o que teimamos buscar em outro alguém. O telefone toca e a gente se encontra. Estamos juntos mais uma vez. Num abraço. Num tempo tumultuado. Sofremos com a separação de outros que já se foram. Imaginamos e criamos coisas incertas. Mas esse é o nosso momento. Quando o telefone toca, ele fala. E nada diz sobre o amor. Não sei o que ele pensa. Será que sente o mesmo que eu? Talvez seja cedo para falar. Ou tarde demais para seguir. O novo. O velho. Há um medo de viver. O coração deseja sem querer. Num impulso que me faz hoje crer que é você. O meu bem. O meu som. O meu zóim pequeno. Ah! Ele nem imagina. Como tudo é diferente de tudo. O telefone só toca e ele tem que falar. A saudade sempre irá reinar. Numa vontade de querer mais e mais. Eu sinto. Eu insisto. Eu persisto. Eu farei do tempo perdido uma vida sem dor. Eu quero o meu zóim pequeno. Ele é agitado, decidido e generoso. Eu meio envergonhada, falo através do meu riso de menina. O sonho se tornou realidade. O telefone toca toda vez que o coração acelera. E a gente pede mais. Eu quero muito mais. E ele só quer falar. Esse zóim pequeno sabe me olhar. Meu sorriso sente que existe algo maior. Nem sei qual o seu nome e o meu pouco importa se sou um sorriso apaixonado por seu olhar.

Chovia muito, havia arco-íris! Sol e chuva... chuva e sol. E um arco-íris gigante no céu azul de anil, o final do arco-íris terminará na profundeza de um mar que balançava junto ao embalo de minhas emoções. Passei o dia inteiro ansiosa, à noite eu iria revê-lo novamente. Desta vez eu sabia, mas o que sentiria ao revê-lo, isso nunca se sabe. E se tem algo que não dá mesmo pra prever são esses tais balanços. Às vezes até enjoou, e tudo sai da boca pra fora. Bate aquele alívio de descarrego, de livramento, como se tudo escorresse em um só momento. Mas voltando ao dia, que de certo não era dia de enjoou, era dia de acontecimento, de muito balanço. Tem dias em que chove demais, e faz aquele sol radiante, e isso tudo mexe demais com o mar.

Levei horas e horas com meu espelho, que me dizia coisas que me deixava mais insegura do que já estava. Troquei de roupa pelo menos umas cinco vezes, a ansiedade embrulhará meu estômago que eu não conseguia colocar qualquer tipo de alimento pra dentro a não ser vontade de reencontrá-lo mais uma vez. Sentia um medo incontrolável ao ver a chuva cair, era um dia de chuva forte, pingos finos que parecia cortar a minha alma em pedaços. Eu me tremia ao me sentir ensopada. Subi as escadas para reencontrá-lo, e eu só desejava um beijo ardente pra me aquecer daquele meu frio incessante. De vermelho vibrante, olhinhos pequenos e brilhantes, lá estavam, ele com seus olhos pequenos. Por uns minutos parei no tempo, imaginei milhões de situações. Desejei-o como nunca, meu coração acelerou e fez chover mais ainda. Eu estava ofegante, um pouco pela escada, e maior parte por avistá-lo antes mesmo de ele perceber o meu nervosismo, que era tamanho que me fez ficar com ar de invocada. Fiquei trancada no meu mundo, enquanto ele ria, se divertia, e distribuía alegria entre raios de olhares alheios.

Ali estava parada, estática, congelada. Nenhum movimento meu, além do coração que não parava um só segundo, ele tocava, ele acelerava e desacelerava. Ao som da chuva que respingava e alagava todo o meu ser, nos meus eternos segundos de tremor e insegurança, meio sem jeito, sem graça recebi um beijo na testa logo na chegada. Agora as minhas extremidades se petrificaram, havia tanto gelo que não tinha como não sentir tamanha frieza. Trêmulas são as minhas emoções ao vê-lo tão seguro de toda aquela emoção. Por alguns segundos até me perguntei se apenas eu sentia tudo aquilo acontecer. Eu sou toda silêncio ao vê-lo, desvio o olhar como tentativa de fugir do que está tão impresso no meu ser. Que idiota eu sou. Discutia e me questionava, só eu me ouvia. Eu era toda silêncio e ele é só barulho. O telefone não parava de tocar. Ele fala tanto, mas, de fato, eu não entendia uma só palavra do que dizia, eu nem ao menos sabia com quem falava, se comigo ou com o telefone. Havia muito barulho, eu só conseguia admirar o que eu mais desejara naquele momento, a boca que não parava um só segundo de se movimentar. Aquelas palavras corridas, pronunciadas com rapidez e precisão fazia movimentar todos os músculos de sua face corada e respingada de chuva. Ah! Como ele me parece tão seguro, de si, de mim, seguro de tudo. Eu sou toda silêncio. E ele é só barulho. Que palavras são essas? Do que ele fala? Sempre faço cara de que tudo entendo por amar esse seu jeito de falar. Ah! Ele tinha a boca mais linda num barulho que eu não entendia. E os olhos? Ah! Aqueles olhos tão pequenos. A boca e os olhos...os olhos e a boca. Sigular e plural, é o que move as palavras. Os olhos e a boca, não sei quem fala mais. Será que um cala enquanto o outro fala? Ele realmente era homem de boca e olhos pequeno. A boca olha e os olhos falam. E o telefone toca... a boca fala e os olhos olham. A boca e os olhos, falam e olham, olham e falam. E falam e falam!

Enquanto eu viajava no movimento de sua boca e de seus olhos, o meu silêncio me perguntará. A minha arte pouco importa para ele? Talvez ele não consiga enxergar tão bem o que meu silêncio diz, gritando, sussurando, uivando em seu olhar. Não entende a minha arte, não entende o que me arde. O meu silêncio não são palavras. E ele me parece entender somente com palavras. Por que o que sofre e o que arde, a solidão, a tristeza, já fez vista grossa a sua esquerda. Num passado tão distante que ele ainda teima em querer se tornar presente. Talvez por puro costume, ou por não entender. Mas isso pouco me importa, quem passa sai de mim e em seus braços irei cair tentada. Não sei bem quando, nem onde, nem o porquê. Mas sei bem o mal que me fará. Já me sinto tão entranhada nesse problema que nada posso fazer, senão me aventurar.

Recordo-me bem da última vez em que nos encontramos. O telefone tocou e ele falou palavras que me sulgaram rapidamente, me conduzindo sem controle ao seu encontro, quando percebi já havia caido sentada numa rua sem saída, onde o pecado é a porta de entrada. Mas ele não enxerga o que está bem na sua frente. E isso me deixa mais e mais cansada. Ai, como eu ando tão cansada! Às vezes penso, sempre em silêncio, mas eu penso que o meu algo não virá, pois já veio e eu deixei passar. Assim como se passa o vento, a maré que vem e que vai. Nessa estrada já estou bem cansada. Respirei um pouco de ar, meio abafada, atordoada. Não quero mais pensar, não nesse meu silêncio. Isso dói mais do que arder nesse problema. O olho é pequeno demais para me enxergar. Há uma pergunta que não sai de mim... por que não vem me buscar? Eu sei bem que a demora é inimiga da minha agonia, e que tudo isso me agoniza, ando sozinha mais uma vez e sempre. Será que sempre amarei sozinha? Outra pergunta que não sai de mim.

Aquele barulho invadiu o meu silêncio num quarto escuro, já despida dos meus medos e receios. O frio que fez durante o dia já se tornará muito mais quente entre os lençóis daquela cama cheia de vontade. Sinto sono e adormeço enquanto ele fala. Adormeci em seu barulho. Não sei ao certo se era um sonho. Estava meio sonolenta ao sentir um peso sob mim, quente, seguro, as pernas deles já estavam entrelaçando as minhas, assim como se agarra algo que é seu de posse. Escutei a chuva aumentar lá fora, meus pés frios, tímidos, encabulados demoram quase uma eternidade para encontra os pés dele. Em minha cama ele dorme, mas continua a falar... ele fala e dorme, ele é só barulho. Vira, revira e suspira, ele fala mais ainda. E eu continuo sem entendê-lo. Mas isso pouco importa, ele dorme e me procura por toda a cama. Seu abraço é quente, seus beijos são meus por um momento, e o meu silêncio fundido em seu barulho é puro contentamento.

Não consegui dormir a noite inteira, só observando aqueles olhos pequenos que se encontrará fechados e apertados de sono. Em silêncio eu o observei, admirei, gravei em minha mente cada traço do seu rosto, a pouca luz desenhava a perfeição que éramos nós. O silêncio e o barulho. Ali nossos pés se beijavam. Enquanto ele dormia, incontrolavelmente meus pés percorriam todo aquele corpo quente e molhado de suor. Meus pés não paravam, eles teimavam em acariciar os pés macios e curvados dele. Eu sentia me queimar a pele, aquele cheiro de homem que nesse momento já tomará todo o quarto.

Cochilei em um dos seus suspiros. Cheguei a ouvir os pingos grossos da chuva lá fora, e uma voz sussurrar ao meu ouvido... "é ele..." ou teria sido apenas "...ele"? Assustei-me e o olhei rapidamente. Ele estava roncando, como podia ser? Ele não podia roncar e falar ao mesmo tempo. Mas quem teria sido então? Havíamos somente eu, o meu silêncio, ele e o seu barulho naquele quarto escuro. Nessas horas o melhor é fingir e continuar desentendida das palavras ditas por ele ou por quem seja. Talvez tenha sido impressão do meu inconsciente. Ou mais um sonho em forma de aviso que pedi certa vez. Confesso que às vezes sinto medo do que sinto. Tudo é tão forte que assusta, e eu me afasto. Mas ainda assim ele me procura por toda a cama, me puxa, me abraça e joga as pernas quentes sob mim. Eu já sinto que não tenho mais como fugir. Já me sinto presa, entrelaçada por suas pernas, encaixada em seus pés. Eu continuo a observá-lo, ele adormecido me parecia sem armas, somente assim eu sentia-o entregue a mim. Adormeci numa piscada e outra, mas logo despertei ao vê-lo levantar. Meu coração logo aperta e senti a sua breve partida. Só me resta dormir e sonhar.

O calor do corpo dele me fez despertar. Agora ele me observava em silêncio. Aquele silêncio que era só meu por um instante se tornou parte dele. Sua testa franzida revelava certa agonia para voltar ao seu barulho. Ele disse:
- Já vou.
Foram palavras tão duras seguidas de um beijo doce. Precisava dizer algo. Tinha que sair daquele silêncio, que agora já era meu e dele. Meio sonolenta eu disse:
- Você fala enquanto dorme.
E sua testa franzida desenhara tamanha preocupação, seguida de perguntas e mais perguntas.
- Falo? O que eu falo?
Meio sem pensar, sonolenta, não sabia ao certo se eu estava dormindo, sonhando, ou falando, eu disse em poucas palavras:
- Não sei, não entendo. Você apenas fala enquanto dorme.

E o telefone tocou, ele beijou-me e se foi. E por ali ficaram apenas eu e o meu silêncio questionador... não entendo o barulho que ele faz, mas sinto necessidade deste barulho pra movimentar o meu silêncio.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quem é?

Conheci alguém desde que nasci
Mas não a observava muito
Não sei bem dizer o porquê
Será por falta de interesse meu
Ou porque essa pessoa era para mim não tão interessante assim

De uns tempos pra cá
Veio-me uma vontade enorme de conhecê-la
Passei a observá-la mais
Dediquei-me a ela
Cuidei dela
Procurei saber o que ela gosta
Como ela gosta
Interessei-me até por seus defeitos
Suas qualidades
Seu jeito
Sua forma de andar
De falar
De agir
De sorrir
De chorar

Ah! Quanto mais a conheço
Mais me apaixono
Tanto que já virou amor
É respeito
É carinho
É um bem que desejo
É algo mais além do que se vêr
É um universo de emoções
A cada dia
A cada erro
Em cada esquina
Em cada deslize
No frio
No escuro

Ainda estou conhecendo alguém
Ah! Quanto prazer em conhecer
Isso é fantástico
Ando muito interessada nesse alguém
Quanto mais a conheço mais sinto vontade de conhecê-la
E estou cada dia mais apaixonada pelo que descubro
Amando mais e mais
Como é linda
Como é dedicada
Como é honesta
É pessoa do ar
É pessoa do bem
É pessoa de Deus
É puro amor se materializando

Esse mistério é prazeroso
É um mundo enorme e cheio de confusões
Quanto mais conheço essas confusões
Mais essas se transformam em soluções
Cada vez mais tenho a certeza de que tudo vai dá mais do que certo
Eu amo alguém
Eu amo mesmo esse alguém
E esse alguém nada mais é
Aliás, é tudo que há em mim
Confesso que está apaixonada por mim mesma

Exatamente
Sou eu esse alguém
Ela sou eu
Eu sou ela
Somos nós duas nos descobrindo mais e mais
Na imensidão que é isso aqui dentro de mim
Tantos mistérios
Tantos orgulhos
É tão bom saber a grande mulher que sou
Isso me motiva a ser mais e mais
Essa felicidade tomar conta de meu ser
Não sentirei mais medo
Não sentirei mais vergonha
Não sentirei mais que não posso ser mais

Eu posso ser e serei
Tão grande quanto nem eu imagino ser
Eu sou mais eu
Pois eu sou eu
Sempre eu
Sem máscaras
Sem culpas
Sem algemas

Irei voar junto aos meus amigos
Aqueles que possuem asas
Daqui de cima eu vejo tudo tão claro
A minha alma flutua transparente ao meu ver
Descobrir algo sempre é bom
Melhor ainda é descobri as emoções de se descobrir

sábado, 4 de julho de 2009

Quem pergunta?

Ela gosta dele?
Ou gosta de como é quando está com ele?
É coisa da cabeça ou do coração?
Da razão ou da emoção?
Ela gosta de tê-lo por perto?
Ela gosta de sua companhia, mas não está interessada em compromisso com ele?

E ele?
Gosta dela?
Ou ele só quer gostar de alguém?
E agora é ela?
Ou será ele e ela?

Do que ela gosta?
Como ela gosta?
Que cor ela gosta?
Como é que ela gosta?
Que gosto tem isso tudo?

Será mesmo que ela gosta dele?
Ela muda quando está com ele?
Ela fica sem jeito quando está com ele?
Ela não sabe o que dizer?
Ela quase cai com ele?

As pernas tremem?
Ela ensaia e na hora nada fala?
Ela sente medo de parecer boba?
De parecer infantil?
Ela não sabe o que fazer quando está com ele?

E ele?
Ele gosta de estar com ela?
Gosta apenas da companhia?
Gosta do bem e da energia que vem dela?
Ou gosta mesmo dela?
Será que ele gosta mesmo é do olhar dela?
Ele gosta dos defeitos dela?
Ele gosta de como ela é?
Do que ele gosta?
De quem ele gosta?
Quando ele gosta?

E quem disse que isso tudo é gostar de alguém?
É ele?
Ou será ela?
Ele e ela?
Ela e ele?
São eles?
São elas?

Ele existe?
Ou será apenas um sonho?
Um desejo?
Um absurdo?
Um tudo?
E se o encanto acabar?
E ele perceber que gosta de outra?
Ou ela perceber que gosta de outro?
Mas ele gosta dela?
Ou ela gosta dele?
Isso mesmo é gostar?

Ela o criou?
Ou ele a criou?
Ele não existe, é isso?
Que desespero, se ele nunca existiu como ela pode existir?
E ela existe mesmo?
Onde está ele?
Por onde anda ela?

Pergunta-se por não saber?
Pergunta-se por não sentir?
Ou pergunta-se por mania de tudo perguntar?

Ele e Ela?
Ela e Ele?
São só perguntas sem respostas?
Mas são só ele e ela?

E eu?
O que eu sei?
Eu o conheço?
Eu a conheço?
Eu conheço os dois juntos?
E se eu nem conheço nem ele e nem ela?
Isso tudo é o que pergunto?
Ou são afirmações com erros de entonação?
E quem é mesmo que pergunta?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Coisas da Vida...

Caminhei sem seguir
Sem saber aonde ir
No início foi bem difícil
Consegui me perder de mim
Dei muitas voltas
E acabei parando no mesmo lugar
Fiz escolhas erradas
Fiz algumas certas por pura sorte
Mas nunca deixei de caminhar
Mesmo sem saber aonde ir

Por várias vezes
Cai
Chorei
Levantei
Num destino que nunca sonhei pra mim
Eu sofri
Me decepcionei
Me iludi
Mas nunca pensei em desistir
Mesmo quando tudo parecia perdido

Por poucas vezes
Encontrei caminhos fáceis
Até porque nunca os escolhi
Talvez eu goste mesmo das dificuldades
Das adversidades
Dos caminhos escuro, incertos e apertados

Não posso negar
Já estive perdida
Com fome
Com sede
Com frio
Já olhei pra trás
Mas percebi que por trás de mim não há o que seguir
Mesmo que tentem dizer por onde seguir
Ainda assim ficarei perdida no meu medo, na minha dúvida, na minha desconfiança

Não posso deixar de dizer
Eu conheço a infelicidade
A dor que dói sem parar
O vazio
E o nada
Eu conheço o que não existe
Sim, eu conheço o nada
Já nadei nesse nada
Já me senti um nada
Por um instante já fui um nada sem ser nada
Eu sinto sem ver
Caminho sem saber
Sem me preocupar aonde irei chegar
Apenas sei que em algum lugar chegarei

Hoje eu caminho e sigo
Eu já marquei os passos
Acendi a luz que há em mim
Forte que acelera
Intensa que desbandeira
Mas o caminho é novo
Ainda incerto em algumas esquinas
As curvas são duras
Faz tanto tempo que não sigo uma reta
Que nem me lembro a última vez
Eu gosto das aventuras das curvas
Eu gosto das surpresas das esquinas
Só não gosto das dores que as carrego quando passo
Por isso escrevo e deixo aqui todas as dores

[...]

Foliando as páginas deste livro
Recordei
Chorei
Sorrir
Senti aquela sensação
E chorei, e sorrir

Aprendi que...
O que se vai não volta jamais
Não como se foi
Se voltar será diferente
Nunca como se foi

Aprendi que...
Não desejo saber tudo
Já sei um pouco de cada coisa
Mas nunca tudo
Ainda quero viver
Surpreender-me
E até me decepcionar
Pois ainda assim estarei vivendo
Seja na dor
Seja no amor
Seja na mais sublime da cor
Minha luta diária é amar
E esquecer das dores que passou

[...]

É bem verdade que não sei o que dura
Nem o que perdura
Nem o que eternamente dura
Mas de uma coisa eu sei bem
É fazer o bem
É durar o que me vem
É viver eternamente o que me dura
O que me perdura
O que me segura
Intensamente eu vivo essa vida dura

[...]

Eu não desejo
Eu não espero que você entenda o que me falta ar
Que entenda essa minha arte
Essa minha graça
Essa minha praça
Esse meu palco de amar

Eu não desejo
Eu só sinto dor
Eu não desejo
Eu só sinto cor
Eu não desejo
Eu só sinto amor

Eu não desejo
Eu não espero que você entenda o que me arde
É somente a minha arte de viver
A minha dor, a minha cor e o meu amor!

[...]

Do que adianta você se importar
Por alguém que nem sabe da sua própria importância
Pouco importa qual a importância que eu tenho pra você
Se nada sei o que realmente te importa nesta vida
Nem mesmo sei se tenho importância para alguém
Que dirás para você que pouco se importa comigo

Me acostumei a não me importar tanto
As pessoas parecem se importar demais com minha vida
Com o que serei
Com o que vou fazer
Pra onde irei
E se o que escrevo é o que serei

Mas nada disso me importa
Senão existir amor entre mim e você
Tudo fica sem importância

[...]

Serei derrotado
Mesmo prevendo
Ainda assim lutarei
Na esperança de ganhar

Eu lutarei
Incessamente irei
Incansavelmente seguirei
Darei o todo de mim
Mas dessa batalha não irei desistir

Não sei quando
Não sei onde
Apenas sei
O que sei
É que serei derrotado

Eu preciso
É necessário ser derrotado em algumas batalhas
Talvez apenas uma
Para aprender o que é ser derrotado
Isso fortalece
Isso engrandece
Prepara o meu ser para seguir

Depois de derrotado
Na próxima batalha eu estarei pronto
Experiente e seguro de mim
Eu derrotado me conheço mais
Eu fraco sou muito mais forte
Estarei derrotado
Mas estarei sempre pronto para a próxima batalha

[..]

Eu choro
Eu choro escondida
Eu choro
Num livro
Num verso
Num sorriso

Eu choro
Eu choro bonito
Eu choro
Sem ver
Sem perceber
Sem eu e você

Eu choro
E choro
E só choro

A dor não passa
A dor não vai
A dor só volta
E eu ainda choro
Eu choro
Por isso chove

[...]

Se algum dia o meu silêncio pronunciar "eu não tenho mais palavras", estarei morta e enterrada.
Por ora, essa agonia ainda faz parte do muito que há em mim.

Tentaram matar quase tudo em mim.
Quase tudo,
mas não tudo.
Ainda há um mistério,
algo tão bem escondido,
que às vezes até eu mesmas me perco
e nem sei mais aonde encontrar.
Mas existe sim a chave.
A chave que abre as portas das minha emoções.

[...]

Amar é ganhar um pouco do melhor da vida
Sem perceber que ganhamos uma vida inteira por amar
Quando a gente ama quem ganha o presente somos nós, os amantes!
Parabéns para quem ama
Parabéns aos amantes da Vida
Parabéns, eu amo a Vida!