terça-feira, 24 de setembro de 2013

FLOR



Foi num despetalar que aprendi,
que aprender não precisa ser tão doloroso.
Do tanto que já sofri e virei flor nesse meio tempo.

Seja flor qualquer dia desses, antes de ser dor.

Que doloroso seria se eu não conseguisse sentir
o aroma de você, flor.

Vire flor qualquer dia desses, antes de ser mistério.

Que misterioso seria se eu não conseguisse sentir
o que eu não entendo, flor.

Pois que graça teria se o mistério revelasse seus próprios segredos.

Eu nada seria, nem flor, nem dor, nem eu mesma eu seria.
Mas se tu derramas sobre mim as tuas lágrimas,
serei sempre a flor de um aprendiz.





Texto: Laila Guedes
Imagem que ilustra a coluna no adorável Traços, riscos e rabiscos.


VEM DORMIR COMIGO




Depois que você vai morar sozinha, aprende a arrumar a cama, o guarda-roupa, a casa, e o controle remoto passa a ser somente seu. Dá um jeito de lavar as roupas, as fronhas, e os pratos. Mesmo que não goste muito, tem que limpar o chão, a poeira da estante, e que debaixo do tapete não tem como esconder mais nada. Então, começa honestamente a varrer a casa, passar pano no chão, e tudo fica do seu jeito, no seu lugar. Nem sempre aprende a cozinhar, mas se vira com o que tem na dispensa. E, sabe quanto custa o quilo do tomate na feira e o arroz no mercado.



Depois que você dirigi sozinha, aprende onde fica o macaco do seu carro, a trocar pneu, óleo, mas que nunca conserta aquele barulho chato da mala que te incomoda. Que o trânsito se torna cada dia mais chato, mesmo com o som alto do carro. E tem a certeza quem será a motorista da vez.



Depois que você almoça sozinha, percebe que o macarrão já não é tão maneiro. Que a carne é macia, mas não tem o mesmo sabor. E que comida doutro dia esquecida do lado de fora da geladeira estraga, o que também faz a barriga doer.


Depois que você vai ao cinema sozinha, percebe que é mais fácil encontrar uma única cadeira vazia. Que pode comer pipoca toda enrolada num casaco velho, colocar os pés na cadeira da frente, e chorar que nem boba no final do filme. E que quando as letras começarem a subir, vai perceber que você só tem você mesma para comentar o que achou do filme, mas não comenta, já que compartilha da mesma opinião.

Depois que você volta pra casa sozinha, olha pra cama que está cada dia mais enorme. Perdi o apetite, quase nem janta, faz um lanchinho.

Depois que você bebe sozinha, percebe que não sabe abrir uma garrafa de vinho. Que a primeira rolha, inevitávelmente você despedaça ou deixa entrar na garrafa junto com o vinho. Que uma garrafa é muito, e que eu já estou beeee...beeee...beeeebinha.

Depois que você fica sozinha com você mesmo, percebe os motivos que te fez ser tão importante na vida de outro alguém, mesmo errando muitas vezes.

Quando eu comecei a escrever, estava sozinha. Ele chegou antes do vinho e parece que foi tomar banho, trocar de roupa, ou talvez criar coragem pra dizer "vem dormir comigo", não tenho certeza. Só sei que, quando fui dormir com ele, fiquei pensando por que às vezes a gente precisa ficar sozinha para ter a certeza de que juntos podemos aprender bem mais.



Texto: Laila Guedes
*** Agradecimento especial a Valentina Contreras, que gentilmente cedeu as imagens de seus trabalhos.

sábado, 14 de setembro de 2013

SOMOS NÓS


Viver ao seu lado
É minha alegria
É rir de dentro
Sem razão alguma
É ter a certeza de quem somos
Sem medo de ser feliz

Junto somos muito mais
Somos nós, Somente nós mesmos

Estacionei numa dimensão
Entre a depressão do que passou
E a ansiedade do está por vim
Presença do presente
Num romance cheio de reticências

Em seus sorrisos tão meus
Alimento da minha alma
Que mata a minha sede
Sedenta de felicidade
Emoções que me contenta

O tempo acelera
A cada sorriso seu
Inúmeras vezes
Tão sorriso meu

Junto somos muito mais
Somos nós, Somente nós mesmos
Juntos somos apenas um coração

Texto: Laila Guedes

PELO SEU ANIVERSÁRIO


Você é dois de julho, e todos os dias da minha vida
Você é o sol durante a noite
Você é a sobremesa depois do almoço
Você é a lua durante o dia
Você é batom e unhas vermelhas
Você é a chuva num deserto
Você é bolo de tapioca com doce de leite
Você é sabedoria de vida, e intuição divina
Você é sanativo na ferida que sangra
Você é um bálsamo 
Você é o lembrete escrito de caneta num papel branco
Você é cobertor em noites frias
Você é o tapa no mosquito que tentou me morder
Você é a cura da minha alma
Você é todas as canções de Jorge Vercillo 
Você é o doce de domingo, e o acordar da segunda-feira
Você é a voz que reclama até o anoitecer
Você é sim, quando a vida me diz não
Você é o perfume no frasco com tampa de rosa
Você é o fim de tarde, e o amanhecer
Você é o livro plastificado da época de escola
Você é vai, todas às vezes que tive medo de ir
Você é o pão de queijo com capuccino
Você é diferente, quando tudo é tão igual
Você é chocolate diamante negro
Você é o sorriso, a lágrima  
Você é o melhor vatapá do mundo
Você é a minha razão e a minha emoção
Você é o feijão com arroz mais gostoso
Você é dois de julho, e todos os dias da minha vida
Você é tudo que me faz lembrar você
Como se precisasse de algum motivo pra lembrar
Que apenas você resolveu ficar quando todo mundo cansou de esperar.

Texto: Laila Guedes