quinta-feira, 28 de maio de 2009

Construir é uma arte

Minha profissão é realizada não pela força, mas pela criatividade.
Quase tudo é possível quando se tem dedicação e habilidade.
Todas as peças são montadas em cima do meu sonho de realizar.
Construo peça por peça com muito apoio e orientação.
Olhe para mim.
O meu esforço é pra te ver assim.
Se encontrando por aqui.
Seja chorando ou sorrindo.
Deixe um pouco de si.
E leve o meu labor com ti.

Olhe para mim.
Podes ver?
Podes enxergar?
Você é o reflexo dos meus pensamentos.
Sou responsável por minhas criações.
E sou de imensa gratidão por cada pedaço do seu reflexo.

Você faz parte de mim.
Você também é o reflexo do meu trabalho.
Do meu esforço.
Do meu labor.
Da minha arte incerta.
Da minha loucura e lucidez.
Você é reflexo do que consegues ver aqui.

Seja em uma única palavra.
Ou por uma frase inteira.
Seja pela impressão de um olhar alheio.
Ou por um profundo modo de ver.
Seja por mim ou por você.
Ou por todos nós.

Eu sou letra.
Palavra solta que busca a poesia.
O estranho é ter que ter.
Sem saber que o ter é não ter coisa alguma.
Apenas, é ter que perceber.

O que eu escrevo nem sempre vem de mim.
Faz parte de mim.
Mas não sou aqui descrição do meu eu.
É um problema, uma necessidade.
Preciso escrever sobre ti.
E sob ti estarei despida.
Por isso, choro sem perceber.
Sinto falta de você.
Pedaço do meu todo.
Eu sou você, mesmo sem perceber.

Você que me cria.
Você me inspira.
Construir a última peça ainda demanda tempo.
Já concluir muitos sonhos.
Mas o maior dele ainda está por vim.
Por isso, ainda espero.
A peça chave que faz abrir portas de mim.

domingo, 24 de maio de 2009

A Mulher sem anel

Linda Mulher.
Mulher perfumada.
Simpática.
Atraente.
De olhar penetrante.
Mulher de matar qualquer um.
Mas ela procura algo mais.
Entra no carro e liga o som.
Ela usa um par de brincos e um colar de ouro com diamantes.
O relógio de ouro em seu pulso marcará a hora do encontro.
Ela acelera o carro.
Suas mãos ao volante mostram seus dedos solitários.
Em seus dedos nenhum anel.
Como assim?!
Uma mulher enriquecida com tanto ouro e diamante, e em seus dedos nenhum anel.
O som do carro muda a música.
É o cheiro que ela mais gosta.
Sua mão direita muda a marcha do carro, deixando somente a mão esquerda no volante.
Agora ela guia de uma mão só.
Acelera mais e mais.
Ela segue em frente.
E ver sua mão esquerda no volante.
Ela senti falta de algo em seus dedos.
Um brilho radiante.
Partículas cintilantes.
Uma cor rica ao extremo.
Os dedos em sua mão esquerda.
Uma mulher sem anel.
Seus dedos merecem algo melhor.
Em seu caminho, ele surgi na esquina.
Ela freia bruscamente e ele entra no carro.
O som toca a música deles.
Ele deseja ser feliz.
E ela ainda procura o anel.
As mãos deslizam a procura de algo mais.
E só encontram mais uma mão com dedos.
A mulher sem anel.
E o homem com o anel de outra.
(Silêncio)
De mãos dadas, eles se sentem completos.

sábado, 23 de maio de 2009

Toda de Cinza

A cor desse meu inverno.
Ora chove.
Ora faz calor.
Ora vem o sol.
Ora faz frio.
E eu toda de cinza.

Luvas, botas, agasalho.
Tudo cinza.
É moderno.
É chique.
Dos pés à cabeça.
Eu toda de cinza.
No verso ainda há cor.
Cores vivas em mim.
Mas é essa beleza que ele quer ver.
Eu toda de cinza.

Nosso momento é chuvoso.
Você molhado.
E eu seca.
Nosso inverno é cinza.

Até o vestido de baixo é cinza.
Maquiagem, unhas e meia-calça.
Nossa cor oficial é cinza.

Estou indo embora.
Toda de cinza.
Nessa tempestade que não molha.

O Beijo, a Barriga e o Menino

Beijar é uma troca.
De mim pra você.
De você pra mim.
O Beijo.
Beijo cheiroso é beijo bom.
Beijo bom é beijo molhado de amor.
Enfim, vamos a estória...

Há vida num lugar quentinho.
A Barriga.
Ah! Barriga cheia de vida.
De longe o menino avistou.
A sua altura permitia ver somente a barriga.
O menino ansioso, imaginou.
Um dia eu estava ali.
Hoje estou a esperar ele vim.
A barriga quase sorrir.
Redonda e feliz.
O menino aproximou-se da barriga.
Sua testa toca o umbigo.
Acariciou a barriga e perguntou baixinho:
- Tá vivo, tá? Tá vivo?
Chute, pontapé.
Movimento de vida.
Abraçou com os dedos e beijou-a com imensa gratidão.
O Beijo, a Barriga e o Menino... todos numa só vida de silêncio.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Dia, a Mãe e o Filho

Existem dias que não são apenas dias.
Não é qualquer dia.
É o dia.
É aquele dia.
Um único dia.
O nosso dia.
Obviamente que todos os dias são diferentes.
Mas ainda há quem pense que os dias são todos iguais.
Enfim, vamos a estória...

A mãe do filho tinha apenas ele.
Filho único da mãe.
A mãe nunca pensará na possibilidade de ter mais filhos.
Pensava nas montanhas de contas.
E no esforço de escalar uma montanha maior.
O filho, tão pequeno, nunca tinha visto uma montanha.
No seu dia, ele disse a mãe.
- Mamãe, me dá um irmãozinho de presente.
(Silêncio)
E a mãe só pensou na montanha.
(Silêncio)
A mãe organizou com carinho uma festa de aniversário para o filho.
E convidou todos os amiguinhos do filho.
O filho ganhou muitos presentes.
E no final da festa, o filho estava sentado sob os presentes.
Triste, de olhar baixo, sentia não ter ganhado nenhum presente.
A mãe preocupada perguntou:
- Não gostou da festa, dos presentes?
E o filho falou com a voz que vem de dentro:
- Mamãe, quero um irmãozinho pra brincar comigo, me dá mamãe!
(Silêncio)
No dia da mãe, ela se deixou levar pela emoção.
Positivo! A mãe correu pra contar ao filho, acariciando o ventre disse:
- Filho, seu irmãozinho está aqui dentro e logo irá chegar pra brincar com você.
O filho sorriu com os olhos cheios de lágrimas brilhantes e gritou:
- Mamãe, você realizou o meu sonho!
O Dia, a Mãe e o Filho... todos abraçados em silêncio.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diagnóstico

Quem é louco?
Quem é normal?
Ser louco é ter um comportamento que difere dos demais?
E ser normal é o oposto? É ser o usual, o que estamos acostumado a ver por ai?
Ser normal é ser igual aos outros?
Ser louco é ser diferente do normal?

Seja um desabafo, ou mesmo por razões pejorativas, ou até por certas conveniências, ainda existem tantos "TPEI" rotulando alguém de louco, uma vez que a definição do normal é tão imprecisa.

Vamos ao Diagnóstico...

O Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável (TPEI), se divide em dois subtipos: o tipo impulsivo e o tipo borderline.

Tipo Impulsivo

1. O critério geral de trastorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos seguintes sintomas abaixo devem estar presentes; é obrigatória a presença do sintoma B:

A. Tendência em agir impulsivamente e sem consideração com as conseqüências;
B. Tendência a ter um comportamento briguento e entrar em conflito com os outros, especialmente quando os atos violentos são contrariados ou criticados;
C. Tendência a explosões de ira e violência, com incapacidade de controlar os resultados subseqüentes;
D. Dificuldade em manter qualquer ação que não ofereça recompensa imediata;
E. Humor instável e caprichoso.

Tipo Borderline

1. O critério geral de trantorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos sintomas mencionados no critério 2. do Tipo Impulsivo devem estar presentes. Em adição, pelo menos dois dos sintomas abaixo devem estar presentes:

A. Perturbações e incertezas sobre a auto-imagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade);
B. Tendência a se envolver em relações intensas e instáveis, sempre levando a crises emocionais;
C. Esforços excessivos para se evitar abandono;
D. Atos ou ameaças recorrentes de autolesão ou suicídio;
E. Sentimentos crônicos de vazio.

No mundo das emoções, também é conhecido como Transtorno de Pessoas Emocionalmente Incompetentes (TPEI)... coincidência ou não a sigla ficou a mesma!

E agora, quem é o louco e o normal? O paciente ou o doutor? Quem se permite amar ou quem nem sabe amar?

P.S. Conclusão: O mundo das emoções está cheio de doidos!!! Depois eu que sou louca...hahaha... só rindo com esse rebanho de TPEI!

O lance do chapéu

No princípio era sonho
O chapéu era só desejo
Ainda em meus planos
Mergulhado em expectativas
Imaginei tantas vezes
Meu capelo fixo em mim

Como seria?
Quadrado
Redondo
Triangular

Que cor teria?
Branco
Vermelho
Azul
Amarelo
Preto

Desenhei a minha maneira
Busquei as melhores fibras
Lutei pelas mais variadas cores
E construir o meu chapéu

Agora ele é verbo
É do tamanho das minhas intenções
Possui a cor das minhas emoções
E tem um cordão de realizações

Hoje sou rei
Coroado de satisfação
Tão formoso e resistente
Incrível como se encaixa em mim
Ele é meu
E eu sou dele
Que molde perfeito

No topo das mais variadas sensações
Sinto ele acariciar a minha consciência
Esses meus cabelos embaraçados
Embora estejam esmagados, é puro contentamento

O chapéu e os meus cabelos
Cúmplices e companheiros
Meu chapéu
Meu abrigo
Meu orgulho
Meu amigo
Meu chapéu é só cabelo

Tenho que curtir esse momento
Eu e o chapéu
O chapéu e eu
Ah, meus olhos enchem de lágrimas
Só de pensar que ele irá partir um dia
Mesmo sabendo que não duraria por tanto tempo
A dor da despedida é inevitável

Imensa e longa estrada
Forte vetania
Chego a sentir ele se desligando de mim
Pois é, o chapéu precisa seguir
Meu pequeno e indefeso chapéu
Agora tão independente
Será arrancado de mim

Mal consigo me mover
Minhas pernas trêmulas
Um mundo de situações
É dia de lançamento
Sinto cheiro de despedida
Meu chapéu irá partir
Cheio de esperanças

Então suspirei
Do topo de minha cabeça
Ele decolou às alturas
Meus cabelos sentem sua falta
E a minha testa marcada de dor
Ao ver o chapéu deslocando no ar
Entre as nuvens expelindo atrás de si
Um fluxo de esforços a alta velocidade
O futuro é o seu combustível
E o céu é o seu limite
Momento solene de pura celebração, o lance do chapéu

O Povo do Parangolé

Aquele povo está ali.
De alma e coração.
Não pelo que veste.
Não por outras pessoas.
Não para provar nada para ninguém.
Não para ser o que não é.

Aquele povo está ali.
Sem preconceito.
Sem vergonha.
Sem hipocrisia.
Sem depender de ninguém.
Sem aqueles olhares que julgam quem você é e o que você faz.

Aquele povo está ali.
A cada batuque de percussão.
O corpo sente e reage.
A cada lágrima que escorre.
O corpo se move.
A cada grito de emoção.
O corpo se esquenta.

Aquele povo está ali.
É povo que se entrega.
É povo que se emociona.
É povo que curti.
Curti o suor que escorre pelo corpo.
Curti o swing entrando em seus corações, e embalando todas as suas emoções.
É povo de alma.
É povo de emoção.
Aquele povo que está ali.
É povo que ama de verdade.
Ê, povo bom.
Não é pagode.
Não é axé.
É o povo do Parangolé.

domingo, 17 de maio de 2009

O bom é agradecer!!!

É preciso registrar...

Acordei com uma imensa sensação de amor no coração!
Lembrei somente de momentos bons!
Eu tenho amigos tão lindos!
E eu os amo com toda a força do amor mais puro que há em mim... sem preconceito, sem defesas, sem esperar nada em troca, apenas amo... e amar pra mim já é tanto, não me importo que alguém não me ame, Deus já me abençoou com a caridade de saber amar.

Reciprocidade é consequência da sua competência de saber amar!

A banana do meu quintal é mais gostosa do que qualquer outra banana... bem mais amarelinha! Por que será?! Delícia todaaaaa...

Em frente ao meu altar, de coração aberto, minha alma só agradece: OBRIGADA MEU DEUS! A sensação é massa!!! Mensagem em oração: Deus, é a essência do amor!

P.S. 1: ontem foi um dia execepcional. Ás vezes paro e penso, será que mereço tanto? Meu Deus, eu tenho tantas coisas lindas e maravilhosas em minha vida... só tenho que agradecer mais e mais.

P.S. 2: dia 16 de maio, ontem, primeira vez... vesti um sonho, daqueles que dá calor!... hoje te carrego também em meu dedo, sempre vou te amar!... uma lágrima rolou, muitas horas se passou, e Deus me deu mais um grande amor!

P.S. 3: acabei de escrever meu livro! Que maravilhosa sensação é essa?!

P.S. 4: coisas que escuto desde a infância... "vamos perguntar a Lakinha, ela sempre fala a verdade"... "você é linda"... "Eu te amo"... "vamos brincar"... "presente para você" ...

P.S. 5: Obrigada Senhor, não permita que a criança que ainda há em mim se perca nesse vazio escuro, lá fora faz frio, e criança gosta de doce e do quentinho... palavrinhas mágicas: ser, ter e fazer!

P. S. 6: no meu rádio a canção é puro amor! Por favor, não perca a esperança, ainda há amor sincero e um dia ele chega para você... só espero que esteja preparado para saber identificar esse tal amor de verdade!

P.S. 7: importante lembrar... o valor das coisas está na intensidade em que nos permitimos nos doar por inteiro, e no coração ficará somente o essencial pra se viver! Uma grande verdade: eu me amo muito e sou tão feliz!

P.S. 8: todo recruta é burro. O que fazer?... só me resta rir! A comandante é mesmo uma "beautiful girl"! Falem o que quiser falar, e eu ainda estarei rindo em silêncio...

- Regra 1: Leia o Pequeno Príncipe até entender, nem que para isso se torne uma miss, quem sabe assim ganhe uma Miss Simpatia?!... fica a dica!

- Regra 2: Faça uso dos três "R"... Respeito a você mesmo! Respeito aos demais! Responsabilidade para todas as suas ações!

- Regra 3: Não se importe com o amanhã, vamos viver hoje por favor!

P.S. 9: As mulheres são diferentes uma das outras... assim como os homens também! AS PESSOAS SÃO DIFERENTES! Algumas atitudes é que são um pouco parecidas. Iguais ou diferentes, isso pouco importa... por favor, sejamos originais!

P.S. 10: Hum, Duca está fedendo! E eu beijando esse fedor... sabe, até que cheirinho de cachorro é bom! Pensando bem, tem tantas outras coisas por ai que fedem muito mais!

P.S. Master: Que Deus sempre ilumine meus caminhos, e que eu seja sábia para entender seus sinais! Os avisos são mesmo os conselhos de nosso Deus!

DESEJO À TODOS MUITO AMOR!!! SILÊNCIO É OURO!!!

sábado, 16 de maio de 2009

Viva

Olhe pra si mesmo
O que ver?
Isso é mesmo você?
Eu já nem sei mais o que dizer
Meia hora na escuridão
Meia hora no clarão
Em meio a uma confusão
Eu sou você?
Ou você sou eu?

Ela ainda tão viva
Serena lá fora
Arde aqui dentro
Metade em letras
Metade em pensamentos
É silêncio
É barulho
Quer sair
Quer ficar
Comigo sempre estará
Assim como uma simples doação
Ainda tão viva
Não há como suportar
E esse dia virá

E quem tem o controle
Acaba de perder
O fogo desperta
E o controle?
Não esqueça de perder
Ah! Como queima
Acabei de perder
O controle de mim mesma

Viva!
É chegada hora
Por tantas horas
De volta estarei
Mais viva do que antes
No meio de tantas vidas
Estarei tão viva
Eu e Ela
Então, viva!
Mesmo antiga
Porém, viva!

P.S. 1: Ainda não terminei de escrever o que me sufoca aqui por dentro... mas posso garantir: ela ainda existe e virá para despertar!

P.S.: 2: Está aberta a temporada... então, Viva!

P.S. 3: Ainda escrevo, pois sinto falta desse som! Putz, que mania essa minha... (Silêncio)...

sábado, 9 de maio de 2009

ALÍVIO

Todo ser vivo, nasce, cresce, se reproduz e morre. Acredito nisso, mas não totalmente nesta ordem, e muito menos na quantidade e intensidade que isso se sucede. Quantas vezes nascemos? Alguns seres nem vivem, nasceram para sobreviver eternamente mortos. Outros nascem e morrem inúmeras vezes. Ah! E como vive no mais sublime das emoções. São seres humanos de verdade, são seres vivos, são seres raros.

Preciso liberta um ser para a vida, por isso escrevo. Minha personagem vem dos meus sonhos e tem muita ligação com a fotografia. Pois, toda a arte desperta a alma de uma artista, logo sinto uma enorme necessidade de contar a história de Ana, um bebezinho que fora abandonado no dia em que nasceu. Na escada de um edifício escuro, o bebê apenas choramingava, como se quisesse chamar por alguém. Era noite de lua cheia, e chovia muito! Por sorte ou azar, naquele mesmo edifício morava uma senhora, Beth de Argolo Farias, que nunca viera a ter se quer um filho. A vizinhança comentará que ela tinha uma maldição e não podia ter filhos. Deus havia castigado ela desde o dia em que nasceu. Mas Beth, não parecia ser uma pessoa tão ruim, a ponto de ser amaldiçoada. Já era uma senhora de idade, meio corcunda e desajeitada, mas tinha os olhos doces, que por muitas vezes seu cabelo crespo cai atrapalhando o esse seu ar de meigo.

Naquele momento, o bebezinho chorava muito, despertando a curiosidade de Beth que por ali passava, com um saco de pães na mão. Assustada com os berros do bebê, deixou o saco cair. O bebê no momento mágico sorriu para Beth como se pudesse entender a alma daquela senhora.

Beth rapidamente afagou o bebê nos braços e o pegou pra si. Para ela a emoção era tamanha como se tivesse dado a luz ali mesmo. O bebê era dela, Deus não havia amaldiçoado, tinha concebido a doação de um singelo bebê. E como pagamento o pão nosso de cada dia ficará caído na escada escura, uma fortuna para quem o encontrou. Mas para Beth, o final do arco-íris tinha chegado, seu baú de ouro era aquele bebê enrolado num saco plástico.
Aninha, como carinhosamente Beth a chamava, tinha um certo tipo de pesadelo real. Aos seis anos de idade, não sabia bem a diferença entre sonho e pesadelo. Quando contará a mãe Beth que ela sonhava que seus verdadeiros pais eram artistas, sua mãe uma poetisa e seu pai um musicista. Beth extasiada disse:

- Isso é um pesadelo, minha filha!

- Pesadelo? O que é isso?

Realmente ela estava na fase dos porquês, e Beth teria que ter total paciência.

- Pesadelo, é um sonho ruim, filha.

- Mas, sempre sonho sempre a mesma coisa. E parece tão real, mamãe! Isso me assusta.

Beth não sabia mais o que dizer. E o silêncio terminou aquela conversa.

Ana era uma criança, vamos assim dizer diferente das demais. Beth costumava dizer, com uma voz meio tenebrosa, que sua filha era muito esperta.

Mas o que podemos chamar de esperta? Bem, isso é algo que algo longo da história será respondido sem eu mesma descrever. E a menininha sentia uma agonia e precisava desabafar.

Ana tinha nascido ou encontrada no dia 01 de abril, e carregava em si um carma do dia. Sim, primeiro de abril é o dia da mentira. A criança mentia como gente grande. Não sei bem dizer se essa mania de mentir teria sido geneticamente adquirida ou seria mesmo um carma do dia. Por isso, Beth, não sabia ao certo se seus sonhos eram reais ou puras imaginações da menina.

Alguns anos se passaram e Ana, agora já com oito anos, e ainda assim os sonhos a perseguiam como se fossem avisos do além. Isso a perturbava demais. Certa vez no parquinho da escolinha, em companhia das outras crianças, uma coleginha estranhamente a chamou de Poliana. Como podia uma criança, mentir seu próprio? Poliana era seu codinome, ali entre as crianças, Ana desejava ser apenas Poliana, uma criança com um olhar dócil e inocente. Tão diferente de sua mente esperta e imaginativa. Ana ou Poliana, seja lá como queira a chamar, de fato ela era uma criança tão esperta que enganavam a todos. Ela não conseguia ficar quieta somente em um lugar, sentia uma agonia por dentro, como se a mentira estivesse entranhada em seu ser. Sentia no seu mais íntimo a necessidade de mentir, tinha que colocar para fora aquela agonia. Talvez por medo, daquilo tomar conta de si. Se tornar cada vez maior, e antes que isso a acontecesse já havia mentido, colocado toda essa agonia para fora de si. E sempre vem aquele ser a dizer “ô coitadinha” de Ana, era apenas uma criança indefesa, não em entendi essa agonia que vinha de dentro pra fora. Para ela isso era um mistério. E Aninha, voltou a questionar a mãe, sobre a tal diferença entre elas. Ana era mulata, cabelo liso como um veludo preto, olhos brilhantes como estrelas num luar. Ela me parecia a noite, um ser a ruivar. Como um daqueles lobos, chego até sentir o cheiro de cachorro molhado, sedento de vontade de mentir e mentir. Em dias de lua cheia, sua agonia era maior. Ela era mesmo um mistério, assim como seu nascimento era para Beth.

- Mamãe, como minha cor pode ser tão diferente da sua?

Beth, meio assustada com a inteligência da garotinha, parou por alguns minutos. Estacionou em outra dimensão.

- Filha, eu te criei sou sua mãe. Os filhos não são parecidos com as mães. De onde tirou essas idéias?

- Meu coleginha mamãe, disse que pareço ser adotada, o que é isso?

- Coisa de criança filha, não liga. Veja sua boneca, ela é sua filhinha e é loira. Veja só, mas é sua filhinha. Você cuida dela como se fosse sua, mesmo sendo tão diferente de você.

Bingo! Beth mentiu? Será que além de Ana teremos outra mentirosa. Elas não me parecem tão diferentes.

Mas, não sejamos tão radicais assim. De certo que, ninguém diz a verdade o tempo todo. Até porque, ninguém conhece por inteiro a verdade. Mas porque será que existe a mentira. E a verdade existe?
Verdade ou mentira. A verdade é que ninguém é tão mentiroso quanto gostaria. E a mentira é que ninguém é tão sincero como deveria.

O que é verdade para mim pode ser uma grande mentira para ti por uma vida inteira. Assim como, uma mentira para mim pode ser uma verdade para ti por toda a eternidade. Somente se, algum dia eu venha a te provar que a mentira que você acreditara ser verdade te caia em juízo como a verdadeira mentira de cara lavada.

De certo que estou, depois que ler esta história, as pessoas poderão ficar desacreditadas e desgostosas da vida. E por um segundo, parar e pensar, a se questionar: a vida é uma verdade ou uma mentira?

Pensando bem, a verdade não existiria sem a mentira, assim como a mentira não existiria sem a verdade. Ambas são dependentes uma da outra. Mesmo que teoricamente signifique o oposto uma da outra.

A verdade só existe porque identificamos a falta desta diante de uma mentira. Pois, a mentira nada mais é do que a falta da verdade.

Sabe algumas pessoas são ditos como mentiroso fracassado. Que com a boca diz a mentira. Os olhos a condena com a verdade. Algumas pessoas que fala e desvia o olhar?

Pois, Ana tinha uma auto condenação. Seus olhos brilhavam a verdade enquanto sua boca provia mentiras. Era mesmo uma criança que imaginava demais. Mas, sua consciência sempre reclamava, quando lembrava o que sua mãe Beth a ensinava: mentir é pecado.

Calma, preciso intervir agora. Não é para tanto. Ana é apenas uma criança esperta e super criativa. Mentir é uma palavra um tanto quanto forte demais. Prefiro dizer que Ana apenas “faltava com a verdade”. Porque de fato, a boca de Ana dizia a mentira, mas seus olhos de estrela refletiam em noite de lua cheia a mais pura verdade.

E vamos ser realistas, existem pessoas que mentem tanto que acabam por acreditar na própria mentira. E mentir já não é mais mentir, é a sua verdade. Até porque para pessoas como estas, a verdade simplesmente não existe.

Ana agora estava no colegial, época de adolescência, com seus 14 anos de mentiras. Sua bagagem já era bem pecaminosa. Ela já treinará não deixar mais o brilho do se olhar transparecer a verdade. Ficava por horas em frente ao espelho, se assistindo. Era como se ver por dentro. Cada dia que passava, a cada aniversário seu, a agonia era crescia dentro de si. E seu espelho era seu amigo, seu cúmplice mais perfeito, seu mestre e somente com ele poderia contar. Agora mais velha, ela tinha tomado a consciência de que não sentia Beth como sua mãe, e sabia que existia mentira. Afinal de contas, Ana conhecia a mentira como ninguém. E quem conhece algo, identifica-a facilmente, num pequeno deslize. Como foi no dia em que Ana perguntou a mãe sobre o seu pai. Beth parecia uma névoa de tão branca, suas mãos trêmulas, a boca não conseguia fala uma só palavra, aquela pergunta engasgou goela a baixo. E o silêncio tomou conta daquele momento. Ambas sabiam que a mentira sempre esteve presente desde o dia em que nasceu. E o silêncio assim permaneceu com resposta.

Voltando ao colégio, Ana ou Poliana, nem eu mesma sabia qual era o seu nome, ou qual seria sua mentira agora. Pois bem, Ana ou Poliana haviam morrido naquele silêncio, onde perguntara pelo seu pai. A fase era de muita rebeldia. E ser chamada de Poliana soava meio meigo demais. Foi então que numa novela, Tatiana era uma vilã mal, pois bem, era esse o nome de Ana no colégio, ou será o nome de Poliana? E, eu já nem mais sei. Só sei que tenho que continuar a contar essa história. Poderia parar por aqui. Ana, Poliana ou Tatiana está parecendo mesmo uma vilã de novela. E está história está meio piegas demais. Mas ainda sim, sinto uma enorme vontade de deixar que você sonhe em meus sonhos.
Tatiana, a líder de da turma, mais popular. Realmente, um exemplo de adolescente difícil e complicado de entender.

Dizer a verdade é ser um tanto quanto bonzinho demais. E de certo que Ana, ops, Poliana, esqueci, agora é Tatiana. Voltando então, Tatiana não desejava nem um pouco se passar por boazinha, ela queria ser a complicada, rebelde, malvada, aquela, e desejava ser notada, queria que todos que a respeitassem e sentisse medo. Ela não poderia se quer ter um nome de uma garota boazinha. Agora era Tatiana. Ela trocara de nome numa velocidade incrível.
Vamos desligar e viajar em nosso nada. Se dizer a verdade é ser boazinha E ser boazinha é sinônimo de fraqueza. Ser fraco é mostrar as fragilidades. É ser pequeno demais. E, o ser humano tem mesmo dessas coisas. De se sentir pequeno, quando outra pessoa tem aquele sentimento de pena por ela.

Sentir pena de outra pessoa é como se tornar uma pena. Pequena, delicada, macia, leve, pluma, insignificantemente uma pena. Apenas uma pena. Sim, eu disse, e repito, e escrevo, uma peeeeenaaaaa. Como tantas outras no corpo de um galo. É, este galo da fotografia, está só, com muitas penas a carregar.

É, as pessoas são mesmo assim. Senti pena de alguém, e esse mesmo alguém quando senti que esta sentiu pena dela. É como se sentir uma pena deste galo. Sabe-se lá, qual pena será. Tem tantas penas ai, que fica difícil saber qual é a pena dessa pessoa. Mas, de certo que, se sabe que é uma insignificante pena numa plumagem deste galo que vaga num vazio interminável, por onde vaza a suas angústias.

Voltando a então agora, intitulada Tatiana, que não pode dizer a verdade por que não deseja que as pessoas sintam pena dela. Tatiana é nome de garota forte e não frágil como Poliana. Agora, Ana, depois Poliana e agora Tatiana, não é de quebrar fácil. E a mentira não era apenas uma agonia como antes, a mentira agora a fortalecia a alma e aquilo só crescia. Tatiana não gostava de ser a pena do galo. Por isso, agora mentia mais e mais. Assim era a imagem que ela queria passar. Adorava se sentir forte, descolada e mascar chiclete.

Todos no colégio achavam que ela era filha de grandes e talentosos artistas, a mãe poetisa e o pai musicista. Será mais uma mentira? O silêncio tomou conta do lugar mais uma vez. Não sei bem ao certo, em meus sonhos, encontrei esse bebê na escada de um edifício sem saber de onde surgiu. Quem sabe esta era a melhor explicação para aquele brilho no olhar? Era sua assinatura cardíaca, o brilho dos seus olhos, geneticamente entranhado em seu ser. Porque, de fato, Ana, Poliana ou Tatiana, seja lá quem for, é uma artista. Tanto com as palavras em suas poesias, quanto com as palavras em sua boca em uma de suas mentiras.

Temos que admitir, mentir bem é uma arte. E para poucos. Porque mentir por mentir, todo mundo sabe e já fez um dia. Mas mentir, como ela bem sabia. Não era para qualquer é. Ela era uma artista na arte de mentir.

Voltando a Tatiana, lembro-me da vez em que vi ela chorar, trazendo de volta o brilho do seu olhar. Ela guardará em seu peito um amor! Sim, isso mesmo que disse. Um amooooooor, um amor daquele que machucam. Amor que fere. Amor não correspondido. Sabia que era um homem, aliás nunca duvidei da sexualidade de minha personagem. Ela é mulher que gosta de homem, mas uma mulher um tanto diferente e curiosa. E a curiosidade nos permiti usar coisas que nunca imaginávamos que teríamos coragem. Como já disse, coisas de adolescente. (E não quero mais questionar a sexualidade de minha personagem, meus olhos ardem, já noite e madruga. Estou cansada. Mas preciso continuar).

Era mesmo verdade, ela o ama. Como nunca amou ninguém. Um amor desses que chamamos de platônico. Calma, eu vou contar que é o seu amor. Mas antes preciso respirar mais uma vez.

Um comentário de um amigo “Uma pessoa que não sonha é uma pessoa emocionalmente em coma”.

Minha personagem tem vida sim, complicada, diferente, porém saudável. Pois de sonhos ela vive, e em seu coração há tanto amor que a fez esquecer da mentira. Isso mesmo, minha personagem ficou cega. Sim, cega de amooooorrrr. Agora o coração dela pulsa por amor.

Beth notou a mudança da filha, que parecia mais madura. A fase da rebeldia estava escorrendo, a cada vez que ria e seus olhos brilhavam de alegria. O amor tem dessas coisas. Aliás o amor é o maior e melhor sentimento que já conheci. (poderia ficar a vida toda falando somente do amor, mas tenho que voltar essa história, que está me consumindo, preciso contá-la, urgente).

Tatiana guardará seus poemas numa caixa preta, debaixo da cama. Sua mãe nunca descobriu, até o dia em que por descuido deixou a caixa em cima da escrivaninha. Sim, Beth encontrou sua caixa preta, seus poemas, sua vida, seus segredos, seus desejos, seus lamentos, suas alegrias, suas angústias... e agora? Se ela ler todos os poemas, Beth irá matar minha personagem. E terei que terminar minha história aqui.

Não, por Deus, não e não! Preciso impedir que Beth continue a ler os poemas. Preciso dormir, é isso. Tenho contato com minha personagem nos sonhos. Preciso dormir urgente. Mas estou sem sono, preciso terminar isso. Preciso contar sobre Tatiana, sobre seus poemas, sobre seus segredos, sobre seu mistério.

Beth, curiosa abriu a caixa preta. Não sabia o que a esperava. Nem por um instante ela imaginava o que teria naquela caixa. Ela olhou meio decepcionada por ver papéis.

Mas lógico que não eram apenas papéis, era poemas. Arte impressa. Era vida. Era amor, era o mais puro do eu de Ana, Poliana ou Tatiana.

A curiosidade de Beth era tamanha, que mesmo decepcionada, começou a ler um dos poemas.

Beth em correu em desespero, correu tanto que ao falar com sua filha as palavras ofegantes se confundiam, e nada conseguia dizer.

Tatiana viu seus poemas pelo chão, espalhados com simples papéis jogados. Tatiana se pois a chorar. Tivera sua primeira decepção, passou dias e dias chorando.

Que dor!!! Ela saiu de mim em palavras, estava aqui esse momento. A máquina travou, perdi boa parte dela! Que dor... agora eu choro com Tatiana. Tentarei reescrever numa imensa tristeza de saber que não será igual ao que escrevi segundos atrás. Preciso de ar... ainda não acredito que esta maquina engoliu um enorme pedaço de minha personagem. Somente o vento de um som pra acalmar essa minha dor de perdê-la. Oh, Tatiana é luz, uma raridade.

Ficou durantes dias no quarto escuro fechado, as lágrimas escorriam, e ela reviveu tudo! Sentou no chão frio e sujo, foi pegando poema por poema! Oh, minha Tatiana! Como eu tenho orgulho de você. Você é puro amor em vida!

Tatiana ama sem medo, por isso mergulhava em fotografias. Tatiana ama com paixão, por isso viva intensamente. Tatiana ama de verdade, por isso mentia.

Atrás do mundo escuro de Tatiana havia um corredor, e muito burburinho. As suas colegas que vieram visitá-la falavam da vida de Tatiana.

É incrível como as pessoas falam da vida dos outros. Isso me leva a crê que a vida de Tatiana era mundo mais interessante do que as de suas colegas. Elas viviam em função de falar, inventar, fofocar, aumentar um conto, um fato, um história. E na situação de Tatiana era imprescindível se ouviu a palavrinha “ô coitada”.
Tatiana abriu a porta do seu mundo, e gritou. E vocês? O que são?

Silêncio.

De fato, as colegas de Tatiana não sabiam nem o que era o amor, que dirá quem eram. Elas eram daqueles tipos de pessoas que vivem a vida dos outros, pobres e fracassadas almas, que viviam num cotidiano medíocre... blá blá blá blá... e quem é mesma a “ô coitada”? Quem amou e sofreu? Ou quem nunca amou?

A vida de Tatiana era muito interessante, e preciso contar. Irei falar dela, pois é muito mais interessante do que estou hoje.

Ah, Tatiana ama, por isso perdoa! De cabeça erguida, sorria pra mãe e nunca mais falará sobre o assunto. Era um eterno silêncio entre elas. E esse mesmo silêncio perdurou entre anos, e só voltaram a se falar no dia da morte de sua mãe. Tatiana, agora mais adulta e madura, falou baixinho ao túmulo de sua mãe.

- Mãe, eu te perdoou.

Com as mãos sob as mãos da mãe, doou um poema como se fosse uma rosa.

Tatiana amava Beth, por isso chorava rosas...

O coração de Juliana pulsava numa intensidade tão forte, que fez ela se arrepiar de corpo inteiro. Como se pudesse senti sua mãe novamente. Momento único, ali ela era Ana, Poliana e Tatiana, todas em uma só, todas em um só momento. Pouco importava naquele momento qual era seu nome, seu coração estava entregue, ela era só alma e coração. Seus olhos brilhavam como nunca. Verdade ou mentira, ninguém sabia dos verdadeiros sentimentos dela com a mãe. Era uma relação meio conturbada, fria, seca, muitas brigas e desentendimentos. Às vezes era ódio. Ás vezes era amor. Os sentimentos sempre fora algo muito confuso para Tatiana. Mas acredito que minha personagem apenas não admitia, era medo, por isso escondia o seu grande amor por sua mãe. E sabe, pouco importava se ela era ou não mãe verdadeira, sua cor, sua aparência, isso tudo pouco importava. Tatiana a amava muito, mas mentia para si mesmo. Ela mentia, e mentia de se tornar tão verdadeiro para ela própria. Já sabia mentia pra si, como uma verdade dita do coração. Tatiana ama... e naquele dia Tatiana também tinha sido enterrada junto a sua mãe.

Tatiana chorou para nascer Juliana, uma mulher, uma advogada, uma vencedora. Ela se tornara tudo que sua mãe desejou, responsável madura, rica, uma mulher madura e independente. Juliana não sabia, mas sentia que sua mãe podia ver e se orgulhar da filha que ela se tornará.

Juliana não olhava pra trás, apenas caminhava, e a mentira fazia parte de si. Era como um órgão, indispensável e necessário para aturar os dias sem a sua mãe.

Ás vezes ela fazia a mesma cara de quando era bebezinho, chorando na escada escura. Mas nenhuma lágrima escorreu do seu rosto, depois que sua mãe se fora. Levava uma vida vazia. E seus únicos amigos eram seus inseparáveis poemas. E durante anos viveu assim, escrevendo seus amigos, guardando suas dores num papel, chorando em palavras...

Todos os dias pareciam tão iguais para Juliana. Ela se sentia cansada da seriedade de sua vida, tão formal, fria, calculista, não tinha amigos, apenas alguns amantes, mas sentimento só tinha por seus poemas. Ela amava seus poemas. Era tudo pra ela. Era sua vida. Era o refúgio de sua alma. Ali era o seu momento. Ali ela era só ela.

Esse é um dos momentos que me preocupava. Minha personagem estava se escondendo cada vez mais em suas mentiras. Para a sociedade ela era uma ricaça solteirona, feliz e bem sucedida. Feliz? E o que é a felicidade? Juliana tinha tudo que uma mulher poderia desejar. Roupas da moda, jóias, o homem mais lindo aos seus pés, um carro importado, uma mansão, fazenda, uma ilha particular, além de ser uma mulher linda e sensual. Mas do que valia isso? Ela só vivia quando escrevia.

Em dias de chuva, Juliana já uma senhora idosa, se escondia ainda atrás de seus poemas. As gotas escorria por suas contas sob uma capa plástica de cor azul marinho, suas pernas já eram tão fracas que não suportavam caminhar. Ela parava em cada esquina e esperava, mas ninguém chegava. Essa era mesmo sua sina, ser abandonada num envolto de um plástico vazio.

Uma vizinha certa vez havia indicado um terapeuta famoso, e na mais alta sociedade ela ouvira que os terapeutas são os amigos mais confiáveis. E ela sempre desejava ter um amigo, conquistou tudo na vida. Mas faltava algo, um amigo, um terapeuta seu dinheiro podia pagar.

Ficou durante três meses a pensar, ir ou não ir. Já tinha marcado e remarcado a consulta pelo menos umas nove vezes. Ela pensará como sua vida era uma verdadeira mentira. E comprar um amigo seria se enganar mais uma vez.

A chuva ainda caia forte em suas costas, entrou no consultório. E lá estava, meu amigo? Será? Ela não sabia o que era um amigo, ela só tivera o amor de sua mãe, um amor platônico na adolescência, e muitos amantes ao longo de sua vida, todos os outros eram apenas vermes. Criaturas sebosas, nojentas, interesseiras e falsas. Definitivamente, ela não sabia o que era ter um amigo.

O terapeuta chama-se João Alberto Vilas Boas. Aqui soou ao seus ouvidos como uma amizade de longas datas. Ele era realmente simpático, homem vistoso, cabelos já grisalhos denunciando a sua vasta experiência.

- Olá, como qual é seu nome?

Silêncio. Ela pensou. Meu nome?! Qual dos... seu pensamento foi alto, ela pensou durantes alguns segundos que lhe pareceu uma eternidade de uma vida de mentiras. Enfim retrucou:

- Como assim meu nome? Qual o nome que você quer?

O médico meio amedrontado, disse.

- O nome que te deram quando você nasceu.

Num suspiro em alturas, ela disse.

- Rosana.

- Lindo nome.... Rosana é nome Santo!

Silêncio. Ela pensou consigo, santo? Isso existe? Ela só tinha escutado falar de Deus, santos, religião pouquíssimas vezes, e sem mentia. Já foi budista, católica, evangélica, cristã, espírita... a depender do que te agradava no momento. Ela podia ter a religião que quisesse, era só dizer, todos acreditavam. Ela tinha o dom de mentir! Era seu talento nato.

O Terapeuta interrompeu seu silêncio e disse.

- Sim, Rosana, me diga! Qual o seu problema?
Silêncio. Ela já ficará irritada em só pensar, aquele silêncio remoia por dentro, ela não tinha resposta pra nada. Não sabia que era tão difícil ter um amigo. Aquelas perguntas difíceis confundiam o seu juízo. Ela pensava, e o silêncio entranhava mais e mais. Se questionava, se perguntava e mesmo respondia. Meu problema? Não sei? Talvez eu. É, acho que o problema sou eu.

E o Terapeuta assustado com o silêncio que durava horas e horas, interrompeu o seu momento mais uma vez.

- Fale sem pensar. Por que você veio aqui?

Ela subitamente, em meio a um impulso inevitável disse.

- Vim à procura de um amigo.

O terapeuta meu desconcertado tomou o silêncio de Rosana para ele.

Ela era uma cliente diferente das outras. Era já uma senhora, e ainda procurava por um amigo? Por Deus, em que mundo está mulher vive. E a indagou?

- Não tem amigos? Que tipo de pessoa é você?

Rosana, não suportou mais uma pergunta difícil e saiu rapidamente da sala, como se fosse um bicho selvagem. E ali nunca mais voltou.

Sentou- se num bar e pediu uma bebida. Há tempos ela não bebia. Esquecerá até o gosto que dia um belo e aveludado vinho. Ela desejou aquele cálice e bebeu. Engoliu todas as lembranças de seu passado, sentiu uma tontura de vida. Pensou no terapeuta, pensou em suas perguntas difíceis.

Vamos lá Ana, Poliana, Tatiana, Juliana e/ou Rosana, nem eu mais sei quem é você. Saiu de mim, mas nem eu mesma te conheço. Como posso contar quem é você, e qual é mesmo seu nome. Essa sua mentira te empurra num abismo sem fim.

Chovia vento forte aquela noite era a mais fria. Já tinha tomado meia garrafa do vinho, ela se embriagava e bebia um pouco de si em cada cálice de vinho.
Rosana desmaiou em palavras... o que teria acontecido? A mentira a matou? E em sua mão esquerda estava um papel amassado, com alguns rabiscos. Seria o seu último poema? Ela era mistério, era pergunta sem resposta, era uma mentira, era um eterno poema...

Qual o seu nome?

O vento soprou ao meu serUma pergunta intriganteQual o seu nome?!Se o nome é doado quando se nascePois bem, que nome terei?!Se eu já nasci tantas vezesOntem eu fui uma criançaHoje eu sou uma mulherAmanhã quem sabeTalvez eu seja criança novamenteOu tão velha a ponto de morrerÀs vezes sou AnaUm bebê que acabou de nascerFrágil e indefesaAdoro chorar pra chamar atençãoÀs vezes sou PolianaUma criança que tento esconderInfantil e inocenteAdoro brincar e rir de tudo sem compromissoÀs vezes sou TatianaUma garota que gosto de serImpulsiva e rebeldeAdoro ser difícil e complicada de entenderÀs vezes sou JulianaUma mulher que preciso serResponsável e independenteAdoro ser séria e madura ao ponto de me compreenderÀs vezes sou RosanaUma senhora que não quer envelhecerSábia e experienteAdoro sonhar em ser criança outra vezMas, qual o seu nome?!Depende como me chamarPosso ser Ana, Poliana, Tatiana, Juliana ou RosanaPosso ter o nome que você quiser ouvirSeja boa ou ruimApenas sou quem sousem definiçãosem limitaçãosem descriçãoTodas elas eu souDe que serve um nomeSe posso ter tantos outrosConfesso não saber quem souMas sei o que desejo ser hojeE o agora é o que me importaPois eu me permito ser quem eu desejar serMuito prazer, hoje sou o que você não ver

Devo revelar a verdadeira mentira. Sim, a minha personagem ainda está viva. Não morreu. Você não vê, não consegue enxergar? A morte é uma verdadeira mentira. Esse poema é a prova viva de que sua existência. Reencarnada e viva durante anos ainda vai está entre essas palavras. Sim, isso é ressuscitar, das cinzas a luz divina. A palavra escrita permanece viva.

Mas de fato, que ninguém saberá a verdadeira mentira. Esse era seu mistério. Seu segredo. E mistérios não se revelam, senão deixam de ser mistérios. Assim como, segredos não se contam, senão deixam de ser segredos. Tudo o que posso dizer é que hoje me sinto mais aliviada. Essa personagem estava em mim, e precisava sair. Ela gritava toda noite, pedindo socorro. Eu era apenas a sua embalagem. O plástico azul marinho. A artista aqui não sou eu, é ela que estava em mim.

Ufa! Aliviada estou, só não sei até quando irá durar esse meu alívio. Meu envolto é diferente do outro que possuir. É, eu cresci! E de fato, que todos nós temos um problema, e o meu é escrever. Agora, eu só desejo beber um cálice da mais pura verdadeira mentira! Tome um cálice, embreasse na impressão de um olhar... O vinho está uma delícia, já estou completamente embriagada, deu até vontade de me mudar! Irei agora limpar o chão, está cheio de respingos.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Qual o seu nome?!

O vento soprou ao meu ser
Uma pergunta intrigante
Qual o seu nome?!

Se o nome é doado quando se nasce
Pois bem, que nome terei?!
Se eu já nasci tantas vezes
Ontem eu fui uma criança
Hoje eu sou uma mulher
Amanhã quem sabe
Talvez eu seja criança novamente
Ou tão velha a ponto de morrer

Às vezes sou Ana
Um bebê que acabou de nascer
Frágil e indefesa
Adoro chorar pra chamar atenção

Às vezes sou Poliana
Uma criança que tento esconder
Infantil e inocente
Adoro brincar e rir de tudo sem compromisso

Às vezes sou Tatiana
Uma garota que gosto de ser
Impulsiva e rebelde
Adoro ser difícil e complicada de entender

Às vezes sou Juliana
Uma mulher que preciso ser
Responsável e independente
Adoro ser séria e madura ao ponto de me compreender

Às vezes sou Rosana
Uma senhora que não quer envelhecer
Sábia e experiente
Adoro sonhar em ser criança outra vez

Mas, qual o seu nome?!
Depende como me chamar
Posso ser Ana, Poliana, Tatiana, Juliana ou Rosana
Posso ter o nome que você quiser ouvir
Seja boa ou ruim
Apenas sou quem sou
sem definição
sem limitação
sem descrição
Todas elas eu sou

De que serve um nome
Se posso ter tantos outros
Confesso não saber quem sou
Mas sei o que desejo ser hoje
E o agora é o que me importa
Pois eu me permito ser quem eu desejar ser
Muito prazer, hoje sou o que você não ver

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Cabeça virada

Foto: andré fernandes

Cheguei em casa tarde
E vi tudo revirado
Você esteve por aqui
Mas não me lembro

Não há retrato
Não há roupas suas
Não há nada seu mais aqui
Só há sinais por todo o meu corpo

Odeio essa minha memória
Por onde anda nossas recordações
Odeio não lembrar de você
Minha cabeça dói
Anda pensada
Estou de cabeça virada

Vago num cotidiano
Onde tudo me faz esquecer você
Mas os sinais revelam sua existência
E me faz odiar essa solidão

Meu mundo está completamente revirado
Até parece que estou pisando num nada
Onde você está
Não consigo lembrar
Do nosso primeiro encontro
Do nosso primeiro beijo
Da nossa primeira noite
Como posso esquecer quem eu amo tanto

Aonde estou vejo tudo revirar
O céu na terra
E a terra no ar
Minhas mãos caminham
E meus pés são o meu olhar

Sei que amo alguém
Só não me lembro
Como posso não lembrar de quem eu amo tanto
Devo está mesmo de cabeça virada

domingo, 3 de maio de 2009

Cegueira Lúdica

Foto: andré fernandes

Eu não sei o seu nome
E isso pouco me importa
Quero sentir você em mim
Você me faz sentir viva

Desde aquele dia
Você passou por mim
Invisível
Escutei apenas o som dos seus sapatos
E sua respiração cada vez mais acelerada
A medida que se aproximara de mim
Sua respiração acelerava mais e mais

Eu não sei que cor você tem
E isso pouco me importa
Quero sentir você em mim
Você me faz sentir viva

Você passa assim
Invisível
O que está acontecendo comigo
Essa minha cegueira lúdica
Não consigo te ver
Apenas sentir você em mim

Eu não sei que forma você tem
E isso pouco me importa
Quero sentir você em mim
Você me faz sentir viva

Eu só te peço
Da próxima vez que passar
Me leve com você
Preciso me curar
Dessa cegueira lúdica

Desejo te enxergar
Quando você passar
Seus passos é minha canção
Da última noite que passou
E apenas me tocou
Com essa sua respiração
Você me faz sentir viva

Minha cegueira lúdica
Te deixa invisível
Desculpa, meu amor
Passe novamente por mim
Espero que desta vez
Eu possa te enxergar

Escuto por ai
Que você é tudo que desejei
Até parece que eu o fiz pra mim
Mas ao longo de minha vida
Fui contaminada por essa cegueira lúdica

A doença tomou conta de mim
E só consigo ver todos como um só
Não conheço as letras
Não conheço as cores
Não conheço as formas
Meus dias são todos iguais

Mas, pela primeira vez
Minha cegueira lúdica
Me permite sentir você
Mesmo sem saber
Qual o seu nome
Qual a sua cor
E qual a sua forma
Sinto que é diferente
Mesmo sem conseguir ver
Sinto que você já é meu

Por favor
Quando passar, cante pra eu saber
E eu irei me lembrar de você

Sou cega
Mas nunca esquecerei
Esse seu modo de andar
Nem a sua respiração ofegante
Ao se aproximar de mim

Prometo que irei te reconhecer desta vez
Passe novamente por mim
Passe e me leve contigo
Consegue me sentir
Estou impressa no seu coração

Você é minha cura
A cura pra essa minha cegueira lúdica
Quando você também me sentir em você
Irei te enxergar assim como você me ver

sábado, 2 de maio de 2009

Mais uma noite de ardor

Foto: andré fernandes

Antes da noite chegar
Tudo que se move são pedaços
Meus casos são belos fracassos
Um mero acaso

Passo o dia inteiro pensando
Em mais uma noite de ardor
De fato temos algum entrelace
Mas você teima em fazer descaso

O tempo passa
Me afaga
Me prende
Me larga
Seu orgulho não deixa
Admita que ainda me quer
Nos braços do vão da sacada
Você senti o mesmo que eu
Você deseja
Você também quer
Mais uma noite de ardor

Qualquer dia desses
Irei pular desse penhasco
Você tem que se curar
É puro orgulho ferido
São tantos os indícios
Um mero desperdício

Pra te ver
Vivo no sexto sentido
Uso armas de feitiço
Sem medo de sofrer

Pra te ter
No abismo eu irei
Mergulhar num acaso
Sem medo de morrer

Pra você
Eu sou apenas mais um caso
Pouco importa
Se tudo que eu preciso ter
É viver desse proibido
Do pulsar de um coração sem razão
Sem noção de tempo algum

Me mate
Eu desejo morrer mais uma vez
Desse crime que sou eu e você
As roupas espalhadas pelo chão
São as cúmplices desse acaso
Meros vestígios
De mais uma noite de ardor

Paga-se

Foto: andré fernandes

Paga-se para viver
Paga-se para ver
Paga-se para ter
Paga-se para ler
Paga-se para comer
Paga-se para morrer

Paga-se
Por tudo que tem valor
Ê vida que custa

Paga-se pelo amor
Paga-se pela dor
Paga-se pela cura
Paga-se pela fuga
Paga-se pela flor
Paga-se pela cor
Paga-se pelo sufoco

Paga-se
Até pelo que nem tem valor
Ê vida que custa

Qual o valor que tem
Essa vida de refém
Qual o valor que tem
Essa obrigação em se manter

Por dentro já está tudo podre
Mas veste-se de perfumes
Aromas vísceras
Até aonde irá chegar
Eu estou pagando pra ver
Isso não é viver
A morte é a sua companheira
Esse é o custo de se vender

Sujos
Imundos
Eu estou pagando pra ver
Isso não é viver
A morte é a sua companheira
Esse é o custo de se vender

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Pés

Foto: laila guedes

Pés que apenas caminha
Pés que traçam caminhos
Pés que deixam marcas
Pés que abrem caminhos
Pés que apagam marcas

Pés
Pés que pisam com força
Pés
Pés que pisam e afunda
Pés afortunados

Pés que cruzam
Pés que tropeçam
Pés que desenham
Pés que incomodam
Pés que queimam
Pés que dominam
Pés que dançam
Pés que tocam
Pés que cantam
Pés que pintam
Pés que flutuam
Pés que mergulham
Pés que machucam
Pés que odeiam
Pés que elevam
Pés que fedem
Pés que fogem
Pés que choram
Pés que abraçam

Pés
Pés que levam pedaços
Pés
Pés que deixam pedaços
Metade de pés

Pés esfolados
Pés traiçoeiros
Pés maltratados
Pés cabeludos
Pés perfumados
Pés imundos
Pés embaçados
Pés enamorados
Pés molhados
Pés encolhidos
Pés inchados
Pés formosos
Pés juntos
Pés separados
Pés perdidos
Pés cruzados
Pés aleijados
Pés fracos
Pés experientes
Pés traidores
Pés frios
Pés fortes
Pés ligeiros
Pés distraídos
Pés quentes
Pés lentos
Pés inquietos
Pés tímidos

Pés
Ponta dos pés
Pés
Pés que deixam pés
Pontapés

Pés de amores
Pés de horrores
Pés de luxo
Pés de fé
Pés de mundo
Pés de fumo
Pés de mimo
Pés de barro
Pés de bebês
Pés de adultos
Pés de idosos
Pés de criança
Pés de toda nação

Pés
Nossos pés
Pés
União de pés

Pés carentes
Pés doentes
Pés bêbados
Pés negros
Pés brancos
Pés vermelhos
Pés malfeitos
Pés inteligentes
Pés grandes
Pés pequenos
Pés gordos
Pés magros
Pés espertos
Pés egoístas
Pés femininos
Pés masculinos
Pés enfaixados
Pés enrugados
Pés solitários
Pés amigos
Pés amantes
Pés inimigos
Pés loucos
Pés apaixonados
Pés fofos
Pés loucos
Pés finos
Pés lindos

Pés
Pés que sobem e descem
Pés
Pés que olham os pés
Nus pés

Pés com equilíbrio
Pés com brilho
Pés com destino
Pés com futuro
Pés com fama
Pés com sorte
Pés com laço
Pés com asa
Pés com pretenção
Pés com proteção
Pés com preguiça
Pés com manchas
Pés com azar
Pés com suor
Pés com areia
Pés com meia
Pés com tudo
Pés com pés

Pés
Pés que plantam
Pés
Pés que colhem
Pés de plantação

Pés sem compromisso
Pés sem pele
Pés sem forma
Pés sem vergonha
Pés sem medo
Pés sem dedos
Pés sem fundo
Pés sem sexo
Pés sem nada
Pés sem pés

Pés
Pés que se perdem
Pés
Pés que se encontram
Amantes por pés

Pés
Cada um com seus pés
Um caminho de marcas de pés
Apenas um pé
A pé
Estrada de fé
O caminho está aos seus pés
Descalços ou calçados
Caminhe com fé
Vá a pé
Pé que dá e abre

Pés
São seus pés
Vá a pé
Com seus pés

P.S.: isso não tem fim... existem tantos pés, que não sei quanto é tanto! E mesmo que eu consiga descrever todos os pés existentes, sempre irá nascer novos e diferentes pés para eu escrever. Completem esse poema para mim!!!