quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Deleite

No princípio me sentia envaidecida ao ser elogiada. Meu ego ia nas alturas se encontrar com a minha auto-estima, que aliás, neste exato momento estava "altíssima". Nas alturas a minha inocência era também proporcional. Em momentos que minha alma reluzia, acreditei em todos. Acreditei veemente em todos os elogios dirigidos a minha pessoa. Acreditei, acreditei, em todo o carinho, em tudo e todos. Como uma criança, inocente e descrente de qualquer mal.

Eu só sabia amar. Amei. Amo. E sempre amarei. Amei me sentir assim, naquele momento, minha criança era tão feliz. Como numa festa de doces e brinquedos dos mais coloridos ao mais divertidos. Eu era a criança popular. Era algo que vinha de mim, eu sempre quis ser notada, elogiada, aplaudida... Mas também, a criança que muitos desejam derrubar do brinquedo.

Recordo-me bem do dia que cai pela primeira vez do cavalinho do carrossel. Era alto. Eu subi com ajuda de pessoas que me amavam de verdade. Uma hora meu pai. Outrora minha mãe. E até mesmo meu irmão mais novo, que apesar de ser menor, juntos eramos mais fortes e maiores. Antes de aprender a subir sozinha, muitos deles me ajudaram, todos eles, cada um da sua maneira. Hoje já sei subir no cavalinho do carrossel, mas nunca esquecerei das quedas, que veio o choro. Eu não conseguia ver ninguém além de meu pai, minha mãe e meu irmão que logo vieram secar minhas lágrimas, nada disseram e nada fizeram para impedir minhas lágrimas de escorrerem. Apenas secaram minhas lágrimas que escorriam entre soluços. Hoje eu mesmo seco minhas lágrimas, ainda sou aquele criançinha pura e inocente, mas aprendi a não me deixar molhar.

Ainda sou, completamente, inteira, cheia de sonhos e da tal inocência que me transborda. Junto ao tempo e as quedas, veio a sabedoria e a proteção. Inocente, porém protegida hoje eu sou. Envaidecida?! Sim, muito. Mas muito mais envaidecida por aqueles que me amam de verdade e soletram palavras de puro amor.

Novamente no topo, no mais alto que já estive, no topo de minhas emoções, montada no cavalinho do carrossel abraçada por minha família. Desta vez não irei cair, apenas irei me deleitar com o bom da vida.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Reflexo

Passei a vida inteira procurando o culpado
O culpado
O culpado de tanto sofrimento
E hoje me vejo perdido
Condenado a viver nessa prisão espelhada
Cara a cara com o meu eu
Reflexo, reflexo

Sinto o quanto me perdi
Meu rosto está cheio de marcas
Cara a cara com o meu eu
Reflexo, reflexo

Eu tento me ver
Mas não consigo me reconhecer
Envelheci demais
Em tão pouco tempo
Nem percebi
Outro dia eu era tão jovem e cheio de vida
E esse é o reflexo do meu ser
Reflexo, reflexo

Minha memória anda tão fraca
Nem me recordo o dia em que fui preso
E hoje vivo do reflexo do meu ser
Todos os dias me vejo cercado por mim

Amanheceu, mais uma noite sem dormir
Um dia inteiro carregando a minha mente pesada
O peso se arrasta
O peso se arrasta

Meus remorsos não me deixam dormir
Eu não consigo ficar
Eu não consigo ficar nem mais um segundo
Essa prisão está me consumindo
Eu só vejo eu e eu mesmo
Ninguém mais, apenas eu mesmo

Oh, oh
O desespero me persegue
Oh, oh
O desprezo é tudo o que tenho
Eu finjo não sentir
Mas eu sinto tanta dor
Sinto não ter sido
Sinto não ter você comigo
Sinto tudo em tão pouco tempo
Oh, oh
Eu sinto tanta dor

É difícil aceitar
Que estou cercado de mentirosos
É difícil aceitar
Que sou o reflexo de mim
E esses são os fantasmas que não me deixam dormir

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Não se Perca

Não se perca
Eles vão querer te confundir
Desviar seu caminho
Mas lembre-se, você não está sozinho

Sempre existirá a porta de saída
Corra o quanto puder
Saia daí antes que eles te levem embora
Para um mundo de alívio provisório
Lá nada é eterno 

Não se perca
Eles vão querer te confundir
Desviar seu caminho
Mas lembre-se, você não está sozinho

Você não percebe que eles estão querem te envenenar?
Acorde deste pesadelo
Isso não é real
Não era o que estava previsto
Você nasceu para ser você

Essas falsas sensações não irão durar
Ao acordar entre lágrimas
Tudo aquilo que sentiu
Já não te pertencem mais

Suas mágoas
Seus medos
Seus arrenpendimentos
Você os possuem
Como curvas do seu ser

Isso é um abuso
Eles te enganam
A cada gole
A cada tragada
A cada cheiro do que você não é
É esse o veneno do mundo
Mas, por favor, não se perca de você!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Quando você se distrai

Todo mundo me pergunta porque ainda estou com você

E o silêncio é tudo que sei dizer

Você não consegue escutar 

E ninguém entende o que eu quero

Nem eu mesma sei dizer

Apenas sei que já é hora de mudar


Nunca fui ingrata

Você que nunca soube me ajudar

Há momentos em que não precisamos dizer nada

Apenas perceber de onde vem tanta bondade


Você diz que me ama

Mas não sabe dançar no meu ritmo

Porque quando você se distrai

Eu descubro quem você é


Um dia cheguei a pensar que você era especial 

Mas esse seu lado cansa o meu coração

E viver juntos está cada vez mais distante

Não foi isso que eu sentir quando te vi


Agora não estou mais cega

Não sinto mais o que me cegou

Porque quando você se distrai

Eu descubro quem você é 

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Abra os olhos

Abra os olhos
Seus olhos de clarão
Que tudo cega
E tudo crê

Abra os olhos
E sinta os olhares
Veja bem, os nossos olhares irão se encontrar

Só feche os olhos
Que me vêem com meias verdades
Que me vêem com os olhos do passado

Abra os olhos
O momento é de enxergar o futuro
Como prova de um presente bem visto
Cheio de olhares verdadeiros, inocentes

Abra os olhos
Eu quero que me veja
Do pequeno ao grande
Do mais intenso e profundo dos olhares
Com os olhos de quem não quer nada
Não fala
Me cala
Seus olhos me guiam
Profundo nessa escuridão
Seu olhar fala em silêncio
Versos cantados de uma viola
A dois passos do nosso olhar

Eu acredito nos olhos da verdade
Aos olhos dos cegos
Aos poucos
Aos loucos
Que enxergam além do que se quer ver
Mas sei que são dos olhos que não me vêem
Os mesmos que molham o rosto ao me perder

Abra os olhos
Olhe pra mim
Quando abrimos os olhos
Conhecemos o mundo de outro alguém

Meus olhos
Seus olhos
São dos seus olhos o silêncio que me cala
E somente fala o que enxergas dentro de mim

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Assim não dá mais

Tudo corre
Caminha tão rápido
E eu quase não te vejo

Meus olhos apenas ardem de saudade
Queimando o que há aqui dentro
Esse sono profundo não passa
E afasta o que tem de melhor em mim

Ando meio sem graça
Tão ocupada
Sem tempo até para pensar em você

Espero acordar
E ter todo o tempo pra você
Mas tudo anda muito rápido
E a distância só aumenta entre eu e você

Assim não dá mais
Ficar longe de você
Te quero
Te espero
Muito mais próximo do meu eu

Dentro do meu mundo confuso
Só existe eu e você

domingo, 23 de agosto de 2009

O que é que dá em mim

O que é
Que é
E o que não é
Que dá em mim

Tão distante do mundo
Desprendido do seu eu louco
Lucidez fingida
Que engana a si mesmo
O que é
E o que não é

Tudo perdido
Mundo fingido
Cercado do que é
E do que não é

O que é
Que é
Nem tudo é o que é
E o que é que você quer
Se nem sabe o que é que dá em mim

sábado, 22 de agosto de 2009

Se ele te chamar, vá!

Se ele te chamar, vá!
Sem medo de não saber onde pisa.
Sem medo de cair e se machucar.
Sem medo de ser abandonada e ficar sozinha novamente.
Apenas vá, sem medo!

Tudo é incerto.
Até mesmo o momento que ele te chama.
O certo é que ele irá te chamar.
Quando menos esperar, ele virá.
Tenha calma, e saiba esperar.
E quando ele te chamar, vá!
Mesmo sabendo que podemos nos estrepar.
Mesmo insegura de tudo.
Mesmo se achando feia e chata.

Apenas vá, sem se importar com o que acontecerá.
Vá do jeito que está.
Sem roupa.
Com roupa.
De cara lavada.
De cara marcada.
Vá, não deixe de ir.
Mais vale ir do que deixar de ir.

Se ele te chamar, vá!
Correndo, andando, vá no seu ritmo.
Mas, nunca deixe de ir quando ele te chamar.

Não ir é morrer, é se arrastar como um mendigo.
Não ir é não permitir, é não viver, é não ser feliz.
Portanto, se ele te chamar, vá!
Quem já foi sabe do que eu sinto ao escrever.
Se ainda não foi, vá!
E assim saberá o que é viver e ser feliz!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Só pra não dizer que desistir

E o que será de um ser
Que não fala
Que não ver
Que não sente pra valer

Esconde querendo mostrar
Tenta soprar sem nada falar
Segredos de quem eu nem sei
Até pra mim será por não saber falar

Só pra não dizer que desistir
Ou que não levei flores ao ver você partir
Ou que não toquei a nossa canção
Mera distração, cansaço
Ou sei lá o que me passa.

Só pra não dizer que isso ou aquilo
Eu simplesmente deixo passar
E ouço tocar algo novo em meu lar
De dentro sai tudo que não deve se guardar

Explosão!

Preciso falar
Senão terei que calar
Só pra não dizer que desistir
Cansei, cansei... cansei!

Mas ainda não disse que eu desistir
Mesmo que consiga quando não se quer mais
No momento certo, no tempo exato de sua eternidade
O que é seu, virá!
E o que é meu, perdurará!

O importante é não desistir
Mesmo não querendo mais
O que é seu, virá!
E o que é meu, perdurará!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

JANELA DE CORES

Na varanda me propus a escrever sobre o que entre sabedoria, ensinamentos e aprendizados, relatei. Eu vivi, me envolvi, me doei... me perdi antes mesmo de me encontrar entre eles ao ligar a televisão.

Eles não foram apresentados, se conheceram simplesmente. Eu recordo-me bem do seu semblante maduro e sério, homem alto, de paletó e gravata. Era de uma elegância que hipnotizava. Quanto a ela uma menina, alegre, sincera, determinada, brigona, de coração e alma pura de uma criança que acabara de provar o primeiro doce da festa. Eu assistia a tudo, de camarote, do lugar mais privilegiado. De perto, de longe. Tão próximo, e tão distante. Eu só os observava e já podia prever tamanha afinidade... intimidade, uma estória boa de se assistir e aplaudir de pé. De fato, não sabia exatamente onde iria chegar, nem como e nem o que iria nos causar. Ao final, pretendo saber que fim terá. Se é que estórias assim têm um fim, pelo simples fato de que tudo tem um fim.

Tudo foi tão rápido, assim com suas mãos e suas palavras gesticulavam uma linguagem jamais vista ou sentida. Tentava entender meio por intuição, num olhar, num brilho, num gesto de defesa que eles teimavam em usar. Assim como um doce após outro, ele sempre tinha no bolso. Tinha dias em que a crise era longa e de muitas pastilhas, daquelas bem fortes de arder, ele mastigava uma após outra, chupava, engolia, mastigava, inquieto, mensagens ao celular, a agonia, a impaciência, a pressa... a pressão, os olhares alheios, os comentários, as pessoas, os olhares e os comentários. A vontade era maior do que a consciência de controlar-se diante de tamanha tentação. De calça jeans justa, morena, malhada, ela tem olhos que brilham, que iluminam qualquer ambiente escuro. Seus olhos refletiam o desejo que ele sentia, mesmo querendo disfarçar, seus gestos já não eram mais tão convincentes.

Na semana seguinte, às 7 da manhã, ele estava na sala ansioso para iniciar seu trabalho. Ela chega logo em seguida e olha para alma daquele homem que nem ele sabia o porque de está lá, diante dela, sendo refletido em seu olhar tão brilhante. Entre tumultos, confusões, desentendimentos, entre tantas outras, ele apenas sorria para ela. Tinham idades diferentes, e estórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para aquela mulher meio menina, menina meio mulher... Uma linda mulher. Seja ela menina ou mulher. Seu perfume entranhava em suas entranhas, dando ordens e exigindo o que ela mais queria.

Simpática, atraente, de olhar penetrante, é mulher de matar qualquer um. Mas ela procura algo mais. Entra no carro e liga o som. Ela usa um par de brincos e um colar de ouro com diamantes. O relógio de ouro em seu pulso marcará a hora do encontro. Ela acelera o carro. Suas mãos ao volante mostram seus dedos solitários. Em seus dedos nenhum anel. Como assim?! Uma mulher enriquecida com tanto ouro e diamante, e em seus dedos nenhum anel. O som do carro muda a música. É o cheiro que ela mais gosta. Sua mão direita muda a marcha do carro, deixando somente a mão esquerda no volante. Agora ela guia de uma mão só. Acelera mais e mais. Ela segue em frente. E ver sua mão esquerda no volante. Ela sentiu falta de algo em seus dedos. Um brilho radiante. Partículas cintilantes. Uma cor rica ao extremo. Os dedos em sua mão esquerda. Uma mulher sem anel. Seus dedos merecem algo melhor. Em seu caminho, ele surgiu na esquina. Ela freia bruscamente e ele entra no carro. O som toca a música deles. Ele deseja ser feliz. E ela ainda procura o anel. As mãos deslizam a procura de algo mais. E só encontram mais uma mão com dedos. A mulher sem anel. E o homem com o anel de outra. Silêncio entre sorrisos e olhares. De mãos dadas, eles se sentem completos.

Ela não agüentou o cheiro bom do amor e falou:
- Tô com fome!!!

Ele no carro, do lado do carona, sem ter um tostão no bolso, põe e tira a mão do bolso, uma vida veio em sua mente se arrastando desde muito cedo em busca de um verdadeiro amor, olha com os olhos marejados para ela e pede mais um pouco de paciência, e afirma ainda não poder dar de comer a tanta gente.

E ela só olha pra ele, com um olhar faminto e uma boca sedenta. Ah, ela é tão maravilhosa! Ela é mulher que mexe. Mexe com tudo e com todos. Sempre bem acompanhada de seus gestos inquietos. As mãos nervosas que passaram ligeiramente sob a boca, como se limpasse algo que escorria por entre seus lábios macios e sedosos. Seus olhos brilhavam e piscavam pedindo amor, pedindo mais, pedindo um pouco de muito mais, um pouco de tudo... tudo e muito mais.

Dei uma pausa, fui ao banheiro cheia de questionamentos, que me confundia, me atordoava. Ela gosta dele? Ou gosta de como é quando está com ele? É coisa da cabeça ou do coração? Da razão ou da emoção? Ela gosta de tê-lo por perto? Ela gosta de sua companhia, mas não está interessada em compromisso com ele? E ele? Gosta dela? Ou ele só quer gostar de alguém? E agora é ela? Ou será ele e ela? Do que ela gosta? Como ela gosta? Que cor ela gosta? Como é que ela gosta? Que gosto tem isso tudo? Será mesmo que ela gosta dele? Ela muda quando está com ele? Ela fica sem jeito quando está com ele? Ela não sabe o que dizer? Ela quase cai com ele? As pernas tremem? Ela ensaia e na hora nada fala? Ela sente medo de parecer boba? De parecer infantil? Ela não sabe o que fazer quando está com ele? E ele? Ele gosta de estar com ela? Gosta apenas da companhia? Gosta do bem e da energia que vem dela? Ou gosta mesmo dela? Será que ele gosta mesmo é do olhar dela? Ele gosta dos defeitos dela? Ele gosta de como ela é? Do que ele gosta? De quem ele gosta? Quando ele gosta? E quem disse que isso tudo é gostar de alguém? É ele? Ou será ela?Ele e ela?Ela e ele? São eles? São elas? Ele existe? Ou será apenas um sonho? Um desejo? Um absurdo? Um tudo? E se o encanto acabar?E ele perceber que gosta de outra? Ou ela perceber que gosta de outro? Mas ele gosta dela? Ou ela gosta dele?Isso mesmo é gostar? Ela o criou? Ou ele a criou? Ele não existe, é isso? Que desespero, se ele nunca existiu como ela pode existir? E ela existe mesmo? Onde está ele? Por onde anda ela? Pergunta-se por não saber? Pergunta-se por não sentir? Ou pergunta-se por mania de tudo perguntar? Ele e Ela? Ela e Ele? São só perguntas sem respostas? Mas são só ele e ela? E eu? O que eu sei?Eu o conheço? Eu a conheço? Eu conheço os dois juntos? E se eu nem conheço nem ele e nem ela? Isso tudo é o que pergunto? Ou são afirmações com erros de entonação? E quem é mesmo que pergunta?

Tudo mudou, tudo passou, mas o amor daquele improvável casal, impressionava a todos que conheciam um pouco da estória de cada um, de um lado uma orquestra, do outro puro batuque. Mas era uma única melodia, uma única canção, eles eram únicos e não sabiam. Ah! Eles duvidavam e não sabia, se deixou levar, apesar de alguns pensamentos de que eram diferentes demais. Eles não tinha nada em comum? Eles tinham tudo em comum? Eles tinham mais em comum do que imaginavam. Eles não entendiam que o verdadeiro amor chegou. Mas os seus corações se permitiram, se perceberam, se sentiram, se amaram.

Que filme!! Acredito que o Melhor Filme que já assistir! Filme este indicado a 05 oscars. Melhor atriz. Melhor ator. Melhor trilha sonora. Melhor figurino. Melhor roteiro. Duvido que ganhe tantos oscars. Melhor atriz e melhor ator? Definitivamente, não! Eles já provaram ser péssimos atores. Melhor trilha sonora? Tenho lá minhas dúvidas, por ser tão eclética e de extremos tão distantes. Ora bem orquestrada, ora bem percussiva. Melhor figurino? Nãooooooo... houveram inúmeras tentativas para uma melhora, mas todas falias. E melhor roteiro? Ah, esse sim merece Oscar! Eu ainda estou assistindo ao filme. Mas posso garantir. Trata-se de uma história simples, mas forte ao mesmo tempo. Eu estou encantada. Vi-me várias vezes no filme. Senti-me parte do filme. Envolvi-me. Entreguei-me. De fato, é um filme apaixonante. Cheguei até a pensar que já havia assistido a esse filme. Mas não, o filme me parece familiar, mas é diferente. E acredito num final diferente. Eu choro, eu torço... eu torço e choro! Esse filme é de emocionar!

Continuo a assistir ao filme. Eu torço por um final surpreendente, diferente de tudo que já vi. Mas, me preocupo. A atriz talvez morra. De saudade, de solidão... de...!!! Conheço a essência de uma mulher. Mulher forte, determinada, de palavras rápidas e mãos nervosas. Sim, eu a conheço! Sinto um pouco dela em mim, e um pouco de mim nela. Eu sei bem, mulher assim não se apaixona fácil. Mas quando ama é pra valer. Ela sabe amar de verdade.

Estou na cena em que a atriz está bem angustiada, apreensiva. Incrível, suas emoções são transmitidas para mim. Sinto-me igualmente angustiada e apreensiva. Ela se preocupa. Eu me preocupo. Ela, realmente, está mais do que apaixonada. Ela ama, e ama de verdade. Neste momento dei “pause” no filme. Não sei se quero mais assistir. Não quero vê-la sofrer, chorar... morrer! Fiquei tão envolvida com o filme que já posso dizer que amo esta atriz. Cheia de personalidade, caráter forte, e um coração que pulsa amor. Quero protegê-la. Quero reescrever esta história. Não, não... nãoooo!!! Eu amo demais esta atriz e não quero vê-la assim. Estou muito preocupada. Não sei quem mais, eu ou a atriz. Já participei de um filme parecido. Eu sofri. Eu chorei. Mas eu aprendi que amores impossíveis são amores eternos. É preciso guarda o sentimento enquanto ele ainda está sadio. Quem já amou de verdade sabe. Quem já sentiu essa sensação estranha sabe. Há uma ligação além do que vivemos por aqui. Será algo divino?!

Já decidi o que eu quero para mim. Só darei “play” quando tiver a certeza de que o filme terá um final surpreendente e inovador. Ou talvez, deixe assim, pra não ver o fim. Continuarei aqui com minha pipoca, meu refrigerante e meu chocolate.

A televisão ainda está ligada, e ainda consigo ver a cena paralisada. Daqui da minha mesa, mas me sinto só, somente só com meu caderno sob a mesa marmorizada limpa e cheirando a alvejante recentemente utilizado. Longe do filme emocionante, das letras escritas, das palavras não ditas... longe do carro estacionado, longe daquela estória, longe das cenas de mais emocionantes, longe dele e dela, longe de mim. Hoje sinto-me só com meus pensamentos, e um silêncio no peito de um túmulo de onde se deita pra dormir e nunca mais acordar.

Meus pensamentos fora interrompidos e despertados por um barulhinho, meio desconhecido, meio confuso, até então, não me recordo de ter escutado tal barulhinho. Olhei como se procura por algo que nunca viu. Mas o que eu procurava? O que ela procurava? Se nunca senti, se nunca ouvi... eu ou ela? O que estamos procurando mesmo? Ah, o barulhinho... lembrei-me ao escutar o barulhinho aumentar o que o tornava-o mais próximo a mim. Eu mais próximo dele e ele mais próximo a mim. Aquele barulhinho parecia está dentro de mim. O que seria? O que significaria? Eu procuro tanto, quero entender, verifico significados, procuro, analiso, verifico... verifico, analiso e procuro! Da minha janela eu avistei-a. Aparentemente pequena, transparente, de asas quase imperceptíveis, tão nervosas, suas asas mexiam e batiam rapidamente, isso fazia transmitir uma luz. Meio luminosa e clara, luz forte que adentrou todo o meu ser. Hipnotizou-me, fiquei debruçada horas e horas, sob o pára-peito da janela, braços soltos, olhos atentos, ouvidos apurados, encantada por um encanto que brilhava a cada batida de asa. Uma libélula, daquelas que nunca vi, asas rápidas, inquieta e impaciente. Ela parecia procurar algo. Talvez a saída, ao certo não se sabe! Sim, acredito que sim, imagino e sinto que sim! Ela procura a saída, impacientemente ela procura... aonde está a saída?

E o barulho aumentava a medida que ela não encontrava a saída. Eu só observava e torcia. Ah! Como eu realmente torcia que ela encontrasse uma saída. Lembrei-me de minha infância, onde eu e meus irmãos vestíamos roupas iguais, com cores fortes, com direito a “mamãe-sacode”, o coração cheio de esperança e fé de uma grande vitória. Quem torce, sofre. Quem torce, vibra. Quem torce, se emociona. Quem torce, também ganha. Quem torce, é mesmo o torcedor ou o vencedor? E, eu apenas podia torcer. A quem diga que eu poderia ajudá-la. E eu bem desejei do meu mais profundo desejo de querer, mas estou de mão atadas. A janela já se tornara fria, o sol havia diluído com a chegada da noite, escura, brilhante, misteriosa, como ela. A noite com ela, já era noite! E ela ainda fazia barulho, com suas asas nervosas, batiam, aceleravam, pulsavam, na parede, no teto, no teto, na parede.

Tenho que ajudá-la. Cometerei suicídio talvez, me atirar do alto pra salvá-la. Segura em uma das suas asas e conduzi-la até a saída mais fácil e rápida, talvez assim suas asas se tornasse mais calmas, serenas e tranqüilas. Ela conheceu pessoas que já a desejou ter-la num pote de vidro transparente e vazio. Recordei-me de ter escutado que existem pessoas para tudo nessa vida. Pessoas essas que se realizam, que sentem pura prazer, sensação cheia do que não ter, e de querer tê-la, de vê-la, de mantê-la prisioneira. Mas eu já estive presa, e sei que tanta beleza não merece está presa num ponte de vidro transparente e vazio. Tentei imaginar, viajar, criar, o propósito de se aprisionar tamanha beleza. Seria, talvez, desejo, delírio, obsessão, ou uma necessidade de encher aquele pote de vidro transparente de beleza colorida jamais vista. Ou talvez, continuará vazio, mas não mais tão transparente. Agora sim, colorido! E que ávido colorido... Ela era luz, de arder os olhos de quem tenta olhar e não consegues ver. Será que ninguém vê o que faz suas asas voarem, o que torna suas asas tão nervosas e impacientes.

Não, não... não! Eu não podia ajudá-la. Não tenho permissão. Eu apenas podia torcer, com minha vibração, minha roupa colorida e vibrante e coração cheio de esperança e fé! Eu torcia de alma, coração e corpo inteiro em movimento ao vê-la suas asas desesperadamente procurarem uma saída. E tamanha era a minha torcida que vibrava como num estádio lotado de emoções, esperanças e fé, que e pouco instante a vi próxima a porta de saída, que se encontrará aberta. Subitamente me surgiu um arrepio, a sensação era melhor do que um gol, era ver e se emocionar ao ver seu time ganhar o campeonato quando tudo parecida tão difícil e perdido. Eu da janela, sorria. Estranhamente a vi ali, parada, estática, na ponta da porta de saída. Ela não saia. Por bastante tempo ficou, parada. Ela não queria ir, por saber da sua liberdade? E não era bem isso que tanto desejará? E por que continuará parada na beira de sua liberdade? Ali estava, ali ficou. Parada.

Voltei-me ao meu caderno grosso, de muitas páginas. Precisava escrever, continuar. Minhas palavras dependiam da história, assim como a estória dependem das minhas palavras. Talvez se eu escrevesse, poderia mudar o rumo daquele filme. Tantas palavras juntas, em comum, numa estória fora de comum. Sob 22 palavras escritas, sob o que é amor, vida, felicidade... eu escrevia! Ele escrevia. Nós escrevíamos, junto, separados, mesmo tendo tanto em comum, quando escrevo pareço ter mais em comum do que se imagina. Não posso parar, é vital ao amor, a vida e a felicidade!

Sob meu caderno há apenas 22 palavras e uma maça mordida, numa cena estática.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O bolo, que delicioso

O bolo, que delicioso.
Tem bolo de vários sabores, cores, formas e tamanhos.
Bolo de coco, de chocolate, de leite, de milho, de cenoura, de abacaxi, de limão, de fubá, de carimã, de tapioca... é bolo que não acaba mais.
Bolo de casamento, de aniversário, de batizado, de noivado, decorado, artístico, infantil, adolescente ou adulto.
Bolo solado, torto, quebrado, queimado...
Seja pequeno, grande, extra grande, ou mini bolo.
Existe até bolo de bolo.
E nem venha me dizer que você nunca ganhou ou provou um bolo.
Huuummm... mas que delicioso é o bolo.

O bolo mais famoso,
é bolo de aniversário.
Todos olham para o bolo.
As velas acesas sob o bolo.
Todos ao redor, aplaudindo o bolo.
Ao final, todos querem, pelo menos, um pedaço do bolo.

Lá está o bolo, que delicioso!
Tem gente que não aguenta ver um bolo.
Sempre que vê, quer um pedaço, uma fatia que seja.
E logo corre para enfiar os dedos no bolo,
fazendo a boca salivar de desejo.

Do forno ao banquete.
Com recheio ou sem recheio.
Seja doce ou salgado.
Sem cobertura ou disfarçado.
O bolo que é bolo,
tem que ser bolo.

Seja qual for o bolo,
há sempre alguém de olho no bolo.
E pouco importa se irá sumir.
Depois do último pedaço,
ainda resta farelos.
E, não é que tem gente que gosta de farelos.
Se lambuzam todo, enchem a barriga,
até os dedos lambem.
E depois, ainda reclamam que estão fofinhos.
Pois é, encontra-se cada bolo por ai,
que eu nem te conto o bolo que é.

O bolo é o bolo,
que delicioso!

São só dizeres e mais nada

Do que adiantas eu dizer,
pura e simplesmente o que sei,
o que sinto e o que vejo.
E de que adiantaria,
se você não compreende!

O que parece estranho pra você,
é tão corriqueiro pra mim.
Minhas explicações,
insinuações e aparições,
podem te causar espanto.
Não queira saber,
de nada irá entender.
E podes até proliferar.
Vejas bem, antes de dizer o que não entende.
Pois, já ouvir deturpações voarem.
Cuidado, não vais dizer por ai,
o que eu nem quis dizer.

Sou eu o mágico de minha vida,
assim como você é da sua.
Eu faço aparecer e desaparecer.
No truque que aprendi.
Eu posso até está aqui,
e num passe de mágica,
estarei invisível aos seus olhos.

Não que eu deseje que tu não me vejas.
Esse feitiço foi bem você quem criou.
Eu apenas aprendi a usá-lo.
Algumas vezes,
até mesmo sem perceber,
você vai e volta.
Isso é mágica?
Isso é truque?
Ou isso é vertigem?

Recordo-me da vez em que esteve ao meu lado.
Tão distante que quase não conseguia vê-lo.
Tocá-lo?
Jamais.
Isso é para poucos.
E eu sou um nada refletido em seu olhar.
Se pequena me vê,
pequena serei pra você.

Mesmo ao meu lado.
Você estava sem estar.
Olhava sem enxergar.
Gritava sem abrir a boca.
E o que farei, se assim desejar?

Podes ir.
Tu és tão livre.
E continua no mesmo lugar.
Roda, roda, sem parar.
E volta para o mesmo lugar.

Não percebes que já deixei você ir,
mas continua aqui.
É bem por fim,
que irei por um fim,
dizer que nada aqui tem fim.

Que tudo o que vale,
não é o que se tem.
É o que acreditamos ter.
Dentro de cada ser,
há o nosso entender.

Então, por favor, não me pergunte mais nada.
Você nada entende.
E não entende nada.
Pra fazer você compreender.
Não direi mais só por dizer.

Falamos línguas diferentes.
Apesar da mesma nacionalidade.
Será que não entende?
É, não deves está entendendo nada mesmo.
Sei que nem adianta traduzir.
Pois nem eu sei dizer,
o que quero dizer,
de uma forma que te faça entender.

Pois bem, dê as minhas palavras o significado que quiser.
Porque, isso pouco importa,
quando não se tem mais nada a dizer.
De um fim que nunca tem fim.
Por fim, enfim, só direis quando chegar ao fim.
Que tudo que quis dizer aqui,
são só dizeres e mais nada.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Só ela, somente ela!

Ela fingi não querer,
mesmo querendo morrer.
Ela fala que não quer,
mas na verdade é o que mais quer.
Morrer, morrer... e morrer!

Nada contra o nada,
mesmo desejando mergulhar.
Esse mar que é seu,
sempre será seu mar.
Mergulhar, megulhar... e mergulhar!

Estranha até suas próprias estranhezas,
mesmo negando-as tantas vezes.
O simples pode ser, pra você, o mais difícil de compreender.
Mas ela não quer que você entenda,
o que ela quer mesmo é complicar mais.
Complicar, complicar... e complicar!

Ela reclama sem parar,
mesmo sem motivo para reclamar.
Nem eu que sou dela,
não sei te dizer quem é ela.
Somente sei dessa loucura que é ela.
E o que gosta mesmo é complicar, reclamar e negar.

Sei também o que não se pode contra ela.
Portanto, não desejem que ela pare.
Muito menos, peça que essa sua loucura se acabe.
Acreditem.
Se isso tudo deixar de existir,
é problema na certa.

Não vá cutar,
deixe assim como está.
Muito mais que tantos,
vivem eternamente com ela.
E são tão felizes.
Mesmo sem saber quem é mesmo ela.
Mesmo sem entender essa sua loucura de viver.

Às vezes ela nem quer ser ela,
sem saber que ela é mesmo ela.
Mas, acreditem.
Ela só quer amar.
E se possível,
ainda ser amada.
Ela quer mais que tudo.

E nem venha me perguntar quem é ela.
Ela é ela, e pronto!
O essencial basta.
Só ela, somente ela!

Sorrisos talvez!

Aqueles que me olhavam ontem.
Já não me enxergam mais.
E será que me viu passar?
Talvez, acredite que estou no mesmo lugar.
Talvez, me vejam sem me sentir.
Talvez, talvez... talvez!

São tantos risos.
Se não entendem, sorrisos.
Se não me vêem, sorrisos.
Se finguem não me querer, sorrisos.
Somos dois palhaços sorrindo.
Sorrisos, sorrisos... sorrisos!

A gente não se entende.
Mas eu o sinto.
E ele me sente.
Sentimos, sem nos entender.
Sentimos algo que talvez nem tenha nome.
Talvez, eu vá pra longe.
Talvez não.
Talvez, talvez... talvez!

E o que importa hoje?
O que me importa?
O que me suporta?

Dobre ao meio.
E verás do que falo aqui.
Talvez veja sorrisos.
Divididos nunca.
Juntos em tempos separados.
Dobre e verás.
Talvez sorrisos.
Sorrisos talvez!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Só o coração pode escutar

De olhos fechados,
loucos de paixão,
muita irreverência,
e nada de solidão,
as almas só brilham cada vez mais.
Os corações sorriram,
choraram de pura emoção,
sentiram o mais puro de cada ser.

No afã do entusiasmo,
por algumas vezes o amor é erroneamente cantado,
meio de maneira contraditória,
ilusória e tão sofredora.
Fiquei contemplando todo aquele silêncio,
que poucos sentem,
para escrever que emoções tão ruins,
não podem e não devem ser provindas do mais puro amor.

É bem por isso que...
Poucas pessoas sabem amar.
Outras têm medo de amar.
Algumas amam sem saber.
Muitas não querem amar.
E raras são as que realmente querem só amar.
Sem saber que o melhor da vida é deixar o coração tocar.

Os amantes desse ritmo.
Os amantes dessa melodia.
Os amantes dessa música.
Os amantes dessa vibração.
São os amantes de coração.

O coração é puro amor.
Em música.
Em canção.
Num só refrão.
Desta vez,
não é ilusão,
o ritmo é o amor.

Quem ama, chora.
Quem ama, sente.
Quem ama, se emociona.
Quem ama, se permite.
Quem ama, canta com o coração.

E quem nunca sofreu por amor?
Nunca escutou o seu coração chorar.
Pois o amor cantado,
só o coração pode escutar.

... escute o som que vem do coração ...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Procura-se um olhar (quase um espelho)

Procura-se um olhar tatuado.
Um olhar de alma tatuado num braço.
Um olhar de gente grande, porém infantil.
Um olhar que só consegue enxergar com carinho,
com dedicação, com encanto e admiração.

Procura-se um olhar errante.
Um olhar que não cansa de errar
e nem sente vergonha por isso.
Apenas erra e aprende a enxergar.
Porém todas às vezes que errou foi com sentimento.
Um olhar que não senti culpa em não ter visto,
em não ter percebido,
em não ter enxergado algo que estava bem na sua frente.
um olhar que erra,
um olhar que peca,
mas erra com sentimento.

Procura-se um olhar raro.
Um olhar que jura já ter visto amor sincero.
Um olhar que registra almas num instante.
Um olhar que congela a gente,
e ao mesmo tempo nos aquece de afeição.
Um olhar que sabe dançar,
entre o cotidiano e o sublime de cada ser.

Procura-se um olhar penetrante.
Um olhar que não embaça.
Um olhar que não passa despercebido,
há sempre algo que emociona esse olhar.
Um olhar carente,
Que carece de ver muito mais além.
Um olhar que penetra e chega fundo.
Um olhar que eterniza emoções, sensações e situações.

Procura-se um olhar envolvente.
Que por algumas vezes já fez alguém perder o juízo.
Um pouco violento eu diria.
Aquele olhar de testa franzida,
meio nervoso,
que acaba com tudo em instantes.
Mas que logo olha com aflição e arrependimento.

Procura-se um olhar decidido.
Que não desiste,
e mantém o olhar sempre fito para o futuro,
sendo ao mesmo tempo tão recente e presente,
cheios de emoção e satisfação.
Um simples olhar.

Procura-se um olhar
Um olhar de fotógrafo sempre é um verdadeiro olhar.
Um olhar que refletem um pouco de tudo,
um pouco de todos,
e um tanto de si mesmo.
Um olhar que só quer olhar e olhares.
Um olhar cúmplice da arte que o torna vivo.
Um verdadeiro olhar é o olhar entre as lentes e as almas!

P.S.: Este texto eu dedico ao meu grande amigo e fotógrafo de minha alma: André Fernandes. Te Amo meu Dé!!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

EUFORIA SUFOCADA

Antes de contar a todos o que aconteceu num quarto escuro, onde a luz éramos somente nós dois, tenho que confessar que meus pés agora só caminham ao encontro dele. Ontem até me desentendi com ele, sem ao menos ele saber. Meio estranho de entender, mas dei uma daquelas crises de não querer o que se quer. De evitar o inevitável. De tentar fugir do que mais te prende. De querer perder algo, pelo simples fato de não ter mais o que fazer. Pois é, ontem eu dei uma dessas crises, tão comum como a gripe depois de um banho de chuva gelado. Apaguei toda e qualquer palavra, joguei ao vento como se joga fora uma oportunidade de ser feliz. E passei o dia inteiro chuvoso. Eu bem que tentei me distanciar do prévio problema, mas eu pareço ser motivada por problemas a serem solucionados. Sempre vejo esses problemas como meus desafios. E eu particularmente, adoro ser desafiada. Ah! Como eu gosto... então vamos a solução, ao desafio, ou como queria chamar essa sensação. E meio soluçando de tanta energia boa e felicidade que transbordarei aqui esse caso, ou teria sido um acaso?

Não sei onde começou. Se é que isso teve um começo aqui. De fato nos conhecemos, só não me recordo de onde nem de quando. Existe muito carinho para tão pouco tempo. É vontade de cuidar. É vontade de ver ele crescer. É um querer bem maior do que imagino sentir. É algo que não dá para explicar. Fico feliz com sua felicidade. Dono dos meus melhores risos. Proprietário de todos os meus beijos. Responsável pelo bem que cresce em mim. É o zóim pequeno. Esse olho que não quer abrir. Ele me olha e fala ao mesmo tempo. Ele não imagina o que significa. Não sabe quem eu sou. Posso parecer séria, misteriosa e metida. Mas eu sinto. Sinto que já estivemos juntos. Eu conheço seu abraço. Esse calor é seguro. Essa proteção é de outro mundo. Quando me distraio. Ele olha. O telefone toca e ele fala. Eu sou toda sorriso. Ao meu lado hoje ele está. O zóim pequeno, a me olhar. Um olhar que analisa, brilha intensamente e agoniza. Um grande homem, ainda de olhar pequeno. Pequeno e grande ao mesmo tempo. Tem tudo pra ser quem desejar ser. Os olhos pequenos são puro disfarce. Ele enxerga além do que imagina. O telefone toca. Ele fala. Ah! Como o telefone toca. E eu só observo. Esse seu jeito surpreende, encanta e fascina. Mas ele não deve saber o que mais me encanta são seus olhos. Zóim pequeno. Um brilho. Um domínio. Um pecado de mim. Esse olhar me faz sorrir. Me faz bem. Me faz seguir feliz. Como brilha e irradia por todo o meu ser. Esse ar de bom moço desmancha meu penteado. Deixa a vida louca em curto espaço. Quando bebe os olhos ficam ainda mais pequeninos. Ele me olha como se já me conhecesse há anos. Ele parece querer ler minha alma. Eu sinto. Ele ver. Estou nua sem perceber. A gente se abraça e tudo se encaixa. Aquele sonho não foi somente um sonho. Foi um encontro. Foi um desejo. Foi o que teimamos buscar em outro alguém. O telefone toca e a gente se encontra. Estamos juntos mais uma vez. Num abraço. Num tempo tumultuado. Sofremos com a separação de outros que já se foram. Imaginamos e criamos coisas incertas. Mas esse é o nosso momento. Quando o telefone toca, ele fala. E nada diz sobre o amor. Não sei o que ele pensa. Será que sente o mesmo que eu? Talvez seja cedo para falar. Ou tarde demais para seguir. O novo. O velho. Há um medo de viver. O coração deseja sem querer. Num impulso que me faz hoje crer que é você. O meu bem. O meu som. O meu zóim pequeno. Ah! Ele nem imagina. Como tudo é diferente de tudo. O telefone só toca e ele tem que falar. A saudade sempre irá reinar. Numa vontade de querer mais e mais. Eu sinto. Eu insisto. Eu persisto. Eu farei do tempo perdido uma vida sem dor. Eu quero o meu zóim pequeno. Ele é agitado, decidido e generoso. Eu meio envergonhada, falo através do meu riso de menina. O sonho se tornou realidade. O telefone toca toda vez que o coração acelera. E a gente pede mais. Eu quero muito mais. E ele só quer falar. Esse zóim pequeno sabe me olhar. Meu sorriso sente que existe algo maior. Nem sei qual o seu nome e o meu pouco importa se sou um sorriso apaixonado por seu olhar.

Chovia muito, havia arco-íris! Sol e chuva... chuva e sol. E um arco-íris gigante no céu azul de anil, o final do arco-íris terminará na profundeza de um mar que balançava junto ao embalo de minhas emoções. Passei o dia inteiro ansiosa, à noite eu iria revê-lo novamente. Desta vez eu sabia, mas o que sentiria ao revê-lo, isso nunca se sabe. E se tem algo que não dá mesmo pra prever são esses tais balanços. Às vezes até enjoou, e tudo sai da boca pra fora. Bate aquele alívio de descarrego, de livramento, como se tudo escorresse em um só momento. Mas voltando ao dia, que de certo não era dia de enjoou, era dia de acontecimento, de muito balanço. Tem dias em que chove demais, e faz aquele sol radiante, e isso tudo mexe demais com o mar.

Levei horas e horas com meu espelho, que me dizia coisas que me deixava mais insegura do que já estava. Troquei de roupa pelo menos umas cinco vezes, a ansiedade embrulhará meu estômago que eu não conseguia colocar qualquer tipo de alimento pra dentro a não ser vontade de reencontrá-lo mais uma vez. Sentia um medo incontrolável ao ver a chuva cair, era um dia de chuva forte, pingos finos que parecia cortar a minha alma em pedaços. Eu me tremia ao me sentir ensopada. Subi as escadas para reencontrá-lo, e eu só desejava um beijo ardente pra me aquecer daquele meu frio incessante. De vermelho vibrante, olhinhos pequenos e brilhantes, lá estavam, ele com seus olhos pequenos. Por uns minutos parei no tempo, imaginei milhões de situações. Desejei-o como nunca, meu coração acelerou e fez chover mais ainda. Eu estava ofegante, um pouco pela escada, e maior parte por avistá-lo antes mesmo de ele perceber o meu nervosismo, que era tamanho que me fez ficar com ar de invocada. Fiquei trancada no meu mundo, enquanto ele ria, se divertia, e distribuía alegria entre raios de olhares alheios.

Ali estava parada, estática, congelada. Nenhum movimento meu, além do coração que não parava um só segundo, ele tocava, ele acelerava e desacelerava. Ao som da chuva que respingava e alagava todo o meu ser, nos meus eternos segundos de tremor e insegurança, meio sem jeito, sem graça recebi um beijo na testa logo na chegada. Agora as minhas extremidades se petrificaram, havia tanto gelo que não tinha como não sentir tamanha frieza. Trêmulas são as minhas emoções ao vê-lo tão seguro de toda aquela emoção. Por alguns segundos até me perguntei se apenas eu sentia tudo aquilo acontecer. Eu sou toda silêncio ao vê-lo, desvio o olhar como tentativa de fugir do que está tão impresso no meu ser. Que idiota eu sou. Discutia e me questionava, só eu me ouvia. Eu era toda silêncio e ele é só barulho. O telefone não parava de tocar. Ele fala tanto, mas, de fato, eu não entendia uma só palavra do que dizia, eu nem ao menos sabia com quem falava, se comigo ou com o telefone. Havia muito barulho, eu só conseguia admirar o que eu mais desejara naquele momento, a boca que não parava um só segundo de se movimentar. Aquelas palavras corridas, pronunciadas com rapidez e precisão fazia movimentar todos os músculos de sua face corada e respingada de chuva. Ah! Como ele me parece tão seguro, de si, de mim, seguro de tudo. Eu sou toda silêncio. E ele é só barulho. Que palavras são essas? Do que ele fala? Sempre faço cara de que tudo entendo por amar esse seu jeito de falar. Ah! Ele tinha a boca mais linda num barulho que eu não entendia. E os olhos? Ah! Aqueles olhos tão pequenos. A boca e os olhos...os olhos e a boca. Sigular e plural, é o que move as palavras. Os olhos e a boca, não sei quem fala mais. Será que um cala enquanto o outro fala? Ele realmente era homem de boca e olhos pequeno. A boca olha e os olhos falam. E o telefone toca... a boca fala e os olhos olham. A boca e os olhos, falam e olham, olham e falam. E falam e falam!

Enquanto eu viajava no movimento de sua boca e de seus olhos, o meu silêncio me perguntará. A minha arte pouco importa para ele? Talvez ele não consiga enxergar tão bem o que meu silêncio diz, gritando, sussurando, uivando em seu olhar. Não entende a minha arte, não entende o que me arde. O meu silêncio não são palavras. E ele me parece entender somente com palavras. Por que o que sofre e o que arde, a solidão, a tristeza, já fez vista grossa a sua esquerda. Num passado tão distante que ele ainda teima em querer se tornar presente. Talvez por puro costume, ou por não entender. Mas isso pouco me importa, quem passa sai de mim e em seus braços irei cair tentada. Não sei bem quando, nem onde, nem o porquê. Mas sei bem o mal que me fará. Já me sinto tão entranhada nesse problema que nada posso fazer, senão me aventurar.

Recordo-me bem da última vez em que nos encontramos. O telefone tocou e ele falou palavras que me sulgaram rapidamente, me conduzindo sem controle ao seu encontro, quando percebi já havia caido sentada numa rua sem saída, onde o pecado é a porta de entrada. Mas ele não enxerga o que está bem na sua frente. E isso me deixa mais e mais cansada. Ai, como eu ando tão cansada! Às vezes penso, sempre em silêncio, mas eu penso que o meu algo não virá, pois já veio e eu deixei passar. Assim como se passa o vento, a maré que vem e que vai. Nessa estrada já estou bem cansada. Respirei um pouco de ar, meio abafada, atordoada. Não quero mais pensar, não nesse meu silêncio. Isso dói mais do que arder nesse problema. O olho é pequeno demais para me enxergar. Há uma pergunta que não sai de mim... por que não vem me buscar? Eu sei bem que a demora é inimiga da minha agonia, e que tudo isso me agoniza, ando sozinha mais uma vez e sempre. Será que sempre amarei sozinha? Outra pergunta que não sai de mim.

Aquele barulho invadiu o meu silêncio num quarto escuro, já despida dos meus medos e receios. O frio que fez durante o dia já se tornará muito mais quente entre os lençóis daquela cama cheia de vontade. Sinto sono e adormeço enquanto ele fala. Adormeci em seu barulho. Não sei ao certo se era um sonho. Estava meio sonolenta ao sentir um peso sob mim, quente, seguro, as pernas deles já estavam entrelaçando as minhas, assim como se agarra algo que é seu de posse. Escutei a chuva aumentar lá fora, meus pés frios, tímidos, encabulados demoram quase uma eternidade para encontra os pés dele. Em minha cama ele dorme, mas continua a falar... ele fala e dorme, ele é só barulho. Vira, revira e suspira, ele fala mais ainda. E eu continuo sem entendê-lo. Mas isso pouco importa, ele dorme e me procura por toda a cama. Seu abraço é quente, seus beijos são meus por um momento, e o meu silêncio fundido em seu barulho é puro contentamento.

Não consegui dormir a noite inteira, só observando aqueles olhos pequenos que se encontrará fechados e apertados de sono. Em silêncio eu o observei, admirei, gravei em minha mente cada traço do seu rosto, a pouca luz desenhava a perfeição que éramos nós. O silêncio e o barulho. Ali nossos pés se beijavam. Enquanto ele dormia, incontrolavelmente meus pés percorriam todo aquele corpo quente e molhado de suor. Meus pés não paravam, eles teimavam em acariciar os pés macios e curvados dele. Eu sentia me queimar a pele, aquele cheiro de homem que nesse momento já tomará todo o quarto.

Cochilei em um dos seus suspiros. Cheguei a ouvir os pingos grossos da chuva lá fora, e uma voz sussurrar ao meu ouvido... "é ele..." ou teria sido apenas "...ele"? Assustei-me e o olhei rapidamente. Ele estava roncando, como podia ser? Ele não podia roncar e falar ao mesmo tempo. Mas quem teria sido então? Havíamos somente eu, o meu silêncio, ele e o seu barulho naquele quarto escuro. Nessas horas o melhor é fingir e continuar desentendida das palavras ditas por ele ou por quem seja. Talvez tenha sido impressão do meu inconsciente. Ou mais um sonho em forma de aviso que pedi certa vez. Confesso que às vezes sinto medo do que sinto. Tudo é tão forte que assusta, e eu me afasto. Mas ainda assim ele me procura por toda a cama, me puxa, me abraça e joga as pernas quentes sob mim. Eu já sinto que não tenho mais como fugir. Já me sinto presa, entrelaçada por suas pernas, encaixada em seus pés. Eu continuo a observá-lo, ele adormecido me parecia sem armas, somente assim eu sentia-o entregue a mim. Adormeci numa piscada e outra, mas logo despertei ao vê-lo levantar. Meu coração logo aperta e senti a sua breve partida. Só me resta dormir e sonhar.

O calor do corpo dele me fez despertar. Agora ele me observava em silêncio. Aquele silêncio que era só meu por um instante se tornou parte dele. Sua testa franzida revelava certa agonia para voltar ao seu barulho. Ele disse:
- Já vou.
Foram palavras tão duras seguidas de um beijo doce. Precisava dizer algo. Tinha que sair daquele silêncio, que agora já era meu e dele. Meio sonolenta eu disse:
- Você fala enquanto dorme.
E sua testa franzida desenhara tamanha preocupação, seguida de perguntas e mais perguntas.
- Falo? O que eu falo?
Meio sem pensar, sonolenta, não sabia ao certo se eu estava dormindo, sonhando, ou falando, eu disse em poucas palavras:
- Não sei, não entendo. Você apenas fala enquanto dorme.

E o telefone tocou, ele beijou-me e se foi. E por ali ficaram apenas eu e o meu silêncio questionador... não entendo o barulho que ele faz, mas sinto necessidade deste barulho pra movimentar o meu silêncio.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quem é?

Conheci alguém desde que nasci
Mas não a observava muito
Não sei bem dizer o porquê
Será por falta de interesse meu
Ou porque essa pessoa era para mim não tão interessante assim

De uns tempos pra cá
Veio-me uma vontade enorme de conhecê-la
Passei a observá-la mais
Dediquei-me a ela
Cuidei dela
Procurei saber o que ela gosta
Como ela gosta
Interessei-me até por seus defeitos
Suas qualidades
Seu jeito
Sua forma de andar
De falar
De agir
De sorrir
De chorar

Ah! Quanto mais a conheço
Mais me apaixono
Tanto que já virou amor
É respeito
É carinho
É um bem que desejo
É algo mais além do que se vêr
É um universo de emoções
A cada dia
A cada erro
Em cada esquina
Em cada deslize
No frio
No escuro

Ainda estou conhecendo alguém
Ah! Quanto prazer em conhecer
Isso é fantástico
Ando muito interessada nesse alguém
Quanto mais a conheço mais sinto vontade de conhecê-la
E estou cada dia mais apaixonada pelo que descubro
Amando mais e mais
Como é linda
Como é dedicada
Como é honesta
É pessoa do ar
É pessoa do bem
É pessoa de Deus
É puro amor se materializando

Esse mistério é prazeroso
É um mundo enorme e cheio de confusões
Quanto mais conheço essas confusões
Mais essas se transformam em soluções
Cada vez mais tenho a certeza de que tudo vai dá mais do que certo
Eu amo alguém
Eu amo mesmo esse alguém
E esse alguém nada mais é
Aliás, é tudo que há em mim
Confesso que está apaixonada por mim mesma

Exatamente
Sou eu esse alguém
Ela sou eu
Eu sou ela
Somos nós duas nos descobrindo mais e mais
Na imensidão que é isso aqui dentro de mim
Tantos mistérios
Tantos orgulhos
É tão bom saber a grande mulher que sou
Isso me motiva a ser mais e mais
Essa felicidade tomar conta de meu ser
Não sentirei mais medo
Não sentirei mais vergonha
Não sentirei mais que não posso ser mais

Eu posso ser e serei
Tão grande quanto nem eu imagino ser
Eu sou mais eu
Pois eu sou eu
Sempre eu
Sem máscaras
Sem culpas
Sem algemas

Irei voar junto aos meus amigos
Aqueles que possuem asas
Daqui de cima eu vejo tudo tão claro
A minha alma flutua transparente ao meu ver
Descobrir algo sempre é bom
Melhor ainda é descobri as emoções de se descobrir

sábado, 4 de julho de 2009

Quem pergunta?

Ela gosta dele?
Ou gosta de como é quando está com ele?
É coisa da cabeça ou do coração?
Da razão ou da emoção?
Ela gosta de tê-lo por perto?
Ela gosta de sua companhia, mas não está interessada em compromisso com ele?

E ele?
Gosta dela?
Ou ele só quer gostar de alguém?
E agora é ela?
Ou será ele e ela?

Do que ela gosta?
Como ela gosta?
Que cor ela gosta?
Como é que ela gosta?
Que gosto tem isso tudo?

Será mesmo que ela gosta dele?
Ela muda quando está com ele?
Ela fica sem jeito quando está com ele?
Ela não sabe o que dizer?
Ela quase cai com ele?

As pernas tremem?
Ela ensaia e na hora nada fala?
Ela sente medo de parecer boba?
De parecer infantil?
Ela não sabe o que fazer quando está com ele?

E ele?
Ele gosta de estar com ela?
Gosta apenas da companhia?
Gosta do bem e da energia que vem dela?
Ou gosta mesmo dela?
Será que ele gosta mesmo é do olhar dela?
Ele gosta dos defeitos dela?
Ele gosta de como ela é?
Do que ele gosta?
De quem ele gosta?
Quando ele gosta?

E quem disse que isso tudo é gostar de alguém?
É ele?
Ou será ela?
Ele e ela?
Ela e ele?
São eles?
São elas?

Ele existe?
Ou será apenas um sonho?
Um desejo?
Um absurdo?
Um tudo?
E se o encanto acabar?
E ele perceber que gosta de outra?
Ou ela perceber que gosta de outro?
Mas ele gosta dela?
Ou ela gosta dele?
Isso mesmo é gostar?

Ela o criou?
Ou ele a criou?
Ele não existe, é isso?
Que desespero, se ele nunca existiu como ela pode existir?
E ela existe mesmo?
Onde está ele?
Por onde anda ela?

Pergunta-se por não saber?
Pergunta-se por não sentir?
Ou pergunta-se por mania de tudo perguntar?

Ele e Ela?
Ela e Ele?
São só perguntas sem respostas?
Mas são só ele e ela?

E eu?
O que eu sei?
Eu o conheço?
Eu a conheço?
Eu conheço os dois juntos?
E se eu nem conheço nem ele e nem ela?
Isso tudo é o que pergunto?
Ou são afirmações com erros de entonação?
E quem é mesmo que pergunta?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Coisas da Vida...

Caminhei sem seguir
Sem saber aonde ir
No início foi bem difícil
Consegui me perder de mim
Dei muitas voltas
E acabei parando no mesmo lugar
Fiz escolhas erradas
Fiz algumas certas por pura sorte
Mas nunca deixei de caminhar
Mesmo sem saber aonde ir

Por várias vezes
Cai
Chorei
Levantei
Num destino que nunca sonhei pra mim
Eu sofri
Me decepcionei
Me iludi
Mas nunca pensei em desistir
Mesmo quando tudo parecia perdido

Por poucas vezes
Encontrei caminhos fáceis
Até porque nunca os escolhi
Talvez eu goste mesmo das dificuldades
Das adversidades
Dos caminhos escuro, incertos e apertados

Não posso negar
Já estive perdida
Com fome
Com sede
Com frio
Já olhei pra trás
Mas percebi que por trás de mim não há o que seguir
Mesmo que tentem dizer por onde seguir
Ainda assim ficarei perdida no meu medo, na minha dúvida, na minha desconfiança

Não posso deixar de dizer
Eu conheço a infelicidade
A dor que dói sem parar
O vazio
E o nada
Eu conheço o que não existe
Sim, eu conheço o nada
Já nadei nesse nada
Já me senti um nada
Por um instante já fui um nada sem ser nada
Eu sinto sem ver
Caminho sem saber
Sem me preocupar aonde irei chegar
Apenas sei que em algum lugar chegarei

Hoje eu caminho e sigo
Eu já marquei os passos
Acendi a luz que há em mim
Forte que acelera
Intensa que desbandeira
Mas o caminho é novo
Ainda incerto em algumas esquinas
As curvas são duras
Faz tanto tempo que não sigo uma reta
Que nem me lembro a última vez
Eu gosto das aventuras das curvas
Eu gosto das surpresas das esquinas
Só não gosto das dores que as carrego quando passo
Por isso escrevo e deixo aqui todas as dores

[...]

Foliando as páginas deste livro
Recordei
Chorei
Sorrir
Senti aquela sensação
E chorei, e sorrir

Aprendi que...
O que se vai não volta jamais
Não como se foi
Se voltar será diferente
Nunca como se foi

Aprendi que...
Não desejo saber tudo
Já sei um pouco de cada coisa
Mas nunca tudo
Ainda quero viver
Surpreender-me
E até me decepcionar
Pois ainda assim estarei vivendo
Seja na dor
Seja no amor
Seja na mais sublime da cor
Minha luta diária é amar
E esquecer das dores que passou

[...]

É bem verdade que não sei o que dura
Nem o que perdura
Nem o que eternamente dura
Mas de uma coisa eu sei bem
É fazer o bem
É durar o que me vem
É viver eternamente o que me dura
O que me perdura
O que me segura
Intensamente eu vivo essa vida dura

[...]

Eu não desejo
Eu não espero que você entenda o que me falta ar
Que entenda essa minha arte
Essa minha graça
Essa minha praça
Esse meu palco de amar

Eu não desejo
Eu só sinto dor
Eu não desejo
Eu só sinto cor
Eu não desejo
Eu só sinto amor

Eu não desejo
Eu não espero que você entenda o que me arde
É somente a minha arte de viver
A minha dor, a minha cor e o meu amor!

[...]

Do que adianta você se importar
Por alguém que nem sabe da sua própria importância
Pouco importa qual a importância que eu tenho pra você
Se nada sei o que realmente te importa nesta vida
Nem mesmo sei se tenho importância para alguém
Que dirás para você que pouco se importa comigo

Me acostumei a não me importar tanto
As pessoas parecem se importar demais com minha vida
Com o que serei
Com o que vou fazer
Pra onde irei
E se o que escrevo é o que serei

Mas nada disso me importa
Senão existir amor entre mim e você
Tudo fica sem importância

[...]

Serei derrotado
Mesmo prevendo
Ainda assim lutarei
Na esperança de ganhar

Eu lutarei
Incessamente irei
Incansavelmente seguirei
Darei o todo de mim
Mas dessa batalha não irei desistir

Não sei quando
Não sei onde
Apenas sei
O que sei
É que serei derrotado

Eu preciso
É necessário ser derrotado em algumas batalhas
Talvez apenas uma
Para aprender o que é ser derrotado
Isso fortalece
Isso engrandece
Prepara o meu ser para seguir

Depois de derrotado
Na próxima batalha eu estarei pronto
Experiente e seguro de mim
Eu derrotado me conheço mais
Eu fraco sou muito mais forte
Estarei derrotado
Mas estarei sempre pronto para a próxima batalha

[..]

Eu choro
Eu choro escondida
Eu choro
Num livro
Num verso
Num sorriso

Eu choro
Eu choro bonito
Eu choro
Sem ver
Sem perceber
Sem eu e você

Eu choro
E choro
E só choro

A dor não passa
A dor não vai
A dor só volta
E eu ainda choro
Eu choro
Por isso chove

[...]

Se algum dia o meu silêncio pronunciar "eu não tenho mais palavras", estarei morta e enterrada.
Por ora, essa agonia ainda faz parte do muito que há em mim.

Tentaram matar quase tudo em mim.
Quase tudo,
mas não tudo.
Ainda há um mistério,
algo tão bem escondido,
que às vezes até eu mesmas me perco
e nem sei mais aonde encontrar.
Mas existe sim a chave.
A chave que abre as portas das minha emoções.

[...]

Amar é ganhar um pouco do melhor da vida
Sem perceber que ganhamos uma vida inteira por amar
Quando a gente ama quem ganha o presente somos nós, os amantes!
Parabéns para quem ama
Parabéns aos amantes da Vida
Parabéns, eu amo a Vida!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Respeite

Respeite
Esses meus dias de solidão
Esses meus dias de confusão
Esses meus dias de explosão
Esses meus dias de perdição
Mas não se preocupe
Todos esses dias tem curta duração

Respeite
O meu ser
O meu viver
O meu nascer
O meu silêncio
O meu mistério
Mas não se preocupe
Todo o meu eu tem permanente duração

Apenas respeite
Respeite o que é meu
E somente meu será
Até o dia que eu permitir
Somente assim poderá entrar
E com respeito permanecerá

"... pra não perder a riminha..."

sábado, 27 de junho de 2009

Não pára de tocar

Não sei onde começou.
Se é que isso teve um começo aqui.
De fato nos conhecemos, só não me recordo de onde nem de quando.
Existe muito carinho para tão pouco tempo.
É vontade de cuidar.
É vontade de ver ele crescer.
É um querer bem maior do que imagino sentir.
É algo que não dá para explicar.
Fico feliz com sua felicidade.
Dono dos meus melhores risos.
Proprietário de todos os meus beijos.
Responsável pelo bem que cresce em mim.
É o zóim pequeno.
Esse olho que não quer abrir.
Ele me olha e fala ao mesmo tempo.
Ele não imagina o que significa.
Não sabe quem eu sou.
Posso parecer séria, misteriosa e metida.
Mas eu sinto.
Sinto que já estivemos juntos.
Eu conheço seu abraço.
Esse calor é seguro.
Essa proteção é de outro mundo.

Quando me distraio.
Ele olha.
O telefone toca e ele fala.
Eu sou toda sorriso.
Ao meu lado hoje ele está.
O zóim pequeno.
A me olhar.
Um olhar que analisa.
Brilha intensamente e agoniza.
Um grande homem.
Ainda de olhar pequeno.
Pequeno e grande ao mesmo tempo.
Tem tudo pra ser quem desejar ser.
Os olhos pequenos são puro disfarce.
Ele enxerga além do que imagina.
O telefone toca.
Ele fala.
Ah! Como o telefone toca.
E eu só observo.
Esse seu jeito surpreende, encanta e fascina.
Mas ele não deve saber o que mais me encanta são seus olhos.
Zóim pequeno.
Um brilho.
Um domínio.
Um pecado de mim.
Esse olhar me faz sorrir.
Me faz bem.
Me faz seguir feliz.
Como brilha e irradia por todo o meu ser.
Esse ar de bom moço desmancha meu penteado.
Deixa a vida louca em curto espaço.

Quando bebe os olhos ficam ainda mais pequeninos.
Ele me olha como se já me conhecesse há anos.
Ele parece querer ler minha alma.
Eu sinto.
Ele ver.
Estou nua sem perceber.
A gente se abraça e tudo se encaixa.
Aquele sonho não foi somente um sonho.
Foi um encontro.
Foi um desejo.
Foi o que teimamos buscar em outro alguém.
O telefone toca e a gente se encontra.
Estamos juntos mais uma vez.
Num abraço.
Num tempo tumultuado.
Sofremos com a separação de outros que já se foram.
Imaginamos e criamos coisas incertas.
Mas esse é o nosso momento.

Quando o telefone toca, ele fala.
E nada diz sobre o amor.
Não sei o que ele pensa.
Será que sente o mesmo que eu?
Talvez seja cedo para falar.
Ou tarde demais para seguir.
O novo.
O velho.
Há um medo de viver.
O coração deseja sem querer.
Num impulso que me faz hoje crer que é você.
O meu bem.
O meu som.
O meu zóim pequeno.
Ah! Ele nem imagina.
Como tudo é diferente de tudo.
O telefone só toca e ele tem que falar.
A saudade sempre irá reinar.
Numa vontade de querer mais e mais.
Eu sinto.
Eu insisto.
Eu persisto.
Eu farei do tempo perdido uma vida sem dor.
Eu quero o meu zóim pequeno.
Ele é agitado, decidido e generoso.
Eu meio envergonhada, falo através do meu riso de menina.
O sonho se tornou realidade.
O telefone toca toda vez que o coração acelera.
E a gente pede mais.
Eu quero muito mais.
E ele só quer falar.
Esse zóim pequeno sabe me olhar.
Meu sorriso sente que existe algo maior.
Até quando irá durar?
O telefone irá dizer.
Ele não pára de tocar...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Prisioneiro de si

Foto: andré fernandes

Jovem guerreiro
Não fala o que sente
Não fala o que quer
Não fala quem é

Jovem guerreiro dourado
De um canto dá um passo
Em busca de um afago
Sinto medo
Sinto frio
Sinto som forte num vazio

Numa roda de dança
Eu disfarço
Eu viajo
Ele é meu pedaço
Meu arco, meu raio, meu sangue espiritual

O corpo é puro movimento
Não pelo que sou
E sim pelo que sinto ser
Espada
Escudo
Dor e proteção das almas

Cada mundo arde em ilusões
Dor no peito
Escorre toda a cor
Um carma
Uma flecha
Prisão e liberdade das almas

Roda e sai
O jovem se vai
E mais uma vez estou só
A dança acabou
O som se foi

Prisioneiro de si
Não sou
Não estou preso a mim
Nem a você
Nem a ninguém
Sou tão livre que não sou nem de mim
Sou do nada
Sou do espaço
Sou do acaso
No momento que me tornar mais calmo
Serei alma da minha alma

O costume já toma conta de mim
Sozinho outra vez
Um por um
E mais um já se foi
Amarrado
Preso num couro
Imerso em raízes de poder
Ele assusta
Ele afasta
Ele causa medo e pavor
Quando revela quem eu sou

O jovem guerreiro irá
Num giro ele virá te buscar
E fica somente o silêncio
O eterno companheiro
Guerreiro
Aventureiro
Prisioneiro de si
Em si mesmo
Eu serei seu

Por mais

Por mais que a gente tente ser melhor do que somos
Seremos sempre julgados
Por mais que a gente fale palavras de bom agrado
Seremos sempre culpados
Por mais que a gente ame sem razão de amar
Seremos sempre maltratados
Por mais que a gente lute pelo justo e fiel
Seremos sempre injustiçados

Pelo simples fato de tentar, falar, amar, lutar
São palavras companheiras do esperar
Não espere que as coisas aconteçam como desejamos
Como tentamos
Como falamos
Como amamos
Como lutamos
Nada é tão certo como esperamos
O incerto e inesperado é o que necessitamos
Mesmo teimando em não aceitar
O necessário é o inesperado de todos
Incertamente, tudo vem de acordo com as nossas necessidades

Por isso tantos outros se tornam vítimas de suas próprias incertezas
Morte de rancor
Saudade de uma dor
Que se foi no momento em que você se tornou um nada
Meus olhos ardem de sono
Sem querer vê o que seu medo o transformou
Fraco é aquele que acredita ser tão pequeno e frágil

Domine a mente
E não tente entender o que não se entende
Sinta o seu coração bater
Flutua entra a razão e a emoção
Mente e coração
É balança equilibrada
De um ser que só deseja viver

Por mais isso
Por mais aquilo
Por menos, nos tornamos isso e aquilo

sábado, 13 de junho de 2009

É Seu

Quem é você
Pra falar assim de mim
Tudo que te dói
É o que você queria ser

Tudo que temos
É o que desejamos aos outros
Seja pra mim
Ou pra você
Sempre te falei de reciprocidade
Por isso não venha me cobrar o que você não me deu
O seu espelho te conhece muito bem
Só ele te ver como realmente é

Por lá você deixa cair
O que você não é
O que você fingi ser
Toda a sua teimosia
Toda a sua arrogância

Por lá você deixa cair
É preciso ser alguém que eu nem sem quem
Pra superar todas as dores
É preciso ser vento forte
Muito mais do que um simples acorde
É preciso ser mais forte
Mais digno
É, bendigno

Não me cobre nada
Pois tudo isso que você tem de mim
É tudo o que você me deu
Tudo isso que você deixou de me dá
É tudo o que você queria ter

Eu me recordo bem
Daquele dia em que você não foi tão legal
E eu chorei
No momento que fingiu ser o que não é
E eu acreditei
É tudo seu
Tudo que me deu
É tudo seu

Aquelas palavras desperdiçadas
Aquelas situações desagradáveis
Seja por bem ou por mal
É tudo seu
Tudo que me deu
É tudo seu

Tudo o que você procura
Tudo o que você deseja
Tudo o que você esconde
Seja por bem ou por mal
Tudo, somente seu
É tudo seu
É seu
Meu bem
É seu
Tudo isso é você
E o que você pode dá
É pouco para o que eu desejo ter

É seu
E não meu
É só seu
É seu

sexta-feira, 12 de junho de 2009

UM SOSSEGO FORA DE HORA

Ele estava ai, sentado num dia qualquer. Um gole de palavras soltas. Sem razão. Sem lógica. Sem ação. Uma multidão passará ao seu redor. Brancos, negros. Baixos, altos. Homens, mulheres e crianças. Estranhamente, ele se sentia só. Apesar de tantas pessoas ao seu redor, há uma solidão que corrói aquele ser. Os ressentimentos do passado transformarão seu coração numa pedra bruta. E ali estava, sem está, petrificado de alma. Sem amor. Sem calor. Sem a dor. Certa vez, até chegou a pensar que a morte era um bem que lhe cabia. Pensará mais de uma vez que a morte seria um alívio. Viver não é para qualquer um. Viver é mais do que morrer. É morrer e continuar a viver.

A multidão gritava. E ele ali continuava, sentado, isolado. Seus pensamentos solitários foram subitamente interrompidos por um barulho que vinha dos passos... tac... tac... tac. De quem será esse barulho ao caminhar? A pisada é firme num som forte. E a cada passo dado, ele olhava e atentamente escutava, imaginará ser alguém de passo forte. E ele ali sentado vendo aquele passo que passará. E um novo som fez sumir o outro passo. Atrás vinha... inhac... inhac... inhac. Meio desajeitado, aqueles sapatos não caminhava, se arrastava pedindo socorro. E ele mal escutava, apenas imaginará ser alguém de fraco passo... tac... inhac... tac... tuc... nhac... tum... tac... inhac... e passa um e outro, e mais outro, e todos os outro ali passará ao seu lado. Ele continuava a se sentir sozinho, ao seu lado um copo de cerveja o acompanhava. Mesas e cadeiras numa vida vazia. Naquele copo o refúgio de uma vida cheia de agonia. A sua frente, um pouco distante, meio fraco, mas ele escutará um som mais suave. E no meio de tanto passo, ele reconhecia o som daquele sapato que o chamava. Um horizonte. Um pecado. Uma melodia. Uma canção suave de um sapato alto. Nem mesmo o agonizante barulho daquela multidão conseguiria abafar o som daquele sapato, fino, elegante, o seu som era mais alto do que todos os outros daquela multidão. Ele morreria por aquele som alto. Ele desejava se deitar naquele chão frio e nojento, só para ser pisado por aquele sapato alto.

Era eu, Cristiane, que já havia o avistado a segundos atrás. Com meu jeito indiferente, sorriso marcante e encantador. Um mistério. Um vôo imprevisível. Um risco bom de arriscar. Um segredo de mulher que havia estreado aquele boteco da Vila Fátima. E a um passo do meu sapato, estava ele que só sabia sentir medo de mim. Sentia medo de toda aquela agonia que o agonizava. Ele não gostava de perder o controle, e aquelas sensações instáveis o fazia crer que havia perdido o controle de seus sentidos. Ficará sem graça, e ligeiramente abaixará o olhar escondendo o que ele não queria ver. Desejava sumir, desaparecer. Tentou pensar em algo para fazer desaparecer aquelas sensações sem controle. Bebia ligeiramente a cerveja, virando copo após copo. Desejava coragem. Ela era maior, apesar de sua estatura baixa, mais inteligente, apenas de ser uma humilde costureira. Mas para ele, eu era sua, apenas sua, e sua Cris sempre foi e sempre será mais e mais. E eu nem era isso tudo, somente em sua mente eu era única.

Virou um copo inteiro, aliviando a sua garganta seca, aquele líquido gelado descia como um alívio de uma vida vazia e cheia de temores. Ele torcia para não ser percebido. Desejará naquele momento ser o homem invisível, mas para mim era um homem incrível. Não sabia o quanto tinha, ele não se conhecia, mas eu o reconheci e nada adiantou. Eu invadi os seus pensamentos, entrei no seu nada enchendo aquele ser com minha intensa agonia. Reagi meio inconsciente, com o meu jeito imprevisível de ser eu sorri e vi seu rosto avermelhar. Caminhei ao som do meu passo alto. Aproximei-me e o olhei profundamente em seus olhos. Eu sabia, eu sentia, ele não esperava me encontrar por ali. Meio sem graça, rosto avermelhado, olhos inchados pareciam ter chorado uma noite inteira sem dormir. Talvez ele sofra de insônia. Ou talvez ele sofra por não conseguir amar. E ele fugia. Anos atrás já fazia de tudo para me perder de vista. Mas lá estava eu, linda e aparentemente feliz. Sempre sorrindo, eu sabia amar e ele sentia medo de amar e ser feliz, por isso fugia de mim. Aquele medo era uma mania que ele tinha desde infância. Sempre foge de qualquer coisa que tenha indícios que o faça enlouquecer.

Para conservar uma forma de caminhar, eu gentilmente o cumprimentei. E só imaginava e sentia a minha grande alegria de viver. Bebia e absorvia a minha felicidade. Aquilo tudo o fazia mais feliz. Ele não me desejava como mulher. O meu sorriso fazia um bem enorme ao seu ser. Eu como uma luz, um alívio, uma satisfação, havia transformado aquele instante numa eternidade de satisfação. um sono. Um sonho. Um canto de encantos. Mesmo sem tocá-lo, ele sentia seu corpo estremecer. Uma agonia incontrolável, não conseguia ter mais controle sobre si. Pedia ao garçom mais cerveja. E ali bebia e contava... uma ovelha, duas ovelhas, três... mas meu sorriso o atrapalhava, o confundia mais e mais naquela agonia. Tentará disfarçar, desviava o olhar, implorava por distância. E o vermelho já tomara conta de todo o seu ser, suas mãos congelavam, a voz quase não saia, tentou até sorrir através do meu sorriso para disfarçar o seu arrependimento. Ele só bebia e tremia. Desejava, sem desejar. Ele corria contra aquele passo forte. Sentia medo. Medo de amar e se entregar.

Havia uma mesa vazia ao seu lado, onde sentei-me bem próxima aquele medo. De certo que ele não sabia, nem percebia que aquele meu jeito seguro era puro disfarce, eu também sentia medo tanto quanto ele, talvez até mais. Ali, junto ao nosso incontrolável medo, sentia uma coisa. Algo que ainda não sei bem o que era, apenas sentia. E todo aquele sentimento me modificava. Renovava a minha energia, como algo novo no ar que se aproximava sem saber bem o que. Sofro com minha intuição, ainda não aprendi a entendê-la. Apenas sinto algo no caminho, sinto sem conseguir ver o que virá pela frente. Ali sentada, apenas sentia, olhava poucas vezes para ele, apenas sentia uma coisa. Tenho medo, sinto medo de sentir medo. E confesso que não gosto de sentir medo, isso tudo me intriga e briga com minha razão de querer entender toda aquela situação mergulhada num mundo de sensações estranhas e desconhecida.

Fazia com que ele pensasse que eu era maior, mesmo sem ser. Assim eu me sentia mais segura. E se tinha uma coisa que eu sabia fazer bem era disfarçar. Meu sorriso era grande, apenas ele era. Eu disfarçava bem todo aquele momento que me parecia ser mais uma eternidade. E assim como ele, eu também fugia, e me condenava por sentir algo estranho e sem controle. Éramos dois inconseqüentes e imaturos. Tolos, bobos, escondíamos o melhor de nós dois. Logo eu que sai do casulo há poucos dias. Uma adolescente que não conseguia controlar os pensamentos que iam e viam, outrora faziam parte dos pensamentos de meu Zé. José Marcelino, famoso arquiteto, fazendeiro, rico e de boa aparência. Homem elegante, nobre, moreno, alto. Ele tinha um grande poder sobre mim. O único que me levou a um lugar diferente bem próximo ao céu. Agora nem sinto mais meus pés tocarem aquele chão frio. Lembro-me somente das noites onde as estrelas são mais brilhantes e o ar é mais suave. Meu Zé tinha aquela mania de revirar coisas do nosso passado, e volta e meia estamos ali revivendo o que passou. Éramos infantis juntos, de certo que não sabíamos quem enganava quem. Se ambos tínhamos uma mania incrível de se esconder do futuro, deixando o presente sem vida.

Agora mais madura, mais mulher, tudo o que vivi sem ele foram os que tentaram se aventurar em meu céu, sem saber que existem lugares em que poucos podem morar. Minhas recordações foram interrompidas com a chegada do meu pedido, uma pizza de quatro queijos, a minha preferida. Respirei fundo e coloquei minha cabeça para fora pra enxergar melhor, mas acho que é uma fantasia. Talvez aquele Zé seja nada mais do que um mero Zé, um Zé Mané, um Zé qualquer. Cheguei até ouvir alguém pronunciar o nosso nome, e me soou como um casal de perfeita sintonia, daqueles que aparentemente não se combinam. Eu baixinha e ele tão alto. A minha alegria o confundia, e fazia com que o medo ganhasse mais força, tornando-se uma ameaça a nós mesmos. E comia aquela pizza e relembrava dos nossos momentos, onde eu vivi e virei arte de um único ser. No simples ato de viver, como caminhar sem pressa de chegar, como ficar em casa o dia inteirinho e ficar um olhando pra cara do outro, sem dizer uma palavra. Toda aquela nossa simplicidade engrandecia o nosso ser, até esquecíamos que sentia medo um do outro. Assim conseguíamos ser feliz, escutando um apelido carinhoso que era o seu reflexo do meu olhar. O José Marcelino era dono de tantas fazendas, mas a sua maior riqueza era o seu abraço alto. Ele não se importava com dinheiro, aliás, nem sabia administrar, gastava, engordava e me amava.

Eu recordei ao comer o último pedaço daquela pizza, do nosso último dia juntos em que comíamos pizza fria com extrato de tomate na falta do catchup que não conseguíamos encontrar no meio aquela bagunça dos nossos sentimentos. E lá estávamos nós, como uma ironia do destino, juntos novamente. Mexia o meu cabelo pra lá e pra cá. Estava nervosa com minhas lembranças do passado. E ficamos ali, os dois sem dizer quase nada além de um simples oi e aquelas conversas corriqueiras... “quanto tempo não te vejo”, “o que eu tem feito”, “por onde andas que não te vejo”... somente só e mais nada foi dito. Até eu ver a sua conta chegar. Assustei-me, ele iria embora mais uma vez e de fato não iria vê-lo mais. Esses encontros são raros, e quase nunca acontecem, não podia deixá-lo partir mais uma vez e deixar a minha vida naquele abandono. Mas não sabia o que fazer, como agir, e um nervoso foi tomando conta de mim. E veio o medo de perder o que eu já havia perdido tempos atrás. Dias que passeava naquele carro grande, escuro e frio. Recordo-me bem o dia em que perguntei por que ele vivia com aqueles buracos que só saiam um vento frio que congelava os meus sentimentos. Gostaria de sentir o vento na cara, respirar o cheio de mato molhado de seus campos verdes. E cantarolar a nossa música, fazendo declarações que tentava esconder que eram apenas canções quaisquer. Era uma imensa saudade que eu sentia ao vê-lo. Recordações de uma vida que eu vivi. Momentos mágicos e somente meus, eu relembrava do jeito que ele fazia ao me escutar falar das minhas loucuras, mesmo sabendo que meu Zé não entendia nada. Aquele era o nosso mundo, o nosso momento. E eu o amava tanto. Sentia grande satisfação ao esperá-lo ansiosa pela sua chegada, e sentir seu cheiro por toda a casa. Olhar o meu Zé dormir quase sempre primeiro que eu, para somente depois jogar minhas pernas por cima das suas e aproveitar pra agradecer a Deus por ser tão feliz ao seu lado. Um caso ou um acaso. Ali estávamos nós, revivendo um passado que se tornará vivo ao nos encontrarmos novamente. Naquele momento eu só desejava sentir um pouco mais de nós dois, mas ele se despediu friamente e eu disfarcei novamente ao deixá-lo partir. E a gente se escondeu outra vez com medo de se machucar. Ambos sabíamos da nossa decisão de não querer mais arriscar uma nova perda, de fazer novas promessas, jogar fora novas palavras ao vento. E eu ali perdida sem saber o que fazer, nem sei mais me encontrar nisso tudo. Mas eu disfarço e tento salvar pelo menos as lembranças boas. E ali ficou somente eu, o seu copo vazio com o resto do que deixou, e a certeza da saudade que continuará a me matar aos poucos.

sábado, 6 de junho de 2009

Quatro cadeiras e uma mesa

Quatro cadeiras ao redor de uma só mesa.
Alguns se sentam por lá.
Pra nunca mais levantar.
São quatro ao seu redor.

E todos querem falar.
Mas poucos conseguem.
E esse silêncio me traz lembranças.
De um olhar distante que me despertou.

E por ai, tudo gira e vai ao fim.
Fala-se um mundo de mim.
E eu falo o que devo e o que não devo.
Ah! Eu falo.
Mesmo em silêncio, eu falo.

Eu exijo o melhor.
Exijo o meu melhor.
Eu exijo e exijo.
Eu perturbo nesse mundo.

Sempre quero mais.
Sempre espero mais.
Sempre sofro entre o mais e mais.

O mundo gira.
E tudo isso gira ao meu redor.
Quase sempre caiu mudo.
Seco, calado.
Parado num curto espaço.

E as palavras caem ao pé da mesa.
Amarrados no falar, no exigir, no querer mais, e tudo gira.
As quatro cadeiras.
Arrastadas, meio muda, cega e surda.
O mundo.
O centro de tudo.
A mesa.
Solitária e presa.
E tudo que resta são quatro cadeiras e uma mesa.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Construir é uma arte

Minha profissão é realizada não pela força, mas pela criatividade.
Quase tudo é possível quando se tem dedicação e habilidade.
Todas as peças são montadas em cima do meu sonho de realizar.
Construo peça por peça com muito apoio e orientação.
Olhe para mim.
O meu esforço é pra te ver assim.
Se encontrando por aqui.
Seja chorando ou sorrindo.
Deixe um pouco de si.
E leve o meu labor com ti.

Olhe para mim.
Podes ver?
Podes enxergar?
Você é o reflexo dos meus pensamentos.
Sou responsável por minhas criações.
E sou de imensa gratidão por cada pedaço do seu reflexo.

Você faz parte de mim.
Você também é o reflexo do meu trabalho.
Do meu esforço.
Do meu labor.
Da minha arte incerta.
Da minha loucura e lucidez.
Você é reflexo do que consegues ver aqui.

Seja em uma única palavra.
Ou por uma frase inteira.
Seja pela impressão de um olhar alheio.
Ou por um profundo modo de ver.
Seja por mim ou por você.
Ou por todos nós.

Eu sou letra.
Palavra solta que busca a poesia.
O estranho é ter que ter.
Sem saber que o ter é não ter coisa alguma.
Apenas, é ter que perceber.

O que eu escrevo nem sempre vem de mim.
Faz parte de mim.
Mas não sou aqui descrição do meu eu.
É um problema, uma necessidade.
Preciso escrever sobre ti.
E sob ti estarei despida.
Por isso, choro sem perceber.
Sinto falta de você.
Pedaço do meu todo.
Eu sou você, mesmo sem perceber.

Você que me cria.
Você me inspira.
Construir a última peça ainda demanda tempo.
Já concluir muitos sonhos.
Mas o maior dele ainda está por vim.
Por isso, ainda espero.
A peça chave que faz abrir portas de mim.

domingo, 24 de maio de 2009

A Mulher sem anel

Linda Mulher.
Mulher perfumada.
Simpática.
Atraente.
De olhar penetrante.
Mulher de matar qualquer um.
Mas ela procura algo mais.
Entra no carro e liga o som.
Ela usa um par de brincos e um colar de ouro com diamantes.
O relógio de ouro em seu pulso marcará a hora do encontro.
Ela acelera o carro.
Suas mãos ao volante mostram seus dedos solitários.
Em seus dedos nenhum anel.
Como assim?!
Uma mulher enriquecida com tanto ouro e diamante, e em seus dedos nenhum anel.
O som do carro muda a música.
É o cheiro que ela mais gosta.
Sua mão direita muda a marcha do carro, deixando somente a mão esquerda no volante.
Agora ela guia de uma mão só.
Acelera mais e mais.
Ela segue em frente.
E ver sua mão esquerda no volante.
Ela senti falta de algo em seus dedos.
Um brilho radiante.
Partículas cintilantes.
Uma cor rica ao extremo.
Os dedos em sua mão esquerda.
Uma mulher sem anel.
Seus dedos merecem algo melhor.
Em seu caminho, ele surgi na esquina.
Ela freia bruscamente e ele entra no carro.
O som toca a música deles.
Ele deseja ser feliz.
E ela ainda procura o anel.
As mãos deslizam a procura de algo mais.
E só encontram mais uma mão com dedos.
A mulher sem anel.
E o homem com o anel de outra.
(Silêncio)
De mãos dadas, eles se sentem completos.

sábado, 23 de maio de 2009

Toda de Cinza

A cor desse meu inverno.
Ora chove.
Ora faz calor.
Ora vem o sol.
Ora faz frio.
E eu toda de cinza.

Luvas, botas, agasalho.
Tudo cinza.
É moderno.
É chique.
Dos pés à cabeça.
Eu toda de cinza.
No verso ainda há cor.
Cores vivas em mim.
Mas é essa beleza que ele quer ver.
Eu toda de cinza.

Nosso momento é chuvoso.
Você molhado.
E eu seca.
Nosso inverno é cinza.

Até o vestido de baixo é cinza.
Maquiagem, unhas e meia-calça.
Nossa cor oficial é cinza.

Estou indo embora.
Toda de cinza.
Nessa tempestade que não molha.

O Beijo, a Barriga e o Menino

Beijar é uma troca.
De mim pra você.
De você pra mim.
O Beijo.
Beijo cheiroso é beijo bom.
Beijo bom é beijo molhado de amor.
Enfim, vamos a estória...

Há vida num lugar quentinho.
A Barriga.
Ah! Barriga cheia de vida.
De longe o menino avistou.
A sua altura permitia ver somente a barriga.
O menino ansioso, imaginou.
Um dia eu estava ali.
Hoje estou a esperar ele vim.
A barriga quase sorrir.
Redonda e feliz.
O menino aproximou-se da barriga.
Sua testa toca o umbigo.
Acariciou a barriga e perguntou baixinho:
- Tá vivo, tá? Tá vivo?
Chute, pontapé.
Movimento de vida.
Abraçou com os dedos e beijou-a com imensa gratidão.
O Beijo, a Barriga e o Menino... todos numa só vida de silêncio.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Dia, a Mãe e o Filho

Existem dias que não são apenas dias.
Não é qualquer dia.
É o dia.
É aquele dia.
Um único dia.
O nosso dia.
Obviamente que todos os dias são diferentes.
Mas ainda há quem pense que os dias são todos iguais.
Enfim, vamos a estória...

A mãe do filho tinha apenas ele.
Filho único da mãe.
A mãe nunca pensará na possibilidade de ter mais filhos.
Pensava nas montanhas de contas.
E no esforço de escalar uma montanha maior.
O filho, tão pequeno, nunca tinha visto uma montanha.
No seu dia, ele disse a mãe.
- Mamãe, me dá um irmãozinho de presente.
(Silêncio)
E a mãe só pensou na montanha.
(Silêncio)
A mãe organizou com carinho uma festa de aniversário para o filho.
E convidou todos os amiguinhos do filho.
O filho ganhou muitos presentes.
E no final da festa, o filho estava sentado sob os presentes.
Triste, de olhar baixo, sentia não ter ganhado nenhum presente.
A mãe preocupada perguntou:
- Não gostou da festa, dos presentes?
E o filho falou com a voz que vem de dentro:
- Mamãe, quero um irmãozinho pra brincar comigo, me dá mamãe!
(Silêncio)
No dia da mãe, ela se deixou levar pela emoção.
Positivo! A mãe correu pra contar ao filho, acariciando o ventre disse:
- Filho, seu irmãozinho está aqui dentro e logo irá chegar pra brincar com você.
O filho sorriu com os olhos cheios de lágrimas brilhantes e gritou:
- Mamãe, você realizou o meu sonho!
O Dia, a Mãe e o Filho... todos abraçados em silêncio.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diagnóstico

Quem é louco?
Quem é normal?
Ser louco é ter um comportamento que difere dos demais?
E ser normal é o oposto? É ser o usual, o que estamos acostumado a ver por ai?
Ser normal é ser igual aos outros?
Ser louco é ser diferente do normal?

Seja um desabafo, ou mesmo por razões pejorativas, ou até por certas conveniências, ainda existem tantos "TPEI" rotulando alguém de louco, uma vez que a definição do normal é tão imprecisa.

Vamos ao Diagnóstico...

O Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável (TPEI), se divide em dois subtipos: o tipo impulsivo e o tipo borderline.

Tipo Impulsivo

1. O critério geral de trastorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos seguintes sintomas abaixo devem estar presentes; é obrigatória a presença do sintoma B:

A. Tendência em agir impulsivamente e sem consideração com as conseqüências;
B. Tendência a ter um comportamento briguento e entrar em conflito com os outros, especialmente quando os atos violentos são contrariados ou criticados;
C. Tendência a explosões de ira e violência, com incapacidade de controlar os resultados subseqüentes;
D. Dificuldade em manter qualquer ação que não ofereça recompensa imediata;
E. Humor instável e caprichoso.

Tipo Borderline

1. O critério geral de trantorno de personalidade deve ser alcançado.
2. Pelo menos três dos sintomas mencionados no critério 2. do Tipo Impulsivo devem estar presentes. Em adição, pelo menos dois dos sintomas abaixo devem estar presentes:

A. Perturbações e incertezas sobre a auto-imagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade);
B. Tendência a se envolver em relações intensas e instáveis, sempre levando a crises emocionais;
C. Esforços excessivos para se evitar abandono;
D. Atos ou ameaças recorrentes de autolesão ou suicídio;
E. Sentimentos crônicos de vazio.

No mundo das emoções, também é conhecido como Transtorno de Pessoas Emocionalmente Incompetentes (TPEI)... coincidência ou não a sigla ficou a mesma!

E agora, quem é o louco e o normal? O paciente ou o doutor? Quem se permite amar ou quem nem sabe amar?

P.S. Conclusão: O mundo das emoções está cheio de doidos!!! Depois eu que sou louca...hahaha... só rindo com esse rebanho de TPEI!

O lance do chapéu

No princípio era sonho
O chapéu era só desejo
Ainda em meus planos
Mergulhado em expectativas
Imaginei tantas vezes
Meu capelo fixo em mim

Como seria?
Quadrado
Redondo
Triangular

Que cor teria?
Branco
Vermelho
Azul
Amarelo
Preto

Desenhei a minha maneira
Busquei as melhores fibras
Lutei pelas mais variadas cores
E construir o meu chapéu

Agora ele é verbo
É do tamanho das minhas intenções
Possui a cor das minhas emoções
E tem um cordão de realizações

Hoje sou rei
Coroado de satisfação
Tão formoso e resistente
Incrível como se encaixa em mim
Ele é meu
E eu sou dele
Que molde perfeito

No topo das mais variadas sensações
Sinto ele acariciar a minha consciência
Esses meus cabelos embaraçados
Embora estejam esmagados, é puro contentamento

O chapéu e os meus cabelos
Cúmplices e companheiros
Meu chapéu
Meu abrigo
Meu orgulho
Meu amigo
Meu chapéu é só cabelo

Tenho que curtir esse momento
Eu e o chapéu
O chapéu e eu
Ah, meus olhos enchem de lágrimas
Só de pensar que ele irá partir um dia
Mesmo sabendo que não duraria por tanto tempo
A dor da despedida é inevitável

Imensa e longa estrada
Forte vetania
Chego a sentir ele se desligando de mim
Pois é, o chapéu precisa seguir
Meu pequeno e indefeso chapéu
Agora tão independente
Será arrancado de mim

Mal consigo me mover
Minhas pernas trêmulas
Um mundo de situações
É dia de lançamento
Sinto cheiro de despedida
Meu chapéu irá partir
Cheio de esperanças

Então suspirei
Do topo de minha cabeça
Ele decolou às alturas
Meus cabelos sentem sua falta
E a minha testa marcada de dor
Ao ver o chapéu deslocando no ar
Entre as nuvens expelindo atrás de si
Um fluxo de esforços a alta velocidade
O futuro é o seu combustível
E o céu é o seu limite
Momento solene de pura celebração, o lance do chapéu

O Povo do Parangolé

Aquele povo está ali.
De alma e coração.
Não pelo que veste.
Não por outras pessoas.
Não para provar nada para ninguém.
Não para ser o que não é.

Aquele povo está ali.
Sem preconceito.
Sem vergonha.
Sem hipocrisia.
Sem depender de ninguém.
Sem aqueles olhares que julgam quem você é e o que você faz.

Aquele povo está ali.
A cada batuque de percussão.
O corpo sente e reage.
A cada lágrima que escorre.
O corpo se move.
A cada grito de emoção.
O corpo se esquenta.

Aquele povo está ali.
É povo que se entrega.
É povo que se emociona.
É povo que curti.
Curti o suor que escorre pelo corpo.
Curti o swing entrando em seus corações, e embalando todas as suas emoções.
É povo de alma.
É povo de emoção.
Aquele povo que está ali.
É povo que ama de verdade.
Ê, povo bom.
Não é pagode.
Não é axé.
É o povo do Parangolé.

domingo, 17 de maio de 2009

O bom é agradecer!!!

É preciso registrar...

Acordei com uma imensa sensação de amor no coração!
Lembrei somente de momentos bons!
Eu tenho amigos tão lindos!
E eu os amo com toda a força do amor mais puro que há em mim... sem preconceito, sem defesas, sem esperar nada em troca, apenas amo... e amar pra mim já é tanto, não me importo que alguém não me ame, Deus já me abençoou com a caridade de saber amar.

Reciprocidade é consequência da sua competência de saber amar!

A banana do meu quintal é mais gostosa do que qualquer outra banana... bem mais amarelinha! Por que será?! Delícia todaaaaa...

Em frente ao meu altar, de coração aberto, minha alma só agradece: OBRIGADA MEU DEUS! A sensação é massa!!! Mensagem em oração: Deus, é a essência do amor!

P.S. 1: ontem foi um dia execepcional. Ás vezes paro e penso, será que mereço tanto? Meu Deus, eu tenho tantas coisas lindas e maravilhosas em minha vida... só tenho que agradecer mais e mais.

P.S. 2: dia 16 de maio, ontem, primeira vez... vesti um sonho, daqueles que dá calor!... hoje te carrego também em meu dedo, sempre vou te amar!... uma lágrima rolou, muitas horas se passou, e Deus me deu mais um grande amor!

P.S. 3: acabei de escrever meu livro! Que maravilhosa sensação é essa?!

P.S. 4: coisas que escuto desde a infância... "vamos perguntar a Lakinha, ela sempre fala a verdade"... "você é linda"... "Eu te amo"... "vamos brincar"... "presente para você" ...

P.S. 5: Obrigada Senhor, não permita que a criança que ainda há em mim se perca nesse vazio escuro, lá fora faz frio, e criança gosta de doce e do quentinho... palavrinhas mágicas: ser, ter e fazer!

P. S. 6: no meu rádio a canção é puro amor! Por favor, não perca a esperança, ainda há amor sincero e um dia ele chega para você... só espero que esteja preparado para saber identificar esse tal amor de verdade!

P.S. 7: importante lembrar... o valor das coisas está na intensidade em que nos permitimos nos doar por inteiro, e no coração ficará somente o essencial pra se viver! Uma grande verdade: eu me amo muito e sou tão feliz!

P.S. 8: todo recruta é burro. O que fazer?... só me resta rir! A comandante é mesmo uma "beautiful girl"! Falem o que quiser falar, e eu ainda estarei rindo em silêncio...

- Regra 1: Leia o Pequeno Príncipe até entender, nem que para isso se torne uma miss, quem sabe assim ganhe uma Miss Simpatia?!... fica a dica!

- Regra 2: Faça uso dos três "R"... Respeito a você mesmo! Respeito aos demais! Responsabilidade para todas as suas ações!

- Regra 3: Não se importe com o amanhã, vamos viver hoje por favor!

P.S. 9: As mulheres são diferentes uma das outras... assim como os homens também! AS PESSOAS SÃO DIFERENTES! Algumas atitudes é que são um pouco parecidas. Iguais ou diferentes, isso pouco importa... por favor, sejamos originais!

P.S. 10: Hum, Duca está fedendo! E eu beijando esse fedor... sabe, até que cheirinho de cachorro é bom! Pensando bem, tem tantas outras coisas por ai que fedem muito mais!

P.S. Master: Que Deus sempre ilumine meus caminhos, e que eu seja sábia para entender seus sinais! Os avisos são mesmo os conselhos de nosso Deus!

DESEJO À TODOS MUITO AMOR!!! SILÊNCIO É OURO!!!