terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Faz de conta

Mais doce do que cedo estou
Em busca do amargo doce
De um encontro a dois

Nesse nosso faz de conta
Nunca é tarde para nós
Somente assim ficamos a sós
Respirando um pecado que só a gente sabe

Vivo nesse conto de faz
De conta que te quero mais
Fingo não perceber que posso perder
O doce que tanto quero ter

Amarga é a minha indecisão
Num faz de conta de que nada acontece
E que tudo foi só um acaso
Incríveis coincidências
Que nos intriga e nos uni

Faço de conta que é só minha
E só minha pode ser
Acorrentado a lembrança
Do último adeus

Nesse nosso faz de conta
Continuo a te prender
Perdendo sem perceber
Incríveis coincidências
São avisos pra se viver

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Chaves

No meu caminho
Encontrei
Chaves que alguém perdeu
Num tombo que levei
Escutei trincar
As chaves que pisei

Ali estavam
Prontas para mim
Me vieram lembranças
De tantas portas fechadas

Mas continuei a descer
E subir ladeiras
Incansavelmente
Sem saber por onde ir

Minhas pernas andam doloridas
À procura
Onde estará a porta
Tão digna dessas chaves

Por onde passei
Encontrei apenas portas
Tão duras como tal
E burras como qual
Não se abrem para mim

Continuo trancada
Ninguém percebe
Apenas fingo entender
O mistério que há em mim
Poucos conseguem abrir

Eu sou interrogação
E você uma resposta para mim
Numa porta aberta
Caminharemos juntos
Por caminhos desiguais

Vício de linguaguem

Escrevi versos em suas costas
Para que nem você pudesse ler
É difícil entende esse jogo de palavras
Em seu verso há muito de mim
Escrito com palavras de diferentes formas

Por mero descuido
Vivo a distorcer o seu raciocínio
Mudando a posição e a ordem
Aguçando a sua criatividade

É apenas um jeito de dizer
Palavras que tento esconder
No obscuro
No incerto
No aveso de um verso
Escrevo o meu vocabulário
Meu único vício de linguaguem

Insinuações por meio de trocadilhos
Palavras soltas vão formando o que deveria ser dito
Antes mesmo de ficar o dito pelo não dito
Essa minha linguaguem
Tem uso proposital
Nos meus versos
Escritos desde o princípio
No verso de suas costas

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Perigo de se viver

Nem eu sou de mim
Tão pouco serei de você
Assim tão fácil
Não serei de ninguém

Enunciado ambíguo
É tudo que posso dizer
Cuidado!
Perigosa eu sou
No perigo de se viver

Dois mundos
Se cruzam numa mesma estrada
Em instantes
Deixo marcas pra vida toda
E por toda a sua vida
Serei uma variável inconstante

O silêncio que grita por nós
No indo e vindo
Me encontro entre o amor e a paixão
Ardente e serena
Sou o espelho do seus olhos

Projetada pra te fazer feliz
No vai e vem
Estou no entreposto da felicidade
Sempre montando e desmontando sua vida
Em peças que te confudem mais ainda

Esqueça o medo
Me dê a mão
Saberás o que é viver

Enunciado ambíguo
É tudo que posso dizer
Cuidado!
Perigosa eu sou
No perigo de se viver

sábado, 17 de janeiro de 2009

Como fazer

Coloque-me para flutuar
Em camadas como um profissional
Existem várias maneiras de fazer isto
Algumas mais fáceis que outras

É divertido de fazer
Apesar de parecer complicado
Posso te mostrar como fazer
Um simples combinado

Mostre-me toda a sua habilidade
Isso não pode ser feito de maneira aleatória
É preciso agilidade
Pra aprender como fazer

A temperatura influencia na densidade
Se você aquecer demais
Posso diminuir
Deve-se fazer experimentos
Para determinar a densidade
Com carinho devo ficar mais leve
Sou uma camada muito fina e pura
Pronta pra combinar

Aproxime-se de mim
Sem derramar
Deixe a ponta encostar no meu íntimo
É preciso firmeza
Isso faz com que eu flua

Remova os resíduos da camada anterior
Se as camadas ainda estiverem misturadas
Deixe-me descansar por um tempo
As camadas devem se separar devagar

Quando tudo se estabilizar
Tente pingar uma gota do seu eu
Isto deve criar um efeito surpreendente

Seu ingrediente deve assentar sobre mim
Derrame-se com uma brutal delicadeza
Assim podemos nos misturar um pouco
Especialmente se a altura de onde cair for muito alta

Uma bebida só nossa

Em meu copo ainda há marcas do seu batom
Da última vez que brindamos
Drinks de tentações
Embriagados
No vício de mais um gole

Bebo e sinto tudo esquentar por dentro
A cada gole
Vou me embriagando até cair
Você é inebriante
E há uma bebida só nossa
Servida pra nos dá prazer

O suor escorre em seu decote
Molhando sua blusa
Imagino seu corpo molhado
Tão exposto pra mim
Minhas mãos deslizam nesse labirinto
Onde a saída é te possuir

Estou tonto
E tudo se move ao meu redor
Meu equilíbrio está em completa desordem
Cambaleando nessa precipitação de te beber

A cada gole
Vou me embriagando até cair
Você é inebriante
E há uma bebida só nossa
Servida pra nos dá prazer

Somos nós

Viver ao seu lado
É minha alegria
É rir de dentro
Sem razão alguma
É ter a certeza de quem somos
Sem medo de ser feliz

Junto somos muito mais
Somos nós
Somente nós mesmos

Estacionei numa dimensão
Entre a depressão do que passou
E a ansiedade do está por vim
Presença do presente
Em seus risos tão meus
Alimento da minha alma
Que mata a minha sede
Sedenta de felicidade
Emoções que me contenta

O tempo acelera
A cada riso seu
Inúmeras vezes
Tão riso meu

Junto somos muito mais
Somos nós
Somente nós mesmos

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Pombos em sinaleiras

Alimentam-se de grãos
Às vezes até de restos
Nús e descalços
Vagando nesse sangrendo silêncio
Esperando um sinal de lamento

Pássaros de uma só asa
Tem dificuldade de voar
Suas penugens balançam
Sentindo o vento frio
São avisos de condições desfavoráveis para voar

Recolhem o lixo deixado
Partículas de penas
Restos de ninhos
Provocam entupimento

Não prendam as suas asas novamente
Ainda estam se adaptando as reentrâncias
Presos por um prego
Marcas de um passado sangrento

Pássaros de uma só asa
São pombos de uma asa só
Desprezados e perseguidos
Só segue em bando

O sinal abriu
É hora de seguir
Formando casais pra vida toda
Com grande capacidade pra vôo
É hora de voar

São passáros de uma só asa
Mas juntos podem voar
Alcançar alturas jamais atingidas
Vamos alçaar novos vôos
Como pombos
Pombos em sinaleiras

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Tendência de me machucar

Você aumentou de tamanho
Não te reconheço mais
Vivo numa constante fabricação de anti-corpos
Há um conflito
Em te querer
E não poder te ter

Vivo acelerado
Há um excesso de você em mim
Uma energia que me corrói por dentro
Já aprendi uma nova forma de proteção

Ao mesmo tempo em que te desprezo
O meu desejo te quer por inteira
Mas não posso viver em demasia
Preciso me curar dessa tendência
Uma tendência de me machucar

Por isso quero te expulsar de dentro de mim
Você não pode ser mais minha
Meus pensamentos não te querem mais
Se tornou maior do que o esperado
Já não te reconheço mais
Há um conflito
Em te querer
E não poder te ter

Contra essa corrosão
Não irei mais me expor tanto
Se não irei me machucar
Sou sensível
Sempre me magoou
Preciso me curar dessa tendência
Uma tendência de me machucar

sábado, 10 de janeiro de 2009

Pedaços de mim

Você se perde
Tentando me encontrar por aí
Há tantas de mim
Pedaços que doei por aí

Sou tantas
Quase um tudo
Em tantas sou
Quase um nada

Tantas de mim há em mim
Que não está mais cabendo dentro de mim
Ao ponto de explodir
A galáxia do meu ser
Já não suporta mais
Tantas partículas do meu eu

E continua me perdendo assim
Ao tentar me encontrar por aí
Procurando em outras um pouco de mim
Migalhas que deixei por aí

Tolice a sua achar que irá me entender
Assim você nunca saberás onde estou
E nem quem eu sou
Se continuar a procurar
Pedaços de mim

Pra que saber quem eu sou
Se sou o reflexo das suas lentes
O mistério sempre estará intacto
Mesmo em momentos de entendimento

Limpe seus óculos
Me olhe novamente
Consegue enxergar
Já sou outra
Diferentemente igual
Ao que nunca sou sempre

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pra se viver

Me embreago de coragem
Pra enganar a minha razão
Pois nessa solidão
Não dá pra se viver

Eu sei sim
Seus intentos irão me trair
Todos são assim
Só querem me usar pra ser feliz

Minha loucura
É o meu melhor
Minha mania
É o meu pior

A dúvida me persegue
Num vazio cheios de lamentos
E a certeza me condena
Por esquecer dos nossos momentos

Cortei meus pulsos
Pra fazer jorrar segredos de minha alma
Já que acostumei minhas lágrimas
A congelar antes de chegar aos olhos

Confesso que já me entreguei ao desespero
Sua tolice não deixa ver
O meu tamanho real
Mas de quem é a culpa
Nem eu mesma sou o que sou
Pois ainda estou nessa guerra
Do que sou
E do que devo ser

Os dias reais não servem pra se viver
Prefiro morrer me escondendo
Mesmo sabendo que isso irá matar
Alguém que nem tive tempo de revelar

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Teia de Fumaça

Do meu cachimbo sai fumaça
Materializando formas
E movimento que enlaça
Mistérios que só você viveu

Teia de fumaça
Sopro pra você ver a chama ascender
Respingando cinzas por onde dança
Me imaginando em seu poder

As faíscas salpicam algumas vezes
A pele eriça mostrando os meus dentes
Aroma que impregna minha mente
Num desequilíbrio envolvente

Quando as marcas ardem
Deflorando os seus sentidos
Aspiro as almas que me prendem
Aguçando meus instintos

Sinuosa e confusa
Teia de fumaça
Quando olho para trás
Vejo tudo evaporar

Respiro fundo
Preciso de ar para soprar
Acende a chama
E a cada tragada
Uma nova teia de fumaça

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Um click Só


À deriva
Em margens desconhecidas
Você leva a alma numa fotografia
Catalogando lembranças jamais esquecidas
Em fotografias de um click só

Escuta o click do seu coração
Assim ficamos mais próximos
Viagem de uma profunda recordação
Em fotografias de um click só

Sinto o tempo todo
A todo o tempo
Cada fotografia
Uma parte sua
De uma recordação profunda

Click mais
Acerte menos
Me sinta mais
Assim ficamos menos distantes
Em fotografias de um click só

De mãos dadas
Em busca do ardor
Do incerto
E do inesperado
Distantes da dor
Sem comando
E sem juízo
Até o fim desse castigo

E assim seremos só um click
Um click só
Só um click
Em fotografias de um click só