quinta-feira, 19 de março de 2015

EU DIGO SIM


Já me imaginei casando com você. Lá na sagrada colina, na mansão da misericórdia. Mas só sinto vontade de casar na Igreja do Senhor do Bonfim se for com você. Já imaginei você fardado e eu num vestido longo branco. Em minhas mãos um bouquet de lírios brancos e um terço de cristal transparente. Caminho da porta de entrada até o altar, onde você está. Durante a caminhada todos me olham, mas não consigo enxergar ninguém, além de você. Consigo escutar a música, e ao ritmo dela vou seguindo passo a passo até você. Olho nos seus olhos, e me vejo. Você beija a minha testa e enlaça seus dedos nos meus. Ergue a minha mão sob a sua, e me ajuda a subir mais um degrau. Onde me põe exatamente em frente a imagem de Jesus Cristo na Cruz. Juntos ajoelhamos perante ao filho de Deus. No silêncio da inquietude nossas almas brincam desprovidamente de se unir. Aos teus pés, celebramos o nosso ritual de amor. E recitamos nossa promessa. Você me pergunta e, eu digo Sim. Eu te pergunto e, você diz Sim. O elo toca os nossos dedos. Ao mesmo tempo que uma lágrima escorre e toca os meus lábios. Você também me toca os lábios, com um beijo eterno. Deus abençoa!

Casar não é a certeza de que tudo será como queremos, mas a convicção em saber que, possuímos o dom de amar um ao outro, mesmo quando chove e o vento sopra forte, o sol nasce e se põe, e a noite vem, posso imaginar, suspirar, e ter a certeza que nada acontece por acaso, que o amor existe até no meio das piores desgraças, que, se eu aceitar, posso dizer sim a tudo que me faz feliz. Na simplicidade do meu viver, você despertar em mim a plenitude e, eu digo Sim.



Texto: Lai Guedes

SECRETO


Uma das relações mais complicadas que vejo é a de você com você mesmo. A verdade é que a gente nunca saber o que se passava pela mente e coração do outro. Mesmo assim ainda existe aquele que nos julga. Imagina que, vinheram me falar o que eu sinto. Mas os meus sentimentos não são meus? Como pode alguém ter a ousadia e deselegância de afirmar o que acontece somente dentro de mim. Tem alguém aí, ou muita gente por aí, que precisa entender que conceituar o que sentimos é único, pessoal e intransferível. E vamos concordar que ser humano é um "bicho estranho". Por orgulho ele nega, finge ser o que não é. Sentir o que não sente. Disfarça até mesmo sentimento. Por defesa ou fuga ou medo, a gente se anula. Por ego ou vaidade a gente se destrói. Até por uma bobagem qualquer. Afinal, somos tão infantis, às vezes. Você ou Eu. Ou Eu e Você. A verdade é que este duelo é apenas entre nós. Aqui dentro quem sabe o que se passa sou Eu. Aí dentro de você quem sabe o que aperta e dói é Você. Apenas você. É preciso consciência de que a gente nunca sabe o que o outro sente. Muitas vezes, nem a gente sabe o que a gente sente. Como pode alguém julgar o sentimento alheio por análise a atitudes diversas. 

Somos tão responsáveis por tudo que acontece por nós. Entenda que, é você que permite ser machucado. É você que permite sentir dor, fraqueza, desanimo. Você tem tudo que precisa pra solucionar todas as dúvidas e incertezas que o cerca. Acredite, está tudo aí dentro de você. Você nasceu completo, mas teima em buscar algo que falta. Mas não falta nada. O seu mistério está guardado dentro de você, e é uma mistura de tudo que viveu em loucura, equilíbrio, harmonia, paz, dentre outras plenitudes. Algo do tipo Secreto...

Você se ver de frente com você mesmo, deseja um abraço firme e intenso e, a partir desse momento, começa a sentir os seus dedos, mãos e braços te enlaçarem. Não sei dizer ao certo o que irá sentir. Por ser, de fato, algo sem explicação. Um sentimento puro, único e apenas SEU. E de mais ninguém. Ao menos que queria me dar.

Importante, e muitas vezes necessário, esse momento entre Você e Você mesmo.



TEXTO E FOGRAFIA: Lai Guedes

sexta-feira, 13 de março de 2015

TESTEMUNHA SILENCIOSA: Limpeza, Pureza e Amor!


Tentei abrir seus olhos, você tentou vendar os meus e agora ficamos os dois presos, em silêncio. Não sei se em vez de separar, você gostaria de estar mais próximo. Sou sua testemunha silenciosa. Não observo apenas seus detalhes, todo esse tempo choro em lágrimas a sua completa desordem interior. Altos, baixos. Altos, baixos. Tentei organizar essa bagunça que vem refletir no que tenta esconder, mas todo mundo vê. Peço apenas um lugar na platéia do seu mundo, onde eu possa contemplar o oculto da sua alma. Não há palavras, são apenas sinais. Não escuto vozes, nem gritos. Caso me permita levantar, irei caminhar dentro de ti. O que vive é mais do que parece ser. É muito mais do que palavras. Muito além do que se consiga imaginar. Você é único, apesar de insistentemente refletir e expressar muitas vezes o que não é. Algumas escolhas da vida nos põe vendas nos olhos, que nos impedem de descobrir o que é real. A vista segue cansada, e você se perde tentando se encontrar. Não sei se ao invés de enlouquecer, você é a própria loucura. O reflexo só não basta. Tudo passa. Mas lá no fundo ainda te resta a necessidade de controlar outras pessoas. Você não está sendo você. Alguns momentos conseguir ver quem realmente é, ao passo que em outras ocasiões você se separa do seus verdadeiros sentimentos. Se você for como tantos outros, não. Se demonstrar ser forte sem ser, não. Pare de esconder quem realmente é. Negar ou escolher saídas que parecem confortáveis não irá resolver nada. Sabe, este mundo no qual está tentando se adaptar, nem é seu. Tudo que é verdadeiro vem de dentro. Não criamos com base em outros seres, arquétipo. Já somos desde o princípio e o fim. Não deixe a vida se acomodar onde ela quer estar. Comece a romper o hábito. No seu ritmo, dia após dia, retirando alguns vícios. Renuncie. Cuide-se. Tente expressar de dentro pra fora "Eu sou" pura essência suprema centelha divina - "Eu sou Amor"... Limpeza, Pureza e Amor!

E olhar só pra dentro impossibilita de descobrir os mistérios de outro ser, que almeja fazer parte da sua imensidão. O sonho parece mais real do que quando estamos acordados. O amor pode estar trancado. Liberte-se... E se possível me dê um pouco mais do seu amor. Estenda a sua mão e permita-me tocar entre seus dedos.


Texto e Fotografia: Lai Guedes

segunda-feira, 2 de março de 2015

ELA


O tempo foi passando, e ela se perdeu. Não sabe pra onde vai, e nem de onde veio. De vez em quando solta faíscas luminosas do seu verdadeiro eu, como criança ao brincar livremente. Mas confusões perturbam a sua mente e coração – não se sabe onde se perdeu, ou em qual momento se encontrou na busca incessante dela mesma. Até que, numa fração de momento, ela olha para dentro de si. Tenta escutar a sua voz, silenciosamente murmurando em seus ouvidos, e nada. Procurou, gritou por si mesma. Nada. Colocou a mão sobre a nunca fria, abaixou a cabeça e chorou. Fechou os olhos molhados de lágrimas e ouviu o barulho do seu silêncio soprando sob as cores cintilantes do seu pensamento. E desmaiou, exausta. Quando despertou, já era dia. Tudo parecia meio diferente. As sensações ainda mais intensas sufocando o seu peito a se perguntar - Quem sou eu, e pra onde devo ir? Ela ainda se questionava demais sobre si mesmo. Colocou a mão no peito e sentiu seu coração batendo descompassadamente. Seu eu mudo não tinha como responder. De certo que você não é você. É outra que criou pra se adaptar a nova realidade. E ela não sabe o que fazer perdida nas suas escolhas. Ela só quer se reencontrar. Mas precisa fazer parte de si mesma. Mergulhar na sua grande imensidão. Sentir a força que vem de dentro do seu coração. Respire e sinta, abra o seu coração e escute os sinais relampejando no céu. Caminhe sobre os seus próprios passos, seguindo a luz da escuridão. Preste um pouco de atenção. Você ainda está aí? Então, acorde!



Texto: Lai Guedes

PENSANDO ALTO



Estou bem diferente do que sou
Quase nem me reconheço 
Eles querem que eu seja outra
Bem diferente do que sou

Eu não fico feliz quando tento fingir
Pensando alto, bem alto
Me questiono tanto sobre as coisas que faço estão certas
Eu quero a liberdade de me sentir livre
Apenas eu, por um instante, somente eu

Mas, tenho tanto amor aqui dentro
E eu estou pensando alto
Por que no mundo poucas pessoas sabem amar?
Tudo que eu mais quero é dar esse amor
Porque eu sei que esse é o sentido da vida

E não vou parar até encontrar
Um colo onde eu possa deitar
E serei apenas eu, você e o amor
Pensando alto, bem alto



Texto: Laila Guedes

MEIA HORA

MEIA HORA

Ele me olha. Quer alguma coisa? Massagem nas costas. Meia hora. São 21h30. Às 22h termino. Começo.

Ele deita ligeiro na cama, de bruços. Levanta, arranca a blusa. Deita de novo, de bruços. Eu começo estralando. Deslizo as mãos apertando sua pele com minhas impressões digitais por todo o seu corpo, principalmente no entorno das costas largas. Nos ombros, trapézio. Ele pedi - Faz com a ponta do cotovelo.

Imagino eu que uma boa massagem nas costas tem que ter dedos fortes. Na ausência deles, ponta do cotovelo resolve. Uma boa massagem nas costas ultrapassa o cóccix e explora glúteos; avança sobre a nuca e alcança orelhas. Aperto o trapézio novamente deslizando até o ombro. Uma boa massagem nas costas envolve alguns segundos de carinho. Uma boa massagem nas costas inspira. E eu viajo no contorno dos seus músculos rígidos.

Não sei o que passa dentro da minha cabeça, são milhões de pensamentos. Sou a sua massagista agora, amanhã eu não sei. Você, esparramado na cama, relaxado esperando o toque dos meus dedos. O que você pensa eu não sei. O que sei é que quando você deita de bruços, me inspira, eu pressiono cada inserção dos seus músculos como se fossem poemas. Se deixar, me empolgo, aperto tão forte, você geme. Eu me apaixono. 

Esse carinho vicia. Fico passando pelo mesmo caminho toda hora, isso vicia. Uma boa massagem escolhe maneiras diferentes de percorrer todo o corpo. Sua pele morena me inspira, um bom carinho é criativo. A ponta do cotovelo em suspenso por alguns segundos. A ponta do cotovelo retoma o percurso em um local mais adiante ou mais atrás, nunca no mesmo. Uma boa massagem não dá pistas de aonde vai chegar. E provoca dores que aliviam.

Não sei como tudo isso começou. Você chegou, deitou de bruços pedindo carinho. Meus dedos apaixonados tocam sua pele oferecendo carinho durante uma longa sessão daquilo que ele mais gosta. Massagem! Eu, admiro o tom da sua pele, enquanto você relaxa. Sempre termino no peito, onde mora o coração. A última parte deixa um desejo de querer mais: uma boa massagem vai muito mais além do que massagear. Os meus dedos não tão fortes, a ponta do meu cotovelo, a minha pele na sua pele faz crescer o músculo do seu peito.

Eu pergunto - Tá gostoso? Muito... Acabou? 22h já. 

Um bom carinho passa depressa, depressa demais. Um bom carinho é só o começo.

Demorou quanto tempo? Meia hora talvez.



Texto: Laila Guedes

MEU PRIMEIRO MERGULHO: No mar de 2015

O MEU PRIMEIRO MERGULHO: no Mar de 2015

Eu nunca vi o mar desta forma. Nunca tomei um banho assim, como hoje. Quando entrei no mar de 2015 pela primeira vez, reencontrei o belo. Não foi no primeiro dia do ano, nem a noite. Foi no terceiro dia, sob a luz do sol. Meu corpo quente lentamente foi se tornando parte daquela imensidão transparente. Então fechei os olhos e passei meu corpo inteiro por debaixo da onda. Mergulho após mergulho, senti meus dedos tocarem a areia. Nunca abri os olhos no fundo do mar. Nunca nadei pelada, exceto quando era bebê. Eu nunca vi um raio tão forte e brilhante cortar o horizonte. 

Hoje eu vi tudo tão diferente. Deu uma impressão de que a natureza falava cuidadosa comigo. Não sei nadar tão bem, não entendo o barulho que o mar faz. Mas escolhi mergulhar, mesmo sem saber nadar e tão pouco sei sobre o mar. Não sei como surgiu, não sei de onde veio tanta água e porque é salgada. Com ondas tão ligeiras, e outras tão calmas. Não sei explicar a sensação de estar no mar, nem qual a cor da água que difere de lugar para lugar. Outro dia aprendi que a cor depende da tonalidade que as partículas de areia e os microorganismos mais comuns na sua superfície refletem quando atingidos pela luz solar. Normalmente é azul ou verde, mas já vi outros tons, como a cor do meu amor. Me sinto à vontade para falar da beleza das águas, porque faço parte do que é belo - o conceito serve tanto para mar como para cachoeiras e rios. Não sei viver sem amor e aprender a nadar está cada vez mais difícil.

Mesmo assim, ainda tenho medo que o mar fique seco, tenho medo do dia em que toda água se esgote – espero que não aconteça. Tenho muito medo do fim e o meu maior medo é um dia não ter nem mesmo a natureza para me escutar.

Eu queria que fosse mais fácil me amar. Mas ainda não sei explicar as variações dessa longa extensão de água. Toda vez que mergulho embolo nas ondas presas no meio termo. E continuo tentando encontrar um jeito e as palavras certas pra dizer - Depois que te conheci, eu nunca passei em frente ao mar sem pensar em você.


Texto: Laila Guedes