quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Deleite

No princípio me sentia envaidecida ao ser elogiada. Meu ego ia nas alturas se encontrar com a minha auto-estima, que aliás, neste exato momento estava "altíssima". Nas alturas a minha inocência era também proporcional. Em momentos que minha alma reluzia, acreditei em todos. Acreditei veemente em todos os elogios dirigidos a minha pessoa. Acreditei, acreditei, em todo o carinho, em tudo e todos. Como uma criança, inocente e descrente de qualquer mal.

Eu só sabia amar. Amei. Amo. E sempre amarei. Amei me sentir assim, naquele momento, minha criança era tão feliz. Como numa festa de doces e brinquedos dos mais coloridos ao mais divertidos. Eu era a criança popular. Era algo que vinha de mim, eu sempre quis ser notada, elogiada, aplaudida... Mas também, a criança que muitos desejam derrubar do brinquedo.

Recordo-me bem do dia que cai pela primeira vez do cavalinho do carrossel. Era alto. Eu subi com ajuda de pessoas que me amavam de verdade. Uma hora meu pai. Outrora minha mãe. E até mesmo meu irmão mais novo, que apesar de ser menor, juntos eramos mais fortes e maiores. Antes de aprender a subir sozinha, muitos deles me ajudaram, todos eles, cada um da sua maneira. Hoje já sei subir no cavalinho do carrossel, mas nunca esquecerei das quedas, que veio o choro. Eu não conseguia ver ninguém além de meu pai, minha mãe e meu irmão que logo vieram secar minhas lágrimas, nada disseram e nada fizeram para impedir minhas lágrimas de escorrerem. Apenas secaram minhas lágrimas que escorriam entre soluços. Hoje eu mesmo seco minhas lágrimas, ainda sou aquele criançinha pura e inocente, mas aprendi a não me deixar molhar.

Ainda sou, completamente, inteira, cheia de sonhos e da tal inocência que me transborda. Junto ao tempo e as quedas, veio a sabedoria e a proteção. Inocente, porém protegida hoje eu sou. Envaidecida?! Sim, muito. Mas muito mais envaidecida por aqueles que me amam de verdade e soletram palavras de puro amor.

Novamente no topo, no mais alto que já estive, no topo de minhas emoções, montada no cavalinho do carrossel abraçada por minha família. Desta vez não irei cair, apenas irei me deleitar com o bom da vida.

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