domingo, 29 de março de 2009

Natureza Morta

No dia em que floresci
Fui arrancada do seu jardim
Como tantas outras que já vi
Só me resta fingir um sorriso
Aceitar que nada é tão simples assim

Longe da terra de onde nasci
Ainda bela e vermelha
Atraente e cheirosa
Fui vendida pra ver alguém feliz
Por alguém que compra paixões
Pra ganhar corações feridos
Em dias em que o vento é ruim

Agora estou aqui
Distante de tudo que vivi
Aprisionada num vazo vazio
Translúcido
Sinto tudo envelhecer
Sem ter pra onde ir
Sinto fome e sede
Nesse vazio irei diminuir

Já percebi que foi tudo ilusão
O que me deu morreu
No dia em que nada nasceu
Minha cor escureceu
O aroma desapareceu
De cabeça baixa
Sinto a natureza desfalecer

Tudo mucha até morrer
Sem terra nada sou
Natureza morta vende mais
Do que adubo de rancor
Já se foi a época de plantar tanto amor
Só se cultiva natureza morta
Cheias de promessa e caô
Sem alma de flor
Adormeço no lixo de um falso amor

Ontem uma flor
Hoje só a dor
E amanhã serei apenas
Natureza morta

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