sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Palhaço

Palhaço
Cara pálida
Nariz vermelho pintado
Meio desajeitado
Cabelo emaranhado
Olhos marcados
E um sorriso forçado
Atrás de tanta maquiagem
Existe alguém que também quer sorrir

No palco
Ou num retrato
O que há de engraçado?!

Entre um intervalo e outro
Ali está pra te alegrar
Coberto de retalhos coloridos
Todos bem costurados
Ajeita suas calças frouxas
A espera de um riso seu
Anda de um lado para o outro
Pra chamar sua atenção
Dos seus lábios arrancar um sorriso
E sentir a boca sonhar toda vez que vê

Um mero palhaço
Desequilibrado
Num banquinho sentado
Coça a cabeça
Um ar de preocupado
Ninguém percebe que ele brinca
Por causa da sua dor
E continua a fazer tanta gente rir
Por simples disfarçe
Que esconde a sua infelicidade

Grande palhaçada
Faz um palhaço caminhar a longo prazo
Passos curtos com sapatos largos
Tropeça e cai, fazendo uma multidão sorrir

Em seu rosto escorre uma lágrima desenhada
Seu machucado parece não secar
Diante de uma imensa platéia
Gargalhadas ensurdecedoras
Sua graça o envergolha
Enchendo sua bagagem de constrangimentos
Alimento que o sustenta e faz seguir
Na esperança de um dia sorrir

Apenas um palhaço
Um palhaço muito diferente
Mas, no fim das contas, um palhaço

Um comentário:

Unknown disse...

... Bem oportuno o tema. Afinal, no circo brasil, o palhaço somos nós que bancamos a troika...

Em compensação, seus textos comprovam que nem tudo é mediocridade; que há vida no pais dos petralhas...

Sucesso, deusa amiga!