Palhaço
Cara pálida
Nariz vermelho pintado
Meio desajeitado
Cabelo emaranhado
Olhos marcados
E um sorriso forçado
Atrás de tanta maquiagem
Existe alguém que também quer sorrir
No palco
Ou num retrato
O que há de engraçado?!
Entre um intervalo e outro
Ali está pra te alegrar
Coberto de retalhos coloridos
Todos bem costurados
Ajeita suas calças frouxas
A espera de um riso seu
Anda de um lado para o outro
Pra chamar sua atenção
Dos seus lábios arrancar um sorriso
E sentir a boca sonhar toda vez que vê
Um mero palhaço
Desequilibrado
Num banquinho sentado
Coça a cabeça
Um ar de preocupado
Ninguém percebe que ele brinca
Por causa da sua dor
E continua a fazer tanta gente rir
Por simples disfarçe
Que esconde a sua infelicidade
Grande palhaçada
Faz um palhaço caminhar a longo prazo
Passos curtos com sapatos largos
Tropeça e cai, fazendo uma multidão sorrir
Em seu rosto escorre uma lágrima desenhada
Seu machucado parece não secar
Diante de uma imensa platéia
Gargalhadas ensurdecedoras
Sua graça o envergolha
Enchendo sua bagagem de constrangimentos
Alimento que o sustenta e faz seguir
Na esperança de um dia sorrir
Apenas um palhaço
Um palhaço muito diferente
Mas, no fim das contas, um palhaço
Um comentário:
... Bem oportuno o tema. Afinal, no circo brasil, o palhaço somos nós que bancamos a troika...
Em compensação, seus textos comprovam que nem tudo é mediocridade; que há vida no pais dos petralhas...
Sucesso, deusa amiga!
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