sábado, 8 de junho de 2013

EU GOSTO DE RAY CHARLES, ROBERTO CARLOS E ABARÁ

Ontem choveu muito numa noite mal dormida. E hoje acordei escutando Ray Charles. O sol raiou num céu azul sobre a capela F. Voltei a ser menino de pés descalços. Voltei a ser bebê frágil, precisando do seu colo para eu deitar. E agora, quem vai reclamar comigo toda vez que eu errar? E quando não restar mais ninguém, quem irá cuidar de mim? Já sinto saudade. Antes eu apenas sentia falta do costume, e chamava isso de saudade. Mas hoje sei o que é a saudade eterna, o que sinto agora que chega apertar no meu peito e me falta o ar. Essa falta eu não vou me acostumar, sei que não vou. Levantei por um instante os meus olhos para o céu que rapidamente se encheu de nuvens, e choveu lágrimas em tantos olhos. São momentos assim que a gente percebe tantas coisas. Por que ninguém é tão forte quanto parece ser.  E o meu olhar que era forte, hoje é um olhar que chora. Por que será que a gente tem o péssimo hábito de deixar pra fazer depois o que podemos fazer sempre. Queria mais tempo, queria te ter entre nós por mais tempo, só mais um pouquinho de tempo, nem que fosse um segundo a mais. Eu quero o meu abará que só você sabe fazer. Quero te ver xingando todo mundo por aí. Quero tudo, o bom e o ruim, as qualidades e os defeitos. Quero o amor mais sincero, o meu herói, o meu ídolo, o meu exemplo, o meu orgulho. Aquele que sempre conduziu tudo tão bem, de um jeito tão especial. Quero tudo de volta pra mim, quero você de volta, então volta. 

Só agora entendo todas às vezes que Roberto Carlos cantou  "Eu sei que vou chorar... A cada ausência tua eu vou chorar... Eu sei que vou sofrer... A eterna desventura de viver... À espera de viver ao lado teu... Que eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida". Eu sei, eu sei... Não consigo controlar os olhos que se enchem d’água neste momento,  o caixão se fecha, é aí que a gente pensa que nunca mais irá ver aquele sorriso no olhar novamente. Mas ainda tenho a esperança que me conforta agora de que a alma não morre jamais. E aqui dentro chove muito mais forte, tantas lembranças, tantos momentos bons e bem vividos, tantas emoções, por que sempre existiu algo mágico entre nós. Eu gosto de Ray Charles, Roberto Carlos e Abará.



Texto: Laila Guedes

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