sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sem Chão 04

Por quantas vezes
Eu me sentir correr sozinha
Só por não te ver sorrindo
Me afastei na sua distância
Sem intenção, sem pretensão, uma mágoa

Por quantas vezes
Você me fez partir
Só por não conseguir me ver
Por orgulho, partiu e seguiu
Sem mim, sem nós, num fim

Por quantas vezes
Meus dedos percorreram os traços do seu rosto
Desenhos de uma imagem que criei
Meus olhos não te reconhece
Mas o teu cheiro, eu nunca esqueci
Aroma que completa tudo o que faltava
Todo o meu vazio, todo o meu ser, todo o meu viver

Por quantas vezes irei lembrar
Dos risos mais sinceros
A cama vazia
A falta que me dava
O suor do teu corpo junto ao meu
O seu lugar, o meu lugar, em nós existirá

Por quantas vezes irá se esconder
Saia desse canto escuro
O que te faz ser tão retraído
Do teu lado esquerdo há uma porta
Abra, e deixe-me entrar
Sem medos, sem defesas, permita-se

Por quantas vezes abri os braços
E me lancei ao ar
Sensação do vazio frio
Sem destino, sem pensar, sem certezas do que virá

Por quantas vezes pensei em voltar
Refazer, recomeçar
Construir, desconstruir
Resgatar... não entenderei
Mas confesso sentir algo a mais
O amar já é contraditório no meu gostar

Estou desesperada
Como viverei sem ter você
Se já mergulhei sem o teu abraço
Só me restou o vazio no peito
Entre soluçar quase nem sinto as lágrimas gélitas me tocarem
Não enxergo nada, estou tonta
Eu apenas mais uma, mais uma sem chão

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