segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Canteiro

Sinto o que há em todo ser
De um lado, um jardim de flores brancas
E doutro, um de flores negras

Há aqueles que regam constantemente apenas um lado
Ou encharcam tanto que algumas flores morrem
Ou molha-se tão pouco que elas murcham
As que são regadas na quantidade certa
É como erva daninha
Devastam as outras flores de cor diferente
Será isso coerência ou corrosão?

Há também os que acreditam e pensam
Que das flores negras exalam o aroma do mau
E já das brancas exalam o aroma do bem

Mesmo que ainda tenham flores em seus jardins
Eles ainda caminham pra se achar
Sem sentir, eles pensam
Sem pensar, eles se perdem
E em si mesmo se encontram sem saber
Direi a eles para seguir?

No meu passo a passo vou pisando em jardins
Jardins negros de uma única flor branca
Vagarosamente vejo as flores brancas em extinção
Uma raridade é se ter um jardim todo branco
Quando se deseja mesmo é ter um todo negro

As flores
Os jardins
As cores
Cultivamos o que mesmo?

O bem e o mau
O negro e o branco
Será mesmo que existe tal distinção?
Ou somos todos metade de cada jardim?

Além do devaneio
E se fossemos então
Meio tolos
Meio bobos
Meio loucos
Apenas metade de uma
Metade que não acaba
E mesmo que fossemos jardineiros
Como saberemos plantar
Se nem ao menos sabemos colher

Na quietude
E no silêncio
Tudo está se acelerando
Sinto os aromas se misturarem
Será um desenrolar?

Mas tudo tem seu devido canteiro
E um estranho cheiro de flores
Serás meu o seu interior que exala
Meu plano, meu canteiro
Meu jardim, minha flor

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