quinta-feira, 10 de outubro de 2013

ALVORADA

Pássaros em alvoradas sempre voam muito, com o toque do canto das aves, anunciam o desejo de aumentar o bando, como mais um galho da árvore que brota verde e florido. E de lá nascem lindas flores como a mesma plumagem, dentre muitas outras que ainda virão à brotar. Enquanto outros voam juntos,algumas aves voam de forma apertada e por conta disto se perdem uma das outras. Foi num temporal, um vento forte levou uma das flores para bem longe, num bando meio afrouxado. 

Um lenhador da região encontrou a flor no chão e sem nem perguntar o que ela queria, resolveu trancá-la em uma gaiola por um longo tempo. Ele a queria somente por posse de ter algo tão belo para admirar. Foram em vão as inúmeras tentativas de fuga da flor, que implorava pelo seu lar, mas o lenhador sempre alegava que aos poucos com o tempo todas as outras aves do bando iriam morrer, e por isso não teria tanta importância em voar para tentar um possível reencontro.  O que talvez ele não saiba é que amores de verdade nunca morrem, eles apenas adormecem em sono profundo. E nada adianta aprisionar uma flor, se não sabe regar, cuidar.

Talvez, por este motivo a flor de plumagem alva e colorida nas pontas não murchou completamente. O mesmo vento que a levou trouxe ela de volta ao seu bando, com toda a certeza por um motivo ainda maior. De fato que o lenhador foi um daqueles homens que usam o Machado para derrubar uma árvore, em busca da flor que o encantou. Mas, existem árvores que permanecem apenas pássaros que pousam numa flor e por ali constrói seu ninho minúsculo, porém muito bonito. E, por incrível que pareça, esse pequeno e frágil abrigo resiste ao vento, às chuvas e ao crescimento dos filhotes. 

Texto: Laila Guedes
Imagem que ilustra a coluna no adorável Traços, riscos e rabiscos.

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