sexta-feira, 19 de março de 2010

A Pedra

O meu amor... ah, só ele me faz sentir esse cheiro. O cheio bom da felicidade. Talvez, hoje eu nem me importe tanto que meu amor não me ame o tanto que eu o amo. Ou talvez, seja por ter dúvidas deste amor. Se por tantas vezes, este amor foi volúvel entre eu e outra. Eu e outra. Eu e outra. Eu e outra. Esse som ensudercedor ecoa por minha mente, estremessendo o meu corpo. E cada vez mais está se tornando parte, eu e outra, de mim mesmo.


Estou ensopada de lágrimas, que chego a sentir medo só de pensar em te ler neste momento. Sinto como se minha alma saisse de mim, aquela que sempre escolhe caminhos contrários. Sou refém dela, não sigo as minhas próprias vontades, pois os meus desejos são mais fortes, o meu instinto mais cruel, e é dela que mais temo.


Ao tocar em cada página sinto um tremor, e ainda mais desejo ao vê-la se despir lentamente entrelinhas, versos e melodia. O meu envolto de brancura lúcida me puxa e me arrasta toda vez que tento voltar. Um passo pra trás é uma tortura grande, que ela jamais permitirá que aconteça. Pés foram feitos para se caminhar para frente, mesmo que este caminho seja o reverso do outro que já se foi.


A minha loucura é branda, e imperceptível aos olhos de quem tenta vê-la. Aos olhos de costume e condicionalmente mortos acreditam vêem somente a brandura do meu ser. Ninguém sabe por onde eu ando, com quem eu falo e nem quem eu vejo. Nem mesmo eu saberia se continuasse a querer ver com os mesmos olhos.


Fome, eu sinto pouco, talvez por me acostumar a pouca comida. Mas, de fato, a fraqueza tenta por vez me derrubar toda vez que tento me levantar. E somete por ontem eu comi tanto que o meu remorso me fez expelir brutalmente cada pedaço, desfinhando cada gosto sentido anteriormente.


Ela sente a alegria que eu não sinto. Mesmo eu estando no trono, não sou eu a rainha. Do que importa está onde não se está? Sentir o que não se senti? Mas, mesmo assim, ter que viver morrendo aos poucos, fingindo ser quem eu nem sou. Ela é maior e não cabe em mim, é instigante as minhas dúvidas. Por que ela me escolheu? (se é que teve opção de escolhas).


Aquele pedido me arrancou tudo e me levou a loucura. Agora não tenho nada, sou um nada, não quero nada, nem mesmo a misericódia de quem não me ama. Estou mesmo cansada em tentar dizer o que eu nunca consigo dizer. Só por dizer o que quero dizer sem conseguir dizer o que tenho a dizer. Apenas dizer, num simples dizer que não tenho mais nada a dizer, a não ser que...


Estranhamente estou esperando chegar a miséria. Poder ver onde tudo isso irá chegar. Estou perdida em mim. E minha condenação perpétua. Seria essa minha mania meio sofredora? De querer e não querer. Sou mesmo uma interrogação sempre pronta para se posicionar no final de cada frase da outra. Eu e outra... eu e Outra! E somente Outra. Sempre Outra. Seria isto o que se perde num dia inteiro. Entre água e fogo, sinto-me perdidamente oca. O quanto tão pouca sou um pouco mais da outra. Deleitar-me-ei nos teus braços gelados?

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